A cada mês, saem da planta industrial em Flores da Cunha, na Serra, 220 guindastes móveis e, a partir de outubro, a perspectiva é de que essa capacidade produtiva chegue a 300 equipamentos mensais. Faz parte do plano de expansão da TKA Cranes, líder nacional no mercado de guindastes. A empresa investe na ampliação de mil metros quadrados na sua atual fábrica e outros 5 mil metros quadrados em uma nova unidade na cidade.
"Hoje estamos atuantes em 23 países e lideramos o mercado no Brasil. Com o investimento na nova unidade, queremos ampliar a produção de guindastes veiculares de grande porte para todas as aplicações. Da construção, da eletrificação, da mineração, do agro e do mercado de locações, que hoje absorve a maior parte da nossa produção", aponta o diretor de produtos da empresa, Marco Aurélio Waikamp.
Entre as prioridades do seu plano de expansão, está ainda o crescimento do departamento de peças da empresa, que garante o que Waikamp considera o diferencial da TKA. A empresa planeja ampliar em 30% o seu faturamento em 2025.
"Conhecemos muito bem a engenharia dos produtos, e investimos muito nessa qualidade, não apenas na fabricação. Criamos a universidade do guindaste, para o treinamento e qualificação de mão de obra. É uma vocação da nossa região, e estamos buscando esse ativo de qualidade na engenharia em toda a nossa região. Temos muita preocupação com o pós-venda, que é uma garantia para quem compra os guindastes produzidos aqui em Flores da Cunha", diz o diretor.
Criada há 17 anos, a TKA é um dos exemplos da vocação da produção industrial da Serra Gaúcha no setor metalmecânico e de máquinas e equipamentos. Somente em Flores da Cunha, são 134 empresas associadas ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs). A região é o principal polo metalmecânico do Rio Grande do Sul, e um dos principais do Brasil, com, de acordo com o Simecs, pelo menos 4,5 mil empresas entre 17 municípios e a geração de quase 70 mil empregos.
"É um setor muito variado, com muitos potenciais e alta capacidade para atender a praticamente todas as demandas industriais neste setor. Por isso, o comportamento é muito variado. Em 2025, por exemplo, podemos considerar um ano de recuperação para as máquinas agrícolas e os seus fornecedores, assim como um ano de alta para a produção do transporte coletivo, mas há queda, por exemplo, em implementos rodoviários e autopeças", explica o vice-presidente do Simecs, Rubem Bisi.
Arte/JC
O fato é que a produção metalmecânica da Serra costuma funcionar como um termômetro da indústria gaúcha. Os investimentos da TKA dão um panorama da expansão no setor demandante dos guindastes. E não é exceção. Em Caxias do Sul, por exemplo, a BP Componentes Hidráulicos e Mecânicos, integrante da multinacional italiana Bondioli & Pavesi, que fornece componentes para a produção de máquinas agrícolas, desembolsa R$ 50 milhões na nova sede e modernização fabril.
A empresa passará de 5,5 mil para 14 mil metros quadrados. Nos últimos cinco anos, a empresa triplicou a receita e duplicou o número de funcionários. A partir do segundo semestre do próximo ano, a empresa projeta dobrar o faturamento e elevar o quadro para 200 funcionários. A estimativa de crescimento para este ano é de 15%. A nova planta também deve contribuir no incremento das exportações, hoje centradas em países da América do Sul, como Argentina e Uruguai.
Território fértil para soluções para a indústria
A Magnani investiu recentemente R$ 1 milhão somente para um novo pavilhão
Matheus Magnani/Divulgação/JCSe o potencial do polo metalmecânico garante o avanço da produção de máquinas, veículos, motores ou peças para o mercado, há também território fértil para quem presta o serviço para garantir maior eficiência a essas indústrias. É o caso da Magnani, em Caxias do Sul.
A partir da empresa, que desenvolve projetos de eficiência energética, pelo menos 10 indústrias da Serra Gaúcha aplicaram nos últimos anos projetos desenvolvidos pela Magnani na renovação de motores que garantem a mesma capacidade produtiva com menor custo. E o resultado, garante o CEO da Magnani, Derli Antônio da Silveira, tem demonstrado entre 15% e 20% de maior eficiência energética e produtiva.
"A empresa iniciou há 58 anos como varejista de materiais elétricos. Há pelo menos 15 anos, porém, percebemos que somos uma empresa com um papel de provedora de soluções não somente aqui na Serra. Temos hoje, talvez, a maior gama de aplicações no Rio Grande do Sul, desde o desenvolvimento de novos equipamentos até mudanças em painéis e controles. Hoje temos capacidade para atender a qualquer perfil de cliente que esteja interessado em garantir maior eficiência energética", avalia o executivo.
A eficiência energética é um dos maiores pesos nos custos da indústria. E há ainda o avanço das políticas de ESG, que resultam em valorização no mercado do que é produzido.
"Nosso papel nas indústrias é o de desenvolvermos soluções desde o controle eficiente do uso da energia até a garantia de cada vez melhores aplicações à energia de fonte renovável, com a melhor tecnologia disponível. E como este é um cenário em transformação, nós não podemos parar", explica Silveira.
A Magnani investiu recentemente R$ 1 milhão somente para um novo pavilhão onde desenvolve a montagem e estudos para a aplicação da tecnologia de bateria BESS (Sistema de Armazenagem de Energia em Bateria) a partir do equipamento criado pela WEG. A empresa de Caxias do Sul desenvolve neste pavilhão uma estrutura metálica para envolver a bateria e entregar a solução pronta às indústrias.
"Temos comprovado que este modelo de armazenagem de energia é mais rápido, eficiente e ecologicamente mais limpo do que os tradicionais geradores", conta Derli Antônio da Silveira.
Entre os projetos já aplicados pela Magnani está, por exemplo, a Rota de Caxias do Sul ao Litoral Norte, com carregadores para veículos elétricos. A empresa é pioneira nessa tecnologia e avança no desenvolvimento de projetos para eletropostos no Estado e em São Paulo.