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Cultura

- Publicada em 01 de Dezembro de 2021 às 20:19

As muitas vozes da estrela dos palcos Gal Costa

Cantora volta a Porto Alegre para show no Salão de Atos da Pucrs nesta quinta-feira (2)

Cantora volta a Porto Alegre para show no Salão de Atos da Pucrs nesta quinta-feira (2)


MANUELA SCARPA/BRAZIL NEWS/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
As estrelas nos trazem, entre tantas coisas, a sugestão de novos caminhos. Não é à toa, certamente, que Gal Costa batizou seu novo show de As várias pontas de uma estrela: afinal, cada vértice aponta para uma trilha possível, um ângulo que se pode contemplar. Por outro lado, talvez se possa dizer que uma estrela é, a seu modo, também uma voz; não seria o cantar um caminho rumo a algo mais, trilha que se insinua em tempos difíceis? Falando de estrelas, o novo show, que estará em Porto Alegre nesta quinta-feira (2), nos fala de duas vozes: a de Milton Nascimento, figura homenageada no espetáculo, e a própria Gal, que sobe ao palco para cantar a ele, a si mesma e ao Brasil inteiro.
As estrelas nos trazem, entre tantas coisas, a sugestão de novos caminhos. Não é à toa, certamente, que Gal Costa batizou seu novo show de As várias pontas de uma estrela: afinal, cada vértice aponta para uma trilha possível, um ângulo que se pode contemplar. Por outro lado, talvez se possa dizer que uma estrela é, a seu modo, também uma voz; não seria o cantar um caminho rumo a algo mais, trilha que se insinua em tempos difíceis? Falando de estrelas, o novo show, que estará em Porto Alegre nesta quinta-feira (2), nos fala de duas vozes: a de Milton Nascimento, figura homenageada no espetáculo, e a própria Gal, que sobe ao palco para cantar a ele, a si mesma e ao Brasil inteiro.
A apresentação acontece às 21h, no Salão de Atos da Pucrs (Ipiranga, 6.681). Ingressos, a partir de R$ 50,00, podem ser adquiridos no site Guichê Web. A capacidade é reduzida, e serão seguidos todos os protocolos em vigor no Estado e no município para o enfrentamento da Covid-19.
"Milton é um gênio. A obra dele me emociona muito, me emocionou desde a primeira vez que ouvi, ainda no tempo dos festivais, nos anos 1960. Estávamos todos começando. Elis cantava muito bem as canções de Bituca, ela sempre foi a cantora dele. E ele sempre foi o maior cantor de suas próprias canções, aquela voz deslumbrante", comenta Gal Costa ao Jornal do Comércio. "Mas Milton compôs canções lindas para eu gravar, e certamente vou continuar mergulhando nesse repertório lindíssimo por muitos anos."
Conhecida por ser uma pessoa reservada e que pouco sai de casa quando não está em turnê, Gal teve que vivenciar, como todo mundo, um recolhimento diferente - e muito mais pesado - nesses longos meses de pandemia. "Eu senti falta de ver as pessoas, de poder sair com tranquilidade e claro, (a tristeza) de perder pessoas próximas. Mas entendi que era o momento de me cuidar e cuidar dos outros. Aproveitei para curtir mais o Gabriel (filho de 16 anos), assistir séries, ler e cuidar de mim", enumera.
Mas foi dos meses de isolamento que surgiu também um elemento fundamental na sonoridade do novo show: o destaque ao piano, principal instrumento a complementar a voz inconfundível de Gal Costa. "Violão sempre foi o instrumento principal da minha sonoridade, talvez por influência de João Gilberto, que foi o artista que mais me influenciou na maneira de cantar", reflete. "Mas eu sempre gostei das divas do jazz americano - sobretudo Billie Holiday, Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan -, que arrasavam com seus trios de piano, baixo e bateria. Fizemos uma live assim e eu adorei. Quando Marcus Preto (diretor artístico) me trouxe a ideia do novo show, fiz essa exigência: quero um trio de piano, baixo e bateria. Estou adorando", celebra.
No show desta quinta-feira, Gal estará ao lado do tecladista André Lima, além da seção rítmica de Fábio Sá (baixo) e Victor Cabral (bateria). A partir desse alicerce sonoro, a voz da intérprete vai propor uma viagem cheia de significados - que canta, entre outras coisas, a própria voz, enquanto potência expressiva e declaração artística. Afinal, estamos falando de Milton Nascimento e Gal Costa, duas das grandes vozes da música brasileira. Temas como Minha voz, minha vida (Caetano Veloso), Quem perguntou por mim (Milton) e Desafinado (Tom Jobim) conduzem a um momento no qual, segundo a cantora, essa voz individual se torna "a voz do Brasil", puxando sucessos que vivem na memória afetiva brasileira, como Lua de mel (Lulu Santos) e Um dia de domingo (Sullivan e Massadas).
As apresentações de As várias pontas de uma estrela têm se encerrado com Brasil, de Cazuza, uma das músicas mais marcantes no repertório da cantora - canção que impôs também a sua voz, manifesto que transborda de urgência e atualidade. "(Essa música) estava em meu show anterior e, por isso, não estaria nesse. Mas ela se mostrou muito importante. Eu brinco no show que tento tirar Brasil do roteiro, mas a situação do Brasil não me deixa", admite a cantora. "Estamos vivendo um governo que tem propostas erradas contra a ciência, a cultura, a educação, um governo que fecha os olhos para o desmatamento e que não percebe como tudo isso afeta a vida de todo mundo. O governo atual ataca e quer banalizar a arte. Não tem como não ficar indignada com tudo o que estamos vivendo nesse País, com o que esse governo tem feito com o povo brasileiro", frisa.
Em meio a um País que convulsiona, talvez o único consenso seja em torno da necessidade de redescobrir nosso caminho. E, estrela que é, Gal Costa sente que a sua voz serve também (ou acima de tudo) para cantar a esperança em tempos cinzentos. "A arte é fundamental para um povo, assim como a educação. A arte é a identidade de um povo, dá energia e sustentação para as pessoas seguirem em frente em suas jornadas", defende. "Apesar disso tudo (que nos cerca), tenho esperança de que dias melhores virão. A esperança move a humanidade. A gente não pode desistir."
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