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Catar 2022

- Publicada em 03 de Dezembro de 2022 às 09:15

Comunidade LGBTQI+ no mundo árabe teme aumento da homofobia após a Copa do Mundo

Integrantes da comunidade LGBTI+ não esconde indignação com as seleções que insistiram em usar a pulseira 'One Love'

Integrantes da comunidade LGBTI+ não esconde indignação com as seleções que insistiram em usar a pulseira 'One Love'


ANDRE PAIN/AFP/JC
AFP
"O Mundial irá acabar, a Fifa irá embora e o ódio irá continuar": no Golfo e na comunidade árabe, muitos lamentam os protestos ocidentais pró-LGBTQI+ contra o Catar e temem um aumento da homofobia na região.
"O Mundial irá acabar, a Fifa irá embora e o ódio irá continuar": no Golfo e na comunidade árabe, muitos lamentam os protestos ocidentais pró-LGBTQI+ contra o Catar e temem um aumento da homofobia na região.
"Não é ideal viver na escuridão, mas estar no centro das atenções também não", disse um baremita de 32 anos, aliado da comunidade LGBTQI+ neste território do golfo, em que a homossexualidade não é oficialmente perseguida.
Já outro jovem empresário de Manama, que pede anonimato, não esconde sua indignação com as seleções europeias que insistiram em usar a pulseira 'One Love' com as cores do arco-íris, símbolo da comunidade LGBTQI+, durante a Copa do Mundo do Catar, país em que a homossexualidade é criminalizada.
"Nunca pediram a opinião de nenhum membro da comunidade homossexual daqui", explica o homem de 30 anos. Ele se mostra "preocupado" com o futuro, após ver uma avalanche de reações homofóbicas nas redes sociais e ao seu redor.

Pressões ocidentais não devem provocar mudanças a curto prazo

Assim como no Catar, em 2021, as autoridades sauditas apreenderam foguetes com as cores do arco-íris, em um país onde a homossexualidade, em tese, é punível até com pena de morte. No início de junho, o Kuwait convocou o chefe de negócios dos EUA para protestar contra tuítes que defendiam a comunidade LGBTQI+.
As mensagem de apoio à família tradicional aumentaram no Bahrein, com cartazes que mostram a imagem de um pai, uma mãe e dois filhos sob um guarda-chuva que os protege do arco-íris. Na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, a transmissão de grandes produções norte-americanas foi proibida porque alguns de seus personagens eram abertamente homossexuais.
Para a pesquisadora saudita Eman Alhussein, "provavelmente a questão LGBTQI+ não será objeto de debate em nível local tão cedo", apesar de "algumas leis e restrições sociais terem sido flexibilizadas" para atrair expatriados qualificados e investidores estrangeiro.
"Como muito cidadãos do Golfo permanecem sendo conservadores, a manutenção de alguns limites é considerada crucial para moderar todos os níveis da sociedade", observa esta especialista na região. De acordo com Alhussein, parece pouco provável que as pressões ocidentais "provoquem mudanças, pelo menos a curto prazo".

Grande oportunidade perdida

Diretor da ONG libanesa Helem, a primeira organização de defesa dos LGBTQI+ na região desde 2001, Tarek Zeidan lamenta que a Copa do Mundo do Catar é, portanto, "uma grande oportunidade perdida" de apoiar de forma "concreta" os direitos das minorias sexuais no país e em toda comunidade árabe. Segundo Zeidan, teria sido necessário "dar voz às pessoas que são realmente vítimas da violência", em vez de "focar na indignação do Ocidente", com posições chamativas "que não ajudam".
O diretor da Helem teme uma "reação muito dura, até fatal" em decorrência do "lugar imposto e inédito" que o tema tomou, com aumento de posições homofóbicas do Líbano ao Kuwait, passando pelo Egito e Emirados Árabes Unidos. "A próxima década será extremamente difícil para as pessoas LGBTQI+ na região", alerta Zeidan.
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