Os números de ocorrências criminais registradas no Rio Grande do Sul durante o ano passado apresentaram quedas em relação a 2017. É o que revelam os dados divulgados na manhã desta quarta-feira (9) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP-RS). Os crimes contra a vida, que são homicídios e latrocínios, apresentaram diminuição de mais de 20%. As exceções foram os casos de roubo a banco, estelionato e os crimes relacionados a entorpecentes, que tiveram elevação.
Foram 2.089 homicídios no Estado em 2018, queda de 21,8% em relação ao ano anterior. Os casos de latrocínio, que é o roubo seguido por morte, também sofreram queda, de 127 para 89 casos (-29,9%). Furtos e roubos recuaram 9% e 18,6%, respectivamente, assim como o roubo e o furto de veículos (-10% e -14,9%, respectivamente).
Em Porto Alegre, os números acompanharam o desempenho estadual, com exceção das ocorrências de latrocínios, que apresentaram 13 casos, um a mais em relação a 2017. As vítimas de homicídio na Capital diminuíram em 20,9%, com 525 mortes frente a 662 de 2017.
Os 78 roubos a bancos no Rio Grande do Sul mostraram piora de 20% no quadro, assim como os casos de estelionato, que aumentaram 4,8%. A posse e o tráfico de entorpecentes também cresceram – 5,9% e 20,9%, respectivamente.
O doutor em Sociologia e pesquisador do Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania da Ufrgs Francisco Amorim associa os indicadores positivos na maioria dos crimes como um possível efeito da maior repressão do poder público à criminalidade. Amorim lembra da presença da Força Nacional, que atuou entre 2016 e 2018 em áreas da Capital.
Mesmo o crescimento nos índices de crimes como posse e tráfico de entorpecentes, o doutor em Sociologia vislumbra também a relação com a maior ação do policiamento. Com maior presença da força policial, crescem as apreensões, conclui o pesquisador. “O fato de haver redução em crimes corrobora com a tese de que é efeito do policiamento ostensivo de rua.”
O trabalho de investigação sobre a atuação de quadrilhas do crime organizado e a tentativa de controle de facções pela Polícia Civil, através do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) e do Departamento Estadual De Investigações Do Narcotráfico (Denarc), também podem explicar o saldo de 2018. “Houve uma reação clara do poder público. As ações de repressão que identificam e minam as quadrilhas tiveram destaque”, conclui Amorim, que estudou em sua tese de doutorado o narcotráfico no Brasil, Colômbia e México.