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Publicada em 20 de Junho de 2025 às 00:25

São José do Norte tem projeto de mineração de titânio

Cronograma da Rio Grande Mineração prevê dois anos para captação de investimentos e primeiro embarque

Cronograma da Rio Grande Mineração prevê dois anos para captação de investimentos e primeiro embarque

/Prefeitura de São José do Norte/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
"Sabe aquelas faixa pretas que aparecem muitas vezes na areia da praia? Boa parte daquilo é minério pesado e, hoje, estratégico para a indústria do País". É desta forma que o diretor de relações institucionais da Rio Grande Mineração, Raffaele di Cameli, apresenta o plano que avança em São José do Norte para tornar a cidade do Sul do Estado o novo polo brasileiro de produção de minérios que servem de matéria-prima para a produção titânio e zircônio, fundamentais para a indústria.
"Sabe aquelas faixa pretas que aparecem muitas vezes na areia da praia? Boa parte daquilo é minério pesado e, hoje, estratégico para a indústria do País". É desta forma que o diretor de relações institucionais da Rio Grande Mineração, Raffaele di Cameli, apresenta o plano que avança em São José do Norte para tornar a cidade do Sul do Estado o novo polo brasileiro de produção de minérios que servem de matéria-prima para a produção titânio e zircônio, fundamentais para a indústria.
A exploração de ilmenita, rutilo e zircão já tem o estudo de impacto ambiental avaliado pelo Ibama e a licença de instalação foi concedida no final de maio. Antes da construção do seu projeto, no entanto, a empresa inicia agora uma nova fase de planejamento técnico, ambiental e financeiro, sem prazo para que possam ser vistas máquinas na área.
O Projeto Retiro, como foi denominado, prevê 11 anos de mineração na sua primeira fase, com um aporte de US$ 300 milhões (hoje avaliado em R$ 1,6 bilhão). O cronograma da Rio Grande Mineração prevê dois anos entre a captação de investimentos finais ao projeto e o embarque da primeira carga de minérios. Antes disso, aponta o diretor, já foram investidos em torno de US$ 50 milhões (R$ 280 milhões) somente na fase de estudos e licenciamento ambiental. "Temos um potencial de 350 mil toneladas por ano de minério com potencial para ser extraído, com capacidade plena para suprirmos o mercado local e ainda exportarmos ao internacional. São José do Norte é a prioridade da mineração de metais pesados do Brasil hoje", detalha Cameli.
Até 2022, a indústria se valeu da mineração destes metais na Mina de Guajú, na Paraíba. Naquele ano, porém, a mineração neste ponto foi encerrada, e a produção de titânio - aplicado desde protetor solar até implantes, na indústria de pigmentos até ligas metálicas de celulares ou em soldas, por exemplo, da indústria naval - e de zircônio, aplicado em implantes dentários, na produção de cerâmica e de produtos refratários, ficou limitada às importações. "Este é considerado um projeto prioritário nos planos do governo federal para a indústria pela substituição de importações necessárias", completa o diretor. 
Tudo o que for retirado do solo em São José do Norte será levado até Camaçari, na Bahia, onde funciona a única planta industrial de beneficiamento destes minérios no Brasil. Não há planos de verticalizar a produção no Rio Grande do Sul.
Conforme Raffaele di Cameli, há mais de 30 anos já era conhecido o potencial da mineração em São José do Norte. A logística da exploração em área plana e a possibilidade de, logo na saída da mineração, poder embarcar o minério na estrutura portuária do município são diferenciais considerados pelos investidores.
A ideia da Rio Grande Mineração é implantar o seu projeto em uma área hoje dominada pelo plantio de pinus, às margens da área conhecida como o Banhado do Estreito. A primeira fase de implantação inclui a construção de uma unidade de beneficiamento com a planta de separação mineral. Não há, porém, unanimidade em relação ao projeto.
"Existe alguma desconfiança e desconhecimento, principalmente entre os nossos produtores rurais sobre os possíveis impactos do projeto. Mas estamos bastante atentos ao projeto, que tem todo o licenciamento feito pelo governo federal. No ano passado estivemos no Ibama e conhecemos mais detalhes. Vimos que temos muito potencial e é algo muito importante para o Brasil. A nossa expectativa é de que, como teremos impacto no município e o projeto é grandioso, o retorno em impostos e compensações seja também grandioso para São José do Norte", diz o prefeito Neromar Guimarães.
 

Lavras do Sul pode ter exploração de fosfato no município

Ainda transita na Justiça o questionamento do Ministério Público Federal e de entidades ambientalistas, ainda assim, após decisão favorável na primeira instância, em Bagé, a Águia Fertilizantes retomou o seu projeto para exploração de fosfato no Projeto Três Estradas, em Lavras do Sul. A previsão é iniciar as obras das instalações para serem utilizadas para extração do minério em agosto deste ano. A empresa utilizará ainda uma planta industrial em Caçapava do Sul para o beneficiamento do produto e distribuição comercial.
O objetivo desta mineração é gerar fosfato bruto para utilização na agricultura. