Retomada da construção de novas barragens e industrialização de grãos são apostas para a economia da macrorregião Sul. Confira 21 iniciativas que podem alavancar o desenvolvimento econômico dessa área do Rio Grande do Sul.
1. Indústria naval
A construção de embarcações volta a ser realidade no Porto de Rio Grande, a partir do Estaleiro Rio Grande, que inicia a execução de quatro navios para a Transpetro com investimento que chega a R$ 1,5 bilhão. Desta vez o estaleiro não será só ponto de construção de cascos, mas de embarcações completas, aumentando o valor agregado e a qualificação da mão de obra local com vistas a futuros contratos. Com possibilidade de exploração de petróleo na costa gaúcha, o aquecimento desta indústria torna-se ainda mais concreto. A estimativa é de que, durante o pico da construção das embarcações, sejam empregadas 1,5 mil pessoas.
- Municípios: Rio Grande
2. Exploração de petróleo e gás natural
A Bacia de Pelotas leiloou três dos 34 blocos ofertados em certame da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O consórcio formado por Petrobras e Petrogral Brasil se comprometeu a investir R$ 84,9 milhões em prospecção de petróleo e gás natural nesses blocos, que somam 3.023,79 quilômetros quadrados. O local é visto como uma das áreas com potencial para suprir a lacuna que deve ser deixada pelo declínio de produção de petróleo do pré-sal estimada para ocorrer na próxima década.
- Municípios: * reservas ficam no mar, ao longo da costa do Rio Grande do Sul
3. Operações portuárias
No ano após a cheia, os indicadores da operação portuária em Rio Grande, que servem como um termômetro da economia gaúcha, são os melhores possíveis. A movimentação do primeiro trimestre foi recorde. E há a concretização de importantes investimentos nas estruturas locais, ultrapassando R$ 1 bilhão. Entre elas, a modernização do Terminal de Contêineres (Tecon), a reconstrução e melhoria dos terminais da CCGL, e o investimento em novos terminais de celulose e de químicos.
- Municípios: Rio Grande
4. Grandes projetos de irrigação
Depois de 16 anos, há expectativa de que os projetos da Barragem Taquarembó, e a de Jaguari, entre os municípios da Campanha e Fronteira Oeste, finalmente sejam concluídos. A conclusão deve atrair ainda mais atenção de grandes produtores de grãos para a região, que já lidera rankings de área plantada e produção. A estimativa é de que, com a barragem operando, Dom Pedrito, por exemplo, tenha um ganho de 30% na sua produção de soja. Conforme a Secretaria da Agricultura, o cultivo irrigado garante produtividade 23% maior na soja e três vezes mais no arroz. Em Bagé, avança a construção da barragem de Arvorezinha, que além de abastecer o município também poderá beneficiar a irrigação na agricultura.
- Municípios: Bagé, Dom Pedrito, São Gabriel, Lavras do Sul, Cacequi, Rosário do Sul e Santana do Livramento.
5. Arroz, soja e gado
Mesmo com sucessivas estiagens, e a cheia do último ano, as perdas de solo entre o Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste foram pequenas em comparação com outras regiões do Estado. Com isso, a expansão da soja avança. Para garantir sustentabilidade, produtividade e rendimento na produção, em conjunto principalmente com a Embrapa, têm sido desenvolvidos projetos de rotação de grãos (soja/arroz) e de integração (soja/gado ou eucalipto/gado), todos com demonstração de ganhos aos produtores. Há aumento na exportação de arroz, de carne bovina e até de bois vivos.
- Municípios: Bagé (gado), Dom Pedrito (gado, arroz, soja), São Gabriel (soja), Santana do Livramento (soja, gado), Santa Vitória do Palmar (soja, arroz), Rosário do Sul (soja, gado), Uruguaiana (arroz gado), Itaqui (arroz), Alegrete (arroz)
6. Verticalização da produção
Uma das principais oportunidades apontadas por lideranças regionais ouvidas para o Mapa Econômico do RS é a verticalização da produção, especialmente grãos que podem ser industrializados. A indústria do arroz já é forte nas Regiões Sul, Campanha e Fronteira Oeste. Há expectativa também com o beneficiamento da soja. Já na Região Centro-Sul, o destaque é a produção siderúrgica da Gerdau, em Charqueadas, onde são produzidos aços direcionados à indústria automobilística.
- Municípios: Bagé, Dom Pedrito, Itaqui, São Borja, Pelotas e Charqueadas
7. Silvicultura e fábrica de pellets
Dois projetos avançam nas Regiões Sul e Centro-Sul e devem impulsionar o plantio de eucalipto. Uma fábrica de pellets, da Braspell Bioenergia em Pinheiro Machado, está completando o processo de licenciamento e prevê o plantio de 45 mil hectares de plantio para o fornecimento da matéria-prima. Já a CMPC segue com a implementação de uma fábrica de celulose em Barra do Ribeiro. A empresa aumentou em 10,27% sua área nos 75 municípios gaúchos em que atua em relação à edição passada do Mapa Econômico – o dado contabiliza áreas de conservação e de plantio de eucalipto. É possível, conforme a Agaflor, que os empreendimentos expandam a silvicultura em municípios como São Lourenço do Sul e Canguçu.
