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Publicada em 25 de Agosto de 2025 às 00:25

Mapa Econômico do RS aponta oportunidades para Serra, Hortênsias, Vales do Paranhana e do Caí

Mapa Econômico aponta oportunidades para Serra, Hortênsias, Vales do Paranhana e do Caí

Mapa Econômico aponta oportunidades para Serra, Hortênsias, Vales do Paranhana e do Caí

Diagramação/JC
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Ana Stobbe e Eduardo Torres
1. Turismo com mais valor agregado
1. Turismo com mais valor agregado
Entre o turismo de experiências e de luxo, o polo turístico concentrado entre a Serra e a Região das Hortênsias, com três dos principais roteiros para atração de visitantes no Rio Grande do Sul, tem oportunidade para retomar os números anteriores à pandemia, com ampliação do tíquete médio do turista na região. Em toda a macrorregião, estão 1,5 mil (30%) dos estabelecimentos turísticos do Rio Grande do Sul. Em Gramado, onde se concentram 23% destes locais, uma medida do governo local, suspendendo novas licenças para hotéis e restaurantes, reflete-se na retomada de valores médios da rede hoteleira e gastronômica por visitante. Por outro lado, roteiros como o Vale dos Vinhedos, os cânions e o turismo em contato com a natureza no Vale do Paranhana atraem investimentos. Lideranças apontam a expansão do turismo como grande oportunidade de desenvolvimento.
Cidades: Bento Gonçalves, Garibaldi, Gramado, Canela, Nova Petrópolis, Três Coroas, Caxias do Sul, Cambará do Sul, Igrejinha
2. Vinhos, produtos zero álcool e sucos de uva
Os vinhos e espumantes da Serra Gaúcha estão entre os principais produtos da região, mas são os sucos integrais, orgânicos ou não, que respondem por pelo menos 60% das vendas das empresas e cooperativas da região. Em um mercado cada vez mais exigente de bebidas com redução de teor alcoólico, a qualificação do suco ganha destaque na produção e no investimento industrial na região. Conforme o Sistema de Declarações Vinícolas (Sisdevin) do Estado, em 2024, foram colhidas 254 milhões de uvas entre os cinco maiores municípios produtores na região, com a produção de 68 milhões de litros de sucos, mais de 100 milhões de litros de vinhos e 10 milhões de litros de espumantes.
Cidades: Caxias do Sul (uva, espumante, vinho), Bento Gonçalves (uva, suco, espumante, vinho), Farroupilha (uva, suco, vinho), Flores da Cunha (uva, suco, espumante, vinho), Garibaldi (uva, espumante, vinho), Campestre da Serra (vinho), São Marcos (suco), Monte Belo do Sul (suco), Pinto Bandeira (espumante), Canela (vinho)
3. O maior polo metalmecânico do RS
O polo metalmecânico, que concentra pelo menos 4,5 mil indústrias entre a Serra e o Vale do Caí, tem em 2025 um novo desafio com o tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos. O setor é forte em exportações, com boa parte do volume vendido aos EUA. O polo, que inclui setores da borracha, máquinas e equipamentos agrícolas, utensílios e automobilístico, conta com empresas líderes no mercado, como a Marcopolo, a Tramontina e a Randoncorp, que se tornaram multinacionais com raízes na Serra. Uma das estratégias adotadas é fortalecer outros mercados internacionais onde já estão presentes, com a possibilidade de evitar o caminho direto de produtos entre o Brasil e os Estados Unidos.
Cidades: Caxias do Sul, Montenegro, Farroupilha, Nova Prata, Garibaldi, Carlos Barbosa, Flores da Cunha, São Marcos, Veranópolis
4. Cadeia madeireira e indústria moveleira da Serra
A cadeia produtiva estabelecida entre os Campos de Cima da Serra, a Serra, Hortênsias e o Vale do Caí viveu, nos meses pós-cheia, em 2024, um ciclo positivo com a reconstrução do Rio Grande do Sul. Em Bento Gonçalves, os índices positivos de empregos estavam concentrados na indústria moveleira e, na região com maior área de florestas plantadas de pinus no Rio Grande do Sul, este momento refletia-se com estabilidade na produção. Entre os principais parceiros da produção de móveis e de produtos madeireiros, porém, estão os EUA. Conforme o Sindimóveis são 300 empresas na região, com 5,6 mil pessoas empregadas.
Cidades: Bento Gonçalves (móveis), Pinto Bandeira (móveis), Santa Tereza (móveis), Flores da Cunha (móveis), Garibaldi (móveis), Gramado (móveis), Tupandi (móveis), Bom Princípio (móveis); São Francisco de Paula (madeira), Cambará do Sul (madeira), Bom Jesus (madeira), São José dos Ausentes (madeira), Jaquirana (madeira)
5. Polo calçadista em recuperação
Esteve justamente no Vale do Paranhana, onde se concentra o segundo maior polo calçadista do Rio Grande do Sul, o maior volume de CNPJs diretamente atingidos pela cheia em 2024, chegando a 25% das empresas da região. Entre o Vale do Paranhana, a Serra e a região das Hortênsias, são 165 empresas calçadistas, com 22,7 mil trabalhadores. No ano passado, foram 40 milhões de pares exportados produzidos pelas empresas do Vale do Paranhana, tendo 21% das suas exportações para os EUA.
