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Publicada em 26 de Agosto de 2025 às 20:19

A expansão do enoturismo e o desenvolvimento da Serra Gaúcha

Turismo de experiência em vinícolas gaúchas atrai cada vez mais visitantes de fora do Rio Grande do Sul

Turismo de experiência em vinícolas gaúchas atrai cada vez mais visitantes de fora do Rio Grande do Sul

AUGUSTO TOMASI/COOPERATIVA VINÍCOLA GARIBALDI/DIVULGAÇÃO/JC
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Guilherme Kolling
Guilherme Kolling Editor-chefe
A cada edição do Mapa Econômico do Rio Grande do Sul, projeto do Jornal do Comércio que está em sua terceira temporada percorrendo as diferentes regiões do solo gaúcho, reafirma-se in loco a diversidade das cadeias produtivas nas diferentes partes do Estado.
A cada edição do Mapa Econômico do Rio Grande do Sul, projeto do Jornal do Comércio que está em sua terceira temporada percorrendo as diferentes regiões do solo gaúcho, reafirma-se in loco a diversidade das cadeias produtivas nas diferentes partes do Estado.
Não há uma só região que seja homogênea em toda a sua matriz econômica: todas reúnem diferentes atividades que concorrem para o desenvolvimento.
A Serra Gaúcha é um caso emblemático para ilustrar essa diversidade da economia gaúcha, com múltiplas iniciativas relevantes. Além de sediar o maior polo metalmecânico do Rio Grande do Sul – com 4,5 mil empresas distribuídas por diversos municípios, incluindo indústrias gigantes multinacionais nascidas ali –, é também sede de um forte setor moveleiro e de uma importante cadeia industrial de alimentos e bebidas.
Esse é o terceiro especial do Mapa Econômico em 2025, com desafios e oportunidades ao desenvolvimento das Regiões da Serra, Campos de Cima da Serra, Hortênsias, Vale do Caí, Vale do Paranhana e Encosta da Serra. Outros nichos ainda poderiam ser citados quando se fala em fábricas na Serra, mas cabe aqui uma menção especial à produção vitivinícola, tradição que tem origem na imigração italiana, que por sinal está completando 150 anos no Rio Grande do Sul em 2025.
Para além da produção de sucos de uva, vinhos e espumantes, tem crescido exponencialmente nas últimas décadas o enoturismo, isto é, a atração de visitantes que buscam experiências relacionadas à produção e à apreciação de vinhos.
Não por acaso, uma das convergências entre os painelistas e as mais de 150 lideranças regionais que participaram do painel do Mapa Econômico do RS em 7 de agosto na Câmara de Indústria e Comércio (CIC) de Garibaldi é que o turismo pode se tornar a grande oportunidade de desenvolvimento econômico da Serra Gaúcha.
Há consenso de que há possibilidade de expansão no número de visitantes, especialmente nesta parte do solo gaúcho.
A Região das Hortênsias, com Gramado e Canela, já é uma realidade como grande polo turístico do Brasil há décadas, atraindo milhões de visitantes por ano, e segue crescendo e atraindo grandes investimentos.
Paralelamente, a indústria do turismo avança também na Serra, especialmente na Região do Vale dos Vinhedos, em uma sintonia entre a evolução gradual na produção de vinhos e espumantes, bem como na multiplicação de vinícolas locais.
Há diferentes formas e nichos para o turismo crescer, com multiplicação de empreendimentos em variados setores da economia. Mais uma vez, o caso da produção vitivinícola é exemplar, por reunir múltiplas atividades: faz parte do agronegócio na produção de uvas, fomenta a indústria com a fabricação de vinhos e espumantes, e impulsiona o setor de serviços com toda a cadeia do turismo, passando pela visitação a vinícolas, além de movimentar vários empreendimentos como hotéis e restaurantes.
Nesse cenário, surgem também os desafios, como a carência de mão de obra, problema que assola diferentes regiões do Rio Grande do Sul. O mercado de trabalho segue aquecido e, apesar das cheias de 2024, todas as regiões retratadas neste capítulo do Mapa Econômico do RS ampliaram o número de vagas formais de trabalho, a exceção da Região das Hortênsias, notadamente afetada pelo fechamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no ano passado, trazendo adversidades para a vinda de turistas de fora do Estado.
A infraestrutura, por sinal, segue sendo um grande gargalo, tanto para a indústria escoar sua produção, quanto para alavancar o turismo. Há consenso de que a duplicação de rodovias no caminho entre Porto Alegre e a Serra, bem como um novo aeroporto em Caxias do Sul são fatores decisivos para alavancar o turismo e tirar essa oportunidade do papel.
Os eventos climáticos extremos e a sequência de estiagens no Rio Grande do Sul nos últimos anos também provocam efeitos na economia. O setor vitivinícola busca respostas para mitigar essa adversidade com tecnologia. A indústria dessa região, que é forte em exportações, enfrenta ainda um novo desafio, o tarifaço de 50% dos Estados Unidos a produtos brasileiros, problema que está na agenda atual, por envolver esse importante mercado.
São temas centrais na agenda do desenvolvimento das Regiões da Serra, Campos de Cima da Serra, Hortênsias, Vale do Caí, Paranhana e Encosta da Serra, que esta terceira edição do Mapa Econômico do RS de 2025 aprofunda.
O resultado é um panorama das diferentes cadeias produtivas, mostrando janelas de oportunidades para estimular o desenvolvimento e caminhos para superar desafios. Mais do que isso, a iniciativa busca, com jornalismo de dados, cruzar informações e criar novos indicadores sobre o presente da economia gaúcha, permitindo mais precisão no planejamento do futuro do Estado.
Seguiremos, até o fim deste ano, percorrendo o Rio Grande do Sul em novos encontros com lideranças regionais, produzindo mais dois conteúdos especiais sobre as demais macrorregiões.
Depois de termos passado por Bagé (macrorregião Sul), Lajeado (macrorregião Central) e Garibaldi (macrorregião Serra), o cronograma prevê o próximo evento para o início de outubro em Cruz Alta, para identificar as transformações nas Regiões Norte, Noroeste Colonial, Fronteira Noroeste, Missões, Celeiro, Médio Alto Uruguai, Nordeste, Produção, Alto da Serra do Botucaraí, Rio da Várzea e Alto Jacuí.
O Mapa Econômico do RS fecha o ciclo de debates em novembro, com um painel em Porto Alegre, em que discutiremos as Regiões Metropolitana, Vale do Sinos e Litoral.
Até lá, seguiremos publicando novas informações sobre a economia das regiões do Rio Grande do Sul, como fazemos nesta edição sobre a macrorregião Serra. Boa leitura!

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