Mesmo presente com calçados de marca própria em mais de 60 países - 70% deles na América Latina e quase zero nos Estados Unidos -, a prioridade da Usaflex, que conta com unidades produtivas em Igrejinha e Parobé no Vale do Paranhana, e ainda duas unidades em Campo Bom e Dois Irmãos, no Vale do Sinos, está no fortalecimento da marca no Brasil. E para isso, são investidos R$ 45 milhões neste ano.
"Estamos aportando R$ 5 milhões em qualificação de maquinário e outros R$ 40 milhões na estratégia de reforço em mídia, especialmente digital. São 180 influenciadoras levando o nome da Usaflex ao mercado", explica o CEO da empresa, Sérgio Bocayuva.
Faz parte de uma estratégia adotada pela empresa desde que foi adquirida pela Axxon Group. Na época, a Usaflex tinha 75% do seu público com mais de 50 anos. Hoje, essa média já foi reduzida para 40 anos.
"Estamos trabalhando muito com franquias, mídia, mais estilo e design", resume o executivo.
A ginasta olímpica Flávia Saraiva, por exemplo, é a garota-propaganda dos calçados Poofy, de injetados voltados ao público mais jovem, e Cláudia Raia é o rosto da linha Usamais, garantindo, segundo Bocayuva, mais competitividade ao produto.
Entre todas as fábricas, a Usaflex tem capacidade produtiva de até 30 mil pares por dia, mas a produção flutua entre 25 mil e 30 mil pares diários. São 1,4 mil pessoas empregadas na planta, ampliada há três anos, em Igrejinha, e outras mil em Parobé.
"O mercado vive um momento de instabilidade, com queda de 15% nas vendas no primeiro trimestre, e isso deve resultar em uma redução no faturamento, de R$ 525 milhões no ano passado, para em torno de R$ 500 milhões em 2025", diz Bocayuva.
Entre as grandes protagonistas da economia de Igrejinha, a Usaflex garante, ao lado da Beira Rio e outras indústrias calçadistas, por exemplo, 63,5% das exportações do município. Diferente dos municípios vizinhos, porém, somente 2,2% do volume exportado pelo município no primeiro semestre de 2025 foi direcionado aos Estados Unidos.
Uma das explicações está na força das marcas locais. Os calçadistas mais prejudicados pelo tarifaço são aqueles que produzem no sistema de private label (calçados produzidos aqui para marcas norte-americanas), que dificilmente conseguem ser inseridos em outros mercados.