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Internacional

- Publicada em 30 de Maio de 2021 às 10:18

Alemanha se desculpa por genocídio na Namíbia e oferece 1 bilhão de euros para compensar danos

Ministro alemão das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, pediu perdão pelos crimes

Ministro alemão das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, pediu perdão pelos crimes


Bernd von Jutrczenka/POOL /AFP/JC
A Alemanha reconheceu oficialmente na sexta-feira (28) que foi responsável por um genocídio na Namíbia na era colonial. O governo alemão pagará à nação africana, de € 1,1 bilhão (cerca de R$ 7 bi), para compensar danos infligidos.
A Alemanha reconheceu oficialmente na sexta-feira (28) que foi responsável por um genocídio na Namíbia na era colonial. O governo alemão pagará à nação africana, de € 1,1 bilhão (cerca de R$ 7 bi), para compensar danos infligidos.
A matança aconteceu entre 1904 e 1907, quando soldados alemães mataram de 75 mil a 100 mil pessoas no então território da África do Sudoeste, atual Namíbia, após revolta dos povos herero e nama.
Uma das últimas fronteiras africanas a despertar o interesse de colonizadores europeus, essas áreas semidesérticas foram ocupadas pela Alemanha em 1884. A expansão rumo ao interior levou aos conflitos com povos já estabelecidos, enraivecidos pela perda das poucas terras aráveis do território.
A revolta dos povos herero e dos nama foi contida com assassinatos em massa, internação em campos de concentração insalubres e expulsão para o deserto, onde milhares de homens, mulheres e crianças morreram de sede.
O massacre alemão exterminou 80% dos herero e 50% dos nama, reduzindo-os a parcelas relativamente pequenas entre os 2,6 milhões de namibianos atuais. Os herero, por exemplo, passaram de 40% da população para apenas 7%.
A ONU, que define genocídio como "uma série de atos, incluindo assassinato, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso", desde 1985 considera o massacre como o primeiro genocídio do século 20, e a Alemanha já havia reconhecido "responsabilidade moral".
Museus alemães também devolveram em 2018 restos mortais de vítimas herero e nama que haviam sido trazidos para a Alemanha para pesquisas destinadas a "provar a superioridade da raça branca". As negociações sobre o pagamento, porém, levaram seis meses, porque a Alemanha temia que o uso do termo "reparação" a deixasse suscetível a novas ações na Justiça.
No anúncio, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse oficialmente que os eventos, "da perspectiva de hoje", foram "um genocídio". "À luz da responsabilidade histórica e moral da Alemanha, pediremos perdão à Namíbia e aos descendentes das vítimas", afirmou, antes de enfatizar que reivindicações legais de compensação não podem ser derivadas disso".
O governo alemão quer desincentivar reclamações como a da Grécia, que pede cerca de € 289 bilhões (R$ 1,84 tri) por danos causados durante o período nazista. Por isso, os recursos foram anunciados como "um gesto de reconhecimento do imensurável sofrimento infligido às vítimas".
"Queremos apoiar a Namíbia e os descendentes das vítimas com um programa substancial de € 1,1 bilhões para reconstrução e desenvolvimento", disse Maas. A Namíbia ocupa o 130º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, entre 189 países analisados e tem a segunda maior desigualdade do mundo, segundo o Banco Mundial, melhor apenas que a vizinha África do Sul neste item.
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