Cidades: Parobé, Nova Petrópolis, Igrejinha, Três Coroas, Farroupilha, Rolante, Canela
6. Capital da moda inverno quer ganhar outras estações
A tradição das malharias entre a Serra, Hortênsias e o Vale do Paranhana concentra 533 malharias e confecções, que agora investem para ganhar o mercado nacional. Considerada a capital da moda inverno, Farroupilha tem investimentos, por exemplo, da Biamar, que investe no desenvolvimento de matérias-primas mais leves, com o tricô dedicado a peças que vistam em qualquer estação e região brasileiras. A Anselmi também projeta uma nova indústria no município, que receberá um aporte de R$ 80 milhões.
Cidades: Caxias do Sul, Farroupilha, Nova Petrópolis, Igrejinha, Três Coroas, Taquara, Gramado
7. Polo químico quer atrair cadeias produtivas
Iniciaram as instalações de três indústrias no Polo Químico de Montenegro, no Vale do Caí, onde já opera uma indústria de cimentos e mais uma segue em negociação para instalação. O município conta também com o fortalecimento da Tanac, tradicional indústria de processamento de taninos. O projeto de polo conta com mobilização do Sindquim e do InvestRS, na busca pela atração de empresas que preencham lacunas importantes na cadeia produtiva química para os setores industriais gaúchos. Entre os trunfos do local, que tem 600 hectares disponíveis, está a logística, com a possibilidade de rota hidroviária, a partir do Polo Petroquímico de Triunfo, vizinho do novo polo.
Cidade: Montenegro
8. Conservas e rações exploram novos mercados
Desde a década de 1920 a tradicional Oderich, de São Sebastião do Caí, abre portas no Exterior, chegando a comercializar 45% da sua produção de conservas com outros países, especialmente na África e Oriente Médio. Também no Vale do Caí, a produção de doces e conservas avança com investimentos na produção e ganha mercados na América Latina. Em Garibaldi, na Serra, a produção de rações já é o setor com maior volume de exportações entre as empresas locais. As refeições premium para pets, tendo 90% da matéria-prima local, ganham mercados na América do Sul.
Cidades: Tupandi, São Sebastião do Caí, Garibaldi, Nova Pádua, Antônio Prado, Caxias do Sul 
9. A recuperação do setor aviário
Mesmo com leve alta de 3% nos abates de frangos no Rio Grande do Sul no primeiro semestre de 2025, em Montenegro, o volume de exportações não chegou a US$ 1 milhão nos primeiros sete meses do ano, em Farroupilha, município líder na produção de ovos no Rio Grande do Sul, a queda nas vendas externas foi superior a 35% no período. Resultado do foco de gripe aviária detectado em maio em uma granja comercial de Montenegro. Mesmo com o fim das medidas restritivas sanitárias um mês depois, ainda há barreiras comerciais na China, por exemplo, que representam um desafio para o setor nos próximos meses. O desenvolvimento genético de aves, abates e criação de ovos têm 44% da sua produção no Estado concentrados entre a Serra e o Vale do Caí.
Cidades: Farroupilha (frangos, frigorífico, ovos), Salvador do Sul (frangos, ovos), Alto Feliz (frangos, ovos), Morro Reuter (frangos, ovos), Vacaria (frangos, ovos), Garibaldi (frigorífico), Caxias do Sul (frigorífico), Montenegro (frigorífico), São Sebastião do Caí (frigorífico)
10. Laticínios de olho nos novos gostos do consumidor
Está na Serra uma das principais bacias leiteiras do Rio Grande do Sul, e neste ambiente, cooperativas tradicionais como a Santa Clara, de Carlos Barbosa, e Piá, de Nova Petrópolis, encontraram terreno fértil. E para seguirem competitivas, apostam em muito trabalho de laboratório, para desenvolvimento de produtos, e de pesquisas de mercado, para entender as novas tendências do consumo. Produtos como whey, zero lactose ou com maior concentração de cálcio, além de subprodutos da produção de leite, estão cada vez mais presentes nas linhas de produção local.
Cidades: Carlos Barbosa (leite, laticínio), Vacaria (leite), Farroupilha (leite), São Francisco de Paula (leite), Ipê (leite), Bento Gonçalves (laticínio), Boa Vista do Sul (laticínio), Nova Petrópolis (leite, laticínio), Taquara (laticínio)
11. Moinhos apostam na força do trigo gaúcho
A produção de trigo gaúcho não está concentrada na Serra, mas a região conta com quatro grandes moinhos, que respondem por pelo menos metade da farinha produzida no Rio Grande do Sul. A importação da matéria-prima chegou a ser reduzida a 20% nos últimos anos, com o fortalecimento do trigo do Rio Grande do Sul. Agora, o setor estimula a oportunidade do cultivo de plantas especializadas para a panificação, e por isso, investem na variação da produção, especialmente em biscoitos e massas no Rio Grande do Sul.
Cidades: Caxias do Sul, Antônio Prado, Bento Gonçalves, Vacaria
12. Morango “do amor” e pomares de maçã
Em alta no mercado, a partir das tendências na internet, os morangos disputam agora com as maçãs um lugar nas vendas para a produção dos morangos do amor, ou da mais tradicional maçã do amor. A macrorregião concentra as principais áreas de cultivo das duas frutas no Rio Grande do Sul. Então, essa tendência por aqui não é brincadeira, é oportunidade de negócio e aumento na demanda. No caso dos morangos, o reflexo se dá na alta dos preços pela diminuição da oferta a partir da safra, e nas maçãs, os pomares passam por uma transformação, com o plantio de espécies mais viçosas ao consumidor. É a forma de tornar os frutos daqui mais competitivos tanto no mercado nacional quanto em novos mercados externos.
Cidades: Bom Princípio (morango), Ipê (morango), Caxias do Sul (morango, maçã), São Sebastião do Caí (morango), Vacaria (morango, maçã), Bom Jesus (maçã), São Francisco de Paula (maçã), Monte Alegre dos Campos (maçã)
13. A produção de hortifrutigranjeiros
Estão entre a Serra, os Campos de Cima da Serra e o Vale do Caí algumas das principais lavouras de frutas e legumes do Estado, que garantem, por exemplo, a maior fatia de participação entre os produtos comercializados na Ceasa. À exceção dos Campos de Cima da Serra, foram pelo menos 1,3 mil propriedades rurais atingidas diretamente pela inundação de 2024. Chegando a 31,5% da zona rural de Pareci Novo, por exemplo, ou de 40% em Cotiporã. Mesmo no período crítico, as regiões seguiram abastecendo o mercado de alimentação especialmente da Região Metropolitana.
Cidades: Montenegro (bergamota, laranja), Pareci Novo (bergamota), São José do Sul (bergamota, laranja), Harmonia (bergamota, laranja), São José do Hortêncio (bergamota, laranja), Tupandi (laranja), Pinto Bandeira (pêssego), Farroupilha (pêssego), Caxias do Sul (pêssego, tomate, milho e ameixa), Antônio Prado (pêssego, ameixa), Campestre da Serra (pêssego, ameixa), São Francisco de Paula (tomate), Nova Bassano (tomate), São Marcos (tomate), Nova Pádua (tomate), Vacaria (milho, feijão), Muitos Capões (milho, feijão), Bom Jesus (milho, feijão), Esmeralda (milho, feijão), Rolante (feijão), Farroupilha (ameixa), Ipê (ameixa)
14. Entre duplicações, gargalos e um novo aeroporto
Se a Serra Gaúcha concentra uma das principais áreas industriais do Rio Grande do Sul, é também diretamente prejudicada pelos gargalos logísticos que reduzem a competitividade da produção local. Enquanto o custo logístico em qualquer região do País é considerado de até 17%, na Serra este volume é de 21%. Não está no horizonte, por exemplo, a duplicação da BR-116 neste trecho. Por outro lado, a concessionária CSG, depois de revisar seus projetos após as cheias, pretende iniciar em 2026 o primeiro pacote de duplicações de rodovias no chamado Bloco 3 de estradas estaduais. Outros mais de R$ 500 milhões são investidos pelo Estado em recuperação de rodovias atingidas pela calamidade. Foi incluído no PAC, com recursos federais, a construção do novo aeroporto de Vila Oliva, em Caxias do Sul, que garantiria uma alternativa importante ao fluxo de passageiros e até de cargas na região, com aportes previstos de R$ 270 milhões.
No Vale do Caí, a presença do terminal Santa Clara é um diferencial hidroviário para que o polo químico prospere em Montenegro.
Cidades: Bento Gonçalves (rodovia), Santa Tereza (rodovia), Bom Princípio (rodovia), Feliz (rodovia), Caxias do Sul (aeroporto, rodovia), Antônio Prado (rodovia), São Vendelino (rodovia), Farroupilha (rodovia), Carlos Barbosa (rodovia), Montenegro (hidrovia)
15. Inovação e universidades
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) avança no projeto para um campus universitário em Caxias do Sul. Enquanto isso, o Instituto Hélice aposta na inteligência artificial e busca conectar instituições de ensino superior com o mercado a partir de iniciativas voltadas à inovação.
Cidades: Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Vacaria, Uergs, São Sebastião do Caí
16. Saúde em expansão
Estão em Caxias do Sul dois dos quatro melhores hospitais do Rio Grande do Sul, conforme levantamento da Revista Newsweek. Está no município o segundo melhor complexo hospitalar da rede Unimed no Brasil, e o Pompéia Ecossistema de Saúde, que é referência tecnológica no Estado. Pois agora este know-how avança pela região, com a construção de uma unidade prime do Pompéia em Canela que vai aliar saúde de ponta e turismo.
Cidades: Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Canela

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