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Publicada em 17 de Agosto de 2025 às 00:25

A química para movimentar a economia da Serra do RS

Há 70 anos em Montenegro, Tanac investirá R$ 110 milhões em 2025

Há 70 anos em Montenegro, Tanac investirá R$ 110 milhões em 2025

/Tanac/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
A produção da Tanac, em Montenegro, no Vale do Caí, mesmo fora do terreno destinado ao chamado Polo de Química desenhado para o município, é possivelmente a melhor vitrine para a atração de novas empresas do setor para a região. Estabelecida na cidade há mais de 70 anos, a empresa, que nos últimos anos havia expandido para áreas de produção florestal, passa por uma reestruturação voltada à sua vocação inicial: a produção de taninos extraídos da acácia negra.
A produção da Tanac, em Montenegro, no Vale do Caí, mesmo fora do terreno destinado ao chamado Polo de Química desenhado para o município, é possivelmente a melhor vitrine para a atração de novas empresas do setor para a região. Estabelecida na cidade há mais de 70 anos, a empresa, que nos últimos anos havia expandido para áreas de produção florestal, passa por uma reestruturação voltada à sua vocação inicial: a produção de taninos extraídos da acácia negra.
E vem deste produto uma amostra da multiplicidade da produção química.
"O tanino é como um bombril. Sempre que investimos em mais pesquisas, encontramos novas utilidades. E sempre são produtos que atendem à agenda do bem, com produção limpa e que substituem outros produtos não naturais", explica o presidente da Tanac, Luciano Valcarenghi.
Não à toa, a empresa investe R$ 110 milhões este ano.
O produto já está presente em cadeias produtivas do couro e do tratamento de água e efluentes, por exemplo. Agora, avança em novos produtos comerciais como o Tanfeed, que é usado como agente imunizante na produção animal, juntamente com a ração. Em granjas, por exemplo, o uso do tanino na nutrição animal reduziu em 6% o índice de quebras de ovos.
Há ainda o chamado Tanfert, que é um fertilizante orgânico, com melhora, por exemplo, na produtividade da soja.
"Em situações de estresse hídrico, como temos vivido no Rio Grande do Sul, ele entrega mais produtividade e absorção de nutrientes do que outros produtos", garante o dirigente.
A indústria química de Montenegro investe ainda nos testes, em pleno Mar do Norte, na costa da Escócia, do uso do tanino como produto essencial para a filtragem da água com óleos nas plataformas da Petrobras.
"Hoje exportamos nossos produtos à base de tanino para 60 países, e temos o objetivo de ganhar cada vez mais mercados, por isso não deixamos de investir em pesquisa e desenvolvimento, que é a essência da indústria química", explica Valcarenghi.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Químicas do Rio Grande do Sul (Sindiquim), Maurício Fontana, o Polo Químico em Montenegro tem um papel estratégico para solucionar gargalos do Estado e do País. Empresas que produzem metanol, fertilizantes e dióxido de titânio (base para tintas industriais e metalmecânicas), por exemplo, aponta o dirigente, seriam bem-vindas para o desenvolvimento de cadeias essenciais para a economia da região.
"É um ativo em plena expansão. Agora, com a Invest RS, o nosso polo ganha condições de ser vendido para o mundo todo. Diferente de outras regiões e polos, em Montenegro temos facilidades logísticas, com o terminal hidroviário já usado pelo Polo Petroquímico e a facilidade da proximidade com este polo, vizinho, em Triunfo, para garantir complementaridade na produção", diz Fontana.
O projeto começou a ser idealizado durante o governo José Ivo Sartori, como uma extensão do Polo Petroquímico.
"Havia uma necessidade de garantir a cadeia química, principalmente de terceira e quarta geração. E temos conseguido avanços importantes", conta o diretor do sindicato e ex-presidente, Newton Battastini.
Atualmente, há três empresas já instaladas ou em fase de estruturação na área: Hipermix (cimento), Traçado (asfalto) e Sulboro (fertilizantes produzidos a partir do boro). E há ainda uma quarta empresa em fase de análise do polo para a sua instalação. Restam 600 hectares disponíveis para ocupação com indústrias químicas.

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