- Municípios: Piratini (plantio), Butiá (plantio), São José do Norte (plantio), Canguçu (plantio), São Lourenço do Sul (possibilidade de plantio), Barra do Ribeiro (indústria de celulose), Pinheiro Machado (plantio + indústria de pellets), Dom Feliciano (plantio)
8. Fabricação de celulose
Após o anúncio, em 2024, do maior investimento privado no Rio Grande do Sul pela CMPC, que construirá a sua nova planta industrial em Barra do Ribeiro, o pequeno município já começou uma transformação e recebe quase R$ 20 milhões em estudos e projetos para sua estruturação antes de receber a nova indústria. As exportações de celulose seguem em alta.
- Municípios: Barra do Ribeiro
9. Mineração: titânio, fosfato, ouro e carvão
Há pelo menos três importantes projetos de mineração entre São José do Norte e Lavras do Sul, com potencial para mudar o patamar da região. No município do Sul, há estudos para que o local se torne o principal polo de extração de minerais pesados que servem como base à produção de titânio, essencial para a indústria brasileira. Já no município da Campanha, há expectativa pela liberação ambiental à exploração de fosfato, que servirá de base à indústria de fertilizantes, e ainda há o projeto para mineração de ouro no mesmo município. Em relação ao carvão, a termelétrica Candiota 3 opera no curto prazo e aguarda o Congresso Nacional analisar veto que permitiria a prorrogação por mais tempo da comercialização da geração da usina. A termelétrica fechou em janeiro e voltou a operar de maneira emergencial em abril.
- Municípios: São José do Norte, Lavras do Sul e Candiota
10. Primeira biorrefinaria do País
Se os testes com óleos a base, principalmente, de soja já haviam apontado para resultados positivos na transformação de biocombustíveis, o projeto avança ainda mais e já consegue resultados importantes também com biomassa de celulose. É o que apontam os resultados da transição da Refinaria Riograndense para se tornar a primeira refinaria 100% “bio” até 2029, eliminando a fabricação de combustíveis fósseis. Há perspectiva de que o projeto inclua ainda o uso de hidrogênio verde nos seus processos.
- Município: Rio Grande
11. Hidrogênio verde em Rio Grande
O primeiro passo concreto para a utilização de hidrogênio verde na cadeia produtiva gaúcha pode acontecer em Rio Grande e beneficiar um dos principais setores industriais da região, o de fertilizantes. Teve início o processo de licenciamento para a construção de uma planta para produção de uréia a partir de água e energia elétrica gerada por placas fotovoltaicas. Matéria-prima básica para a produção de adubos e fertilizantes, este é um dos produtos mais importados a partir do Porto de Rio Grande, onde se concentram oito indústrias do setor. O projeto é levado adiante pela Infravix.
- Município: Rio Grande
12. Do lixo à geração de energia
Mesmo representando menos de 5% da matriz energética do Estado, a produção de energia a partir de biomassa, que se tornaria lixo, ganha impulso na região, com o avanço de novos projetos a partir da casca do arroz, que já foi um grande problema ambiental aos produtores. E há ainda o projeto pioneiro e bem-sucedido da CRVR em Minas do Leão, com a transformação de resíduos urbanos em fonte de energia. Nos próximos meses, esse projeto ainda avançará para a geração de combustível a partir do gás gerado por essa biomassa.
- Municípios: Minas do Leão, Uruguaiana, Itaqui, São Borja, São Gabriel, Alegrete, Capão do Leão, Dom Pedrito, Bagé
13. Hidrovias
Após a cheia de 2024, os canais de navegação entre o Porto de Rio Grande e a Lagoa dos Patos estiveram entre os pontos mais prejudicados do Estado. A recuperação avança, com o maior aporte de recursos do Funrigs da região dedicado à batimetria e dragagem dessas vias hidroviárias. O projeto da Hidrovia do Mercosul, com potencial para a exploração comercial da rota da Lagoa Mirim, ligando o Rio Grande do Sul ao Uruguai, por sua vez, teve a liberação da tomada de subsídios pelo governo federal e expectativa de investimentos de até R$ 43,5 milhões na nova rota. O investimento na nova fábrica de celulose da CMPC, em Barra do Ribeiro, abre caminho a investimentos em infraestrutura hidroviária. Está previsto um novo terminal de celulose em Rio Grande e a ampliação das operações de toras no Porto de Pelotas.
- Municípios: Rio Grande, Pelotas, Barra do Ribeiro
14. Rodovias
Mesmo com o início da fase de projeto da importante obra da ponte que ligará Rio Grande a São José do Norte, a travessia sobre o Rio Ibicuí, por exemplo, entre Uruguaiana e Itaqui, anunciada há dois anos, ainda não tem demonstração concreta de que sairá do papel, enquanto a rota é feita sobre a ponte de 140 anos. Os projetos de pontes internacionais na região também estão em fase inicial. E há a longa espera pela finalização da duplicação da BR-116, entre Pelotas e Guaíba, bem como da duplicação da rodovia BR-290, ainda que restrita ao trecho de Butiá, Minas do Leão e Pantano Grande
- Municípios: Itaqui, Uruguaiana, Pelotas, Cristal, Camaquã, Jaguarão, Candiota, Rio Grande, São José do Norte, Butiá e Minas do Leão
15. Ferrovias
Como consequência da cheia de 2024, a rede ferroviária gaúcha, que já era deficitária, reduziu ainda mais sua capacidade. O ponto de chegada e partida principal do caminho dos trilhos para a produção, naturalmente, é o Porto de Rio Grande e, atualmente, apenas 6% da movimentação portuária faz uso da malha ferroviária. Restando dois anos para o final da concessão da Rumo, o governo do Estado apresentou estudo para recuperação da estrutura, mas ainda sem garantia de que haverá melhorias.
- Municípios: Rio Grande, Bagé, Pelotas, São Gabriel, Capão do Leão
16. Tabaco
O Sul e Centro-Sul consolidam-se como importante reserva à produção de tabaco no Rio Grande do Sul, especialmente após a cheia de 2024. Entre as duas regiões, são 18 mil famílias produtoras.A garantia de bons preços, negociados antes da safra, e de assistência técnica das indústrias tem sido fundamental para que a cultura continue avançando. Há uma década, Canguçu se consolida como o principal município produtor de tabaco no Rio Grande do Sul.
- Municípios: Canguçu (tabaco), São Lourenço do Sul (tabaco), Camaquã (tabaco), Dom Feliciano (tabaco), Pelotas (tabaco)
17. Olivicultura
A produção de azeites iniciou uma leve recuperação após ter passado por uma safra frustrada em virtude do intenso volume de chuvas do ano passado e da estiagem neste ano. O Ibraoliva espera investir em pesquisa para auxiliar produtores a identificarem como melhorar a produtividade das safras. O uso de defensivos hormonais em plantações de soja localizadas em áreas próximas é apontado como possível fator explicativo da queda de produtividade para além das questões climáticas.
- Municípios: Candiota, Bagé, Pinheiro Machado, Canguçu, Caçapava do Sul, Santana do Livramento, São Gabriel
18. Vitivinicultura
A indicação de procedência para vinhos da Região da Campanha e o seu terroir tem atraído investimentos de empresários gaúchos e de outros estados. Além da aquisição da vinícola Batalha pelo paulistano Luiz Eduardo Batalha, que a incorporará ao complexo Terroir 31, grandes marcas na produção de vinhos e espumantes da Serra Gaúcha, como a Miolo e a Salton, possuem produção em cidades da Campanha e da Fronteira Oeste. A Associação Vinhos da Campanha está organizando estudos para tentar conquistar denominações de origem controlada para os produtos da região. Apesar dos avanços, assim como na olivicultura, a produção de uvas na região está tendo alguns prejuízos com o uso de defensivos hormonais.
- Municípios: Santana do Livramento, Candiota, Santa Margarida do Sul, Dom Pedrito, Pelotas
19. Turismo
O projeto do Trem do Pampa saiu do papel, com boa adesão de público. Além disso, deve ser inaugurado até o final do ano o Terroir 31 em Candiota, complexo residencial e turístico voltado ao enoturismo e ao olivoturismo. Essas duas áreas, voltadas ao turismo de experiência são apostas dos produtores, que tem intensificado a criação de iniciativas nesse sentido. Outra possibilidade de crescimento que está sendo estudada pelos municípios é a do turismo histórico e cultural associado às cidades de fronteira.
- Municípios: Bagé (histórico), Dom Pedrito (histórico), Candiota (de experiência), Santana do Livramento (de experiência), Pelotas (histórico), Rio Grande (histórico) e Pelotas (histórico)
20. Potência Eólica
Se em Santana do Livramento entrou em operação o novo parque eólico Coxilha Negra, com capacidade de 302,4 MW, por outro, a costa do Estado concentra o maior número de projetos tramitando no Ibama para licenciamento de geração de energia offshore. A região avança ainda na atraçãi de indústrias de implementos para parques eólicos. Há também a expectativa de pelo menos outros três parques começarem a sair do papel na região nos próximos meses.
- Municípios: Chuí, Santa Vitória do Palmar, Rio Grande e Santana do Livramento
21. Universidade e inovação
Avança o projeto do Parque Tecnológico Binacional de Santana do Livramento, com recursos pré-aprovados pelo Mercosul, iniciativa que reúne a Unipampa, o Instituto Federal Sul-Riograndense (IFSul) e a Universidade do Estado do Rio Grande do Sul (Uergs). Além disso, as universidades têm proporcionado o desenvolvimento econômico da Região Sul, atuando como vetores de crescimento e centros de inovação. A região conta ainda com o Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp), a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e a Universidade Federal de Pelotas (Ufpel).
- Municípios: Pelotas, Rio Grande, Bagé, Alegrete, Dom Pedrito, Santana do Livramento, São Gabriel, Caçapava do Sul, Itaqui, Jaguarão, São Borja, São Gabriel, Uruguaiana