Naturalmente rico em ferro, o feijão é um dos alimentos mais consumidos em todo o mundo. Mas, no futuro, ele poderá ser ainda mais enriquecido com o mineral. Em estudo recentemente publicado no Journal of Nanoparticle Research pesquisadores brasileiros e cubanos mostraram, por meio de técnicas magnéticas, que o uso de nanopartículas de magnetita (Fe3O4) provocou aumento da concentração do ferro em diferentes órgãos da planta: raiz, caule e folhas.
Os experimentos foram coordenados pelo professor Renato de Figueiredo Jardim, do Instituto de Física (IF) da USP, e foram feitos com plantas de feijão comum (phaseolus vulgaris L.) "Nossos estudos indicaram que há potencial para a aplicação de técnicas magnéticas para a detecção de material magnético em plantas e para o enriquecimento até mesmo dos grãos em plantas de feijão, mas até chegarmos lá dependeremos de mais pesquisas e de outros protocolos científicos", explica o professor do IF.
Os estudos tiveram início em 2014 e as nanopartículas foram preparadas no Instituto de Química (IQ) da USP, sob a coordenação da professora Liane M. Rossi. As nanopartículas de Fe3O4 usadas tem medidas da ordem de 10 nanômetros (nm), sendo que um nanômetro corresponde a 1 milionésimo de milímetro. A partir daí, os experimentos foram realizados nos laboratórios da universidade cubana, onde as sementes foram plantadas, regadas com soluções de água com as nanopartículas e acompanhadas por cerca de 30 dias.
As nanopartículas, na forma de pó, foram adicionadas à água de irrigação das plantas em concentrações diferentes. "Acompanhamos, separadamente, a proliferação da solução nas raízes, nos caules e nas folhas", conta Jardim. Ao todo, foram avaliados quatro conjuntos com duas plantas cada, totalizando oito plantas. No primeiro conjunto, a irrigação foi feita apenas com água; no segundo 0,5 miligramas (mg) de Fe3O4 por litro de água; no terceiro, 1.0 mg por litro e, no quarto. 2.0 mg por litro de água.(Jornal da USP)