Desde o início de maio deste ano, quando foi confirmado um caso de gripe aviária em uma granja comercial de Montenegro, no Vale do Caí, o setor aviário trabalha na recuperação de mercados, que têm entre a Serra e o Vale do Caí 44% da produção gaúcha. De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura, José Eduardo dos Santos, ainda há algumas restrições ativas, incluindo a China, aos produtos aviários gaúchos.
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Mesmo com o aumento no volume de aves abatidas no Rio Grande do Sul no primeiro semestre do ano, com 405,07 milhões - 3,2% a mais do que no mesmo período de 2024 -, a participação gaúcha nas exportações de carnes de frango reduziu-se em 6,3%. Entre os principais municípios com frigoríficos de aves na região, porém, o impacto nas vendas ao Exterior foi maior. Em Garibaldi, conforme as estatísticas do Ministério do Comércio Exterior, houve redução de 35,2% no volume de exportações de carnes de aves e miudezas entre janeiro e julho deste ano, movimentando US$ 3,6 milhões no período.
Já em Montenegro, onde está uma das principais unidades industriais de abate de aves da JBS no País, os negócios com a carne de frango para fora do Brasil movimentaram menos de US$ 1 milhão no período.
"O setor vinha em recuperação desde 2024, após os casos de Newcastle, quando tivemos esse impacto. O setor, de um modo geral, segue apreensivo. Porque a produção de aves e de ovos já vinha enfrentando também problemas climáticos, com o calor excessivo do começo do ano, o que acabou mexendo principalmente com os preços do setor", explica o presidente da Asgav.
Arte/JC
O município onde foi detectado o foco de gripe aviária não é líder na produção de frangos na macrorregião retratada neste capítulo do Mapa Econômico, no entanto, tem importância estratégica na cadeia produtiva do setor, pela industrialização. O frigorífico JBS recebeu um dos principais aportes de R$ 1,8 bilhão destinados pela gigante do setor às suas unidades gaúchas, para a expansão da produção.
A empresa não detalha os volumes produzidos por unidade, mas, a cada ano, são produzidas 430 mil toneladas de carnes de ave entre os seus frigoríficos gaúchos. São três na região - Montenegro, Caxias do Sul e Garibaldi -, de um total de cinco no Estado.
Por meio de nota da sua assessoria de imprensa, o diretor executivo de operações da Seara, Daniel Ávila, aponta que também receberam aportes importantes neste ciclo as granjas de desenvolvimento de frangos. Entre as 21 unidades no Rio Grande do Sul, a JBS tem oito entre a Serra, os Campos de Cima da Serra e o Vale do Caí. Em André da Rocha, Ipê, Nova Bassano, São Pedro da Serra e Vacaria, por exemplo, estão granjas integradas de desenvolvimento das aves para a empresa.
Antes das granjas, porém, há o desenvolvimento genético de matrizes. E fica em Montenegro a Agrogen, uma das empresas expoentes no setor no Brasil, com o desenvolvimento, entre o município e unidades em Triunfo e no Paraná, 14 milhões de matrizes ao ano.
A cadeia avícola é completa ainda com a produção de ovos que, em 2024, liderou o País no volume exportado - mesmo não liderando os valores negociados em ovos com o Exterior. De acordo com a Asgav, foram 6,5 mil toneladas de ovos exportadas no ano passado, representando 35% do volume vendido pelo Brasil a outros países. O principal polo produtor fica em Farroupilha, na Serra.
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"Houve um esforço muito grande para a qualificação da produção de ovos no Estado. Por meio da associação, e uma assistência técnica especializada, que atua diretamente na capacitação dos produtores. Além do ovo in natura, o Estado negocia o produto em líquido e em pó", detalha José Eduardo dos Santos.
A gigante do setor, Naturovos, opera unidades em Salvador do Sul, no Vale do Caí -- quarto maior produtor de ovos da macrorregião -, e em Vacaria, nos Campos de Cima da Serra - segundo maior produtor de ovos da macrorregião.
Produção suína avança
A ampliação da industrialização de suínos está entre as prioridades de investimento da Cooperativa Santa Clara, em Carlos Barbosa, neste ano. Parte dos R$ 35 milhões desembolsados neste ano são destinados à ampliação do frigorífico de suínos, que deve ter a sua capacidade ampliada de 350 para 600 animais processados por dia.
Além do frigorífico em Carlos Barbosa, a cooperativa mantém o abate em Vila Lângaro, no Nordeste gaúcho, e granjas de suínos, com 65 produtores associados, em todas as regiões onde atua. O setor, que não tem a macrorregião entre as suas principais produtoras, conta ainda com um frigorífico da JBS em Caxias do Sul, no distrito de Ana Rech.