O Lagom não vai fechar. Pouco mais de um mês após o
anúncio do encerramento das atividades, o Lagom Brewery e Pub, um dos principais pontos para degustação de cervejas artesanais em Porto Alegre, foi comprado por um fiel cliente do estabelecimento e manterá as atividades.
O novo dono, Bernardo Mold Leal, frequenta o bar da rua Bento Figueiredo desde sua abertura, há 11 anos. Localizado no coração de um dos mais tradicionais bairros boêmio da Capital gaúcha, o Bom Fim, o espaço não demorou para se tornar ambiente frequente na rotina do agora proprietário, que também desenvolveu uma amizade com os donos do estabelecimento.
Mais de uma década depois de sua primeira visita, Bernardo agora se torna o novo dono do pub, evitando, assim, que o Lagom encerre suas atividades. “O boteco tem que viver”, afirmou Bernardo, ele mesmo se declarando um ‘botequeiro’.
A aquisição não foi impulsiva, e tampouco sua venda. Assim como Bernardo sempre teve vontade de estar à frente do pub que tanto gostava de frequentar, o antigo dono, Nicolai Poletto, já pensava em deixar o balcão do bar mesmo antes da pandemia.
“Eu queria sair do ramo da cerveja faz um tempo. É algo que foi muito legal por bastante tempo, mas eu tinha cansado. Comecei a sentir falta de atuar na minha área de formação”, declarou ele, que é engenheiro de controle e automação.
Da mesma forma, o amigo Bernardo “já tinha essa vontade”. “Eu não queria ter esse bar, pois era deles, mas queria ter um bar que nem esse”, explicou. “Quando decidiram vender, ainda tentei convencer que ficassem, mas acabamos negociando a compra”, concluiu.
Sem perder a essência, o Lagom passará por uma renovação. Mantendo o tradicional foco na cerveja artesanal, o pub passará a oferecer drinks variados e doses de destilados como cachaça artesanal, uísque e rum.
“Além das cervejas, estou trazendo a cultura de pub, um ambiente mais intimista, luz baixa, musica rolando, balcão de madeira”, conta Bernardo. Segundo ele, a partir de agora, todo cliente que chegar ao pub será recebido com uma dose gratuita de uísque, cachaça ou rum – um costume cultural israelense adquirido por Bernardo quando ele trabalhava em um bar naquele país.
Além disso, o Lagom também vai voltar a produzir sua cerveja artesanal própria – uma operação que estava paralisada desde o início da pandemia. A ideia é retornar com as antigas receitas do pub: “Cervejas como ESB, Stout e Columbus IPA devem voltar, além de fazermos cervejas novas” pontuou Bernardo.
Os rótulos próprios do bar, porém, não serão, por ora, comercializados para entrega. Para incentivar o público a frequentar o pub, eles serão apenas vendidos no balcão ou antecipadamente através de um financiamento coletivo que Bernardo pretende colocar em prática.
“Os clientes do Lagom acabam se conhecendo e fazendo parte dessa comunidade, não só do bar, mas da cerveja artesanal de Porto Alegre. A ideia é apostar nessa comunidade”, disse o novo dono, que é há pelo menos uma década parte desta comunidade.
Ele entende que, por conta do coronavírus, “o momento é de cautela, de manter a roda girando para, quando a pandemia passar, poder trabalhar mais forte para o bar voltar a 'bombar'”.