Mais de 70% dos pedidos de extração mineral no Rio Grande do Sul junto à Agência Nacional de Mineração (ANM) são da parte de agregados (areia, brita, cascalho). Porém, o território gaúcho possui potencial em minérios de grande valor, como titânio, chumbo e ouro e todos esses estão em estudo. A informação é da secretária estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann. "Nós sabemos que esse potencial é importante para o Estado e que não existe uma alternativa locacional para mineração. Sabemos que também não será emitida nenhuma licença que não considere os quesitos ambientais", afirmou a secretária ontem durante o Tá na Mesa da Federasul, no Palácio do Comércio, que abordou o tema "Desafios e oportunidades da segurança mineral brasileira" .
Marjorie destacou que, quando se fala sobre mineração, o leque é muito amplo e não se restringe apenas ao carvão. "O carvão é uma fonte importante do ponto de vista da segurança energética", comenta. No entanto, Marjorie Kauffmann disse que na Metade Sul existem cidades com potencial de mineração dos minérios de maior valor agregado e que já há empresas fazendo pesquisas e que o processo está em fases diferentes do licenciamento. "Existem algumas com licença de instalação prevista ou até em iminência de emissão de licença de operação, como é o caso do fosfato em Lavras do Sul", acrescenta.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, reforçou que a atividade no Estado movimentou mais de R$ 2,8 bilhões em valor de produção mineral em 2023, o que representou 2,3% da indústria estadual. O Rio Grande do Sul ocupa a 9ª posição entre os estados produtores de bens minerais. Os principais bens minerais produzidos no território gaúcho incluem o carvão mineral, rochas britadas, água mineral, calcário e areia. "Temos um grande potencial de crescimento nesse setor. Nos últimos anos, novas áreas têm atraído investidores e os avanços nas pesquisas minerais indicam perspectivas para o futuro da mineração no Estado", comenta.
A produção mineral é realizada em 224 municípios do Rio Grande do Sul. O Estado aparece na segunda posição no País com o maior número de minas - cerca de 1.255 (incluindo a extração de água mineral). Polo destaca que em 2024 a arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) no RS foi de R$ 36,6 milhões. O carvão mineral desponta com cerca de R$ 10,9 milhões, o que equivale a 30% da arrecadação total do Estado.
O diretor de Assuntos Minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Júlio Cesar Ferreira, destaca que o Brasil figura entre os principais produtores de minerais críticos essenciais para transição energética. "Estamos entre os maiores produtores para a maioria desses minerais. Produzimos mais de 35 milhões de toneladas por ano destes minerais", aponta. Um total de 308 empresas no Brasil são associadas a entidade e 82 mineradoras são responsáveis por mais de 85% da produção de minérios do País. O ex-diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM, Victor Hugo Froner Bicca, destaca as ações para combater o garimpo irregular e a lavra ilegal de minérios, que têm gerado severos impactos negativos à floresta e às comunidades, especialmente na Amazônia.