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Publicada em 08 de Outubro de 2025 às 13:17

Receitas acumuladas no RS crescem 28% no primeiro semestre de 2025

Cleverson Veroneze diz que mercado de seguros "navega" conforme a economia nacional

Cleverson Veroneze diz que mercado de seguros "navega" conforme a economia nacional

TÂNIA MEINERZ/JC
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Ana Esteves, especial para o Jornal do Comércio
Ana Esteves, especial para o Jornal do Comércio
Depois de um ano catastrófico para os gaúchos, com as enchentes de 2024 e do período trágico para o mundo, em 2020 e 2021, com a pandemia de Covid-19, o setor de seguros enxerga 2025 como um ano em que o cenário começa a melhorar. Dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) apontam que, no primeiro semestre de 2025, as receitas acumuladas do setor no Rio Grande do Sul subiram 28% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 1,5 bilhão. O aumento é mais do que o dobro do registrado no contexto do País, que teve aumento de 12%, para R$ 16,9 bilhões. Os resgates no RS cresceram 12%, para R$ 977 milhões, enquanto no Brasil, aumentaram 1,7%, para R$ 12,2 bilhões. “Agora começa a ter melhora, mas navegamos de acordo com a economia que segue retraída. Se ela melhora, as pessoas consomem mais, inclusive seguro. Elas compram mais carros, elas trocam de casas, elas contratam mais seguros, as apólices são mais reforçadas em termos de cobertura”, afirma o diretor do Sindicato das Seguradoras do Rio Grande do Sul (SindSeg-RS), Cleverson Veroneze.
A expectativa para 2026 é de otimismo, pois com a redução da taxa de juros, o dirigente prevê aumento de financiamentos habitacionais e incremento na contratação de seguros nessa modalidade. Além disso, a retomada de crescimento da indústria de automóveis também refletirá numa maior demanda por proteção. Sobre o seguro rural, a aposta é de que, no próximo ano, o governo federal subsidie mais “Tomara que seja retomada a ajuda aos proprietários rurais no pagamento do seguro e aí teremos um horizonte mais promissor nessa modalidade”, disse Veroneze. O dirigente afirma que, logo depois das enchentes de 2024, aumentou a procura por seguros, mas que logo depois a demanda arrefeceu. “O tempo passa e as pessoas voltam a acreditar que não vai acontecer mais, só que as catástrofes vieram para ficar. No Rio Grande do Sul, dos R$ 100 bilhões de prejuízos que as enchentes causaram, R$ 6 bilhões foram indenizados pelas seguradoras, mas o montante poderia ser maior se tivéssemos mais pessoas contratando”, pondera. Depois da enchente, várias seguradoras passaram a oferecer produtos específicos para situações de catástrofes como o seguro de vendaval, que cobre prejuízos resultantes de ventos fortes, que ultrapassem os 54 km/h, e o contra alagamentos. Na modalidade veículos, habitacional e lavouras também há cobertura especial em caso de sinistro por adversidades climáticas.
Neste ano, a Susep instituiu um grupo de trabalho com o objetivo de discutir o Seguro Catástrofe e analisar de que forma o setor de seguros pode contribuir para a prevenção e a resposta a desastres naturais no país. Além disso, as entidades ligadas às seguradoras participarão da COP30, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em 2025, em Belém (PA), e entre os temas centrais que serão debatidos por lideranças setoriais e executivos de sustentabilidade do mercado segurador estão: seguros para soluções básicas na natureza e agronegócio sustentável, infraestrutura resiliente e proteção de investimentos, seguros como instrumento de proteção social e finanças sustentáveis. O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, destaca a agenda de sustentabilidade do setor, que vem ganhando cada vez mais relevância diante dos desafios climáticos e sociais. Ele ressaltou que o mercado segurador não apenas absorve os impactos financeiros de eventos extremos, como secas e enchentes, mas também contribui de forma estratégica para a transição para uma economia de baixo carbono, incentivando investimentos responsáveis e soluções inovadoras. “A COP30 é uma oportunidade histórica para o Brasil e para o setor segurador, pois o país terá a chance de se posicionar como líder global na pauta climática, e o setor de seguros tem muito a contribuir com dados, estudos e instrumentos de proteção para aumentar a resiliência da sociedade diante dos eventos climáticos”, afirmou.
Presidente da Confederação Nacional das Seguradoras, Dyogo Oliveira | CNSeg/Divulgação/JC
Presidente da Confederação Nacional das Seguradoras, Dyogo Oliveira CNSeg/Divulgação/JC
No cenário nacional, dados da CNseg, divulgados em setembro, apontam que no primeiro semestre de 2025, o setor segurador registrou um avanço de aproximadamente 8,7% no volume pago em indenizações, benefícios, resgates, sorteios, e despesas assistenciais de saúde, retornando R$ 268 biIhões a consumidores e empresas. No mesmo período, o setor arrecadou R$ 376,7 bilhões em prêmios de seguros, contribuições para planos de previdência, faturamento com títulos de capitalização e contraprestações líquidas de saúde. “Os dados apontam avanço de 4,2% na arrecadação do setor de seguros, em relação ao mesmo período de 2024, apesar do cenário desafiador”, diz Oliveira.
A pesquisa demonstrou ainda que, desconsiderando saúde suplementar, no primeiro semestre de 2025 a arrecadação acumulada apresentou resultado negativo. No período, o setor movimentou R$ 206,1 bilhões, retração de 1,7% frente ao mesmo semestre de 2024, interrompendo o processo de expansão verificado com a recuperação pós-pandemia de Covid-19. O contraste entre o ritmo mais lento da arrecadação e a aceleração dos pagamentos ainda é influenciado, sobretudo, pelo desempenho dos planos de previdência aberta, cujas contribuições recuaram 14,1% no acumulado do ano, enquanto os resgates e benefícios pagos avançaram 17,3%. Esse cenário fez reduzir a captação líquida do segmento, que, até junho, totalizou R$ 6,0 bilhões, representando queda de 80,2% em relação a 2024. Em junho, o resultado líquido desses planos apresentou o primeiro valor negativo desde a pandemia, com R$ 3,1 bilhões, ante R$ 4,3 bilhões em junho do ano passado, reflexo da incidência de IOF sobre os aportes em VGBL que ultrapassarem os R$ 300 mil em uma mesma entidade. “Apesar desse contexto desafiador, os demais segmentos mantiveram trajetória positiva, ampliando sua relevância entre as famílias e empresas”, afirma Oliveira.
Nos seis primeiros meses de 2025, os seguros de danos e responsabilidades tiveram incremento de 7,9%, alcançando R$ 69,1 bilhões em prêmios. Os seguros de pessoas (vida, viagem e prestamista) avançaram 8,4%, ultrapassando R$ 37 bilhões em arrecadação.

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