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Publicada em 07 de Agosto de 2025 às 18:44

Potencial do turismo e problemas de infraestrutura marcaram evento do Mapa Econômico do RS em Garibaldi

Evento foi realizado na Câmara da Indústria e Comércio de Garibaldi

Evento foi realizado na Câmara da Indústria e Comércio de Garibaldi

TÂNIA MEINERZ/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
De Garibaldi
De Garibaldi
Garibaldi recebeu na tarde-noite desta quinta-feira, 7 de agosto, a terceira edição de 2025 do Mapa Econômico do RS, projeto do Jornal do Comércio que faz um mapeamento econômico do Estado, representando a Região da Serra. O encontro foi realizado na Câmara da Indústria e Comércio do município e reuniu diversas lideranças, que debateram os desafios e oportunidades para o desenvolvimento das Regiões da Serra, das Hortênsias, Campos de Cima da Serra, Vale do Caí e Vale do Paranhana e Encosta da Serra.
Os problemas na logística e a questão climática foram apontados como entraves ao crescimento, enquanto o turismo foi destacado como grande oportunidade de expansão regional.
O editor-chefe do JC, Guilherme Kolling, foi o mediador do painel, que contou com as participações de Neco Argenta, presidente do Grupo Argenta; Maria Anselmi, fundadora e CEO da Malharia Anselmi; e Oscar Ló, presidente da Cooperativa Garibaldi.
"A economia da Serra é muito rica, tem uma diversidade muito grande. O Rio Grande do Sul, nas suas regiões, tem uma economia muito diversa. Fazer esse mapeamento é desafiador, mas esse trabalho está em linha com o que fazemos no Jornal do Comércio", explicou Kolling.
Neco Argenta destacou o potencial do enoturismo para o desenvolvimento da região | TÂNIA MEINERZ/JC
Neco Argenta destacou o potencial do enoturismo para o desenvolvimento da região TÂNIA MEINERZ/JC
Primeiro a falar, Argenta lamentou que o Rio Grande do Sul ficou para trás em infraestrutura em relação a outros estados. Ele citou a falta de rodovias duplicadas entre Porto Alegre e Bento Gonçalves e Caxias do Sul. "Aí é que está o gargalo. A união que devemos ter é não olhar só o seu município. Precisamos olhar para a logística, precisamos ter um bom aeroporto porque os turistas não chegam", afirmou.
O presidente do Grupo Argenta ressaltou o potencial do enoturismo para a região, e disse acreditar que no futuro será possível atrair visitantes do exterior também para visitar a região. "Temos potencialidade enorme, nossa região tem muito para crescer, há um espaço enorme no enoturismo", projetou.
Maria Anselmi, fundadora e CEO da Malharia Anselmi contou que, quando começou a empresa, há 45 anos, não tinha dinheiro e nem experiência e enfrentou períodos de inflação a 70% ao mês. "Hoje, a Anselmi é uma marca referência. Tivemos uma caminhada de muita luta, de trabalho, de seriedade, de tentar colocar as pessoas em primeiro lugar, fazendo um bom produto e colocando o cliente em primeiro lugar. Me perguntam qual a virada de chave da Anselmi: não teve, o que houve foi uma caminhada de querer sempre fazer um produto bacana com preço justo", pontuou Maria. 
Apesar do atual cenário político e econômico que o Brasil atravessa, o que inclui a guerra comercial com os EUA, a Anselmi está expandindo, com investimento uma nova fábrica na Serra.
Maria Anselmi falou sobre a trajetória da Malharia Anselmi para se tornar referência no setor | TÂNIA MEINERZ/JC
Maria Anselmi falou sobre a trajetória da Malharia Anselmi para se tornar referência no setor TÂNIA MEINERZ/JC
Em sua fala, Oscar Ló abordou a transformação do setor vitivinícola nos últimos anos. O segmento faturou em torno de R$ 6 a R$ 7 bilhões no ano passado, que representa cerca de 1% do PIB gaúcho. "Embora o setor seja economicamente pequeno, tem grande importância social por manter essas 12 mil famílias em atividade”, destacou.
Ele citou a questão climática como um dos desafios para a produção vitivinícola, o que tem levado a Cooperativa Garibaldi a investir em testes de uvas em busca de variedades da fruta mais resistentes.
"Os hábitos de consumo também são um desafio para o setor. A indústria precisa estar atenta aos hábitos. Hoje está voltando o consumo de vinhos brancos e de produtos com menos ou sem álcool. A indústria precisa estar atenta a tudo isso, porque são novos nichos e mercados", complementou.
O dirigente criticou o fato de o vinho, por ser uma bebida alcoólica, ter ficado com um acréscimo na tributação. "O desafio é fazer com que a taxa seja a mais baixa possível, é um desafio que o setor tem que acompanhar", disse Ló. 
O acordo do Mercosul com a União Europeia também é visto com apreensão. "Não temos dúvida que para o Brasil será bom porque vai liberar a circulação de muitas mercadorias, mas para o nosso setor vai liberar a entrada de produtos aqui. Temos condições de sermos competitivos, mas a Europa subsidia muito a produção vinícola deles. Não estaremos concorrendo de forma igual, estaremos concorrendo com subsídio", complementou.
A questão climática é um dos desafios para a produção vitivinícola da Serra, pontuou Ló | TÂNIA MEINERZ/JC
A questão climática é um dos desafios para a produção vitivinícola da Serra, pontuou Ló TÂNIA MEINERZ/JC
Outro problema é a questão do descaminho - de cada 3 garrafas de vinho que vêm da Argentina para o Brasil, 1 é pelo descaminho. Além disso, há casos de falsificação, o que representa um problema de saúde pública. "Não vamos ver só coisas negativas. O nosso setor está apenas começando. Hoje o consumo per capita é 2 litros no Brasil, muito abaixo da Argentina e Europa. Agora que estamos começando a explorar o potencial do enoturismo." 
Os participantes foram unânimes em defender que é preciso trabalhar sem depender do governo federal. "Não há crise que resista ao trabalho, é isso o que temos que fazer agora", concluiu Maria.
O caderno especial que faz o raio-x da região será publicado pelo JC no dia 27 de agosto com o detalhamento de suas vocações produtivas.

Próximos eventos do Mapa Econômico do RS pelo Estado:
9/10 - Cruz Alta
10/11 - Porto Alegre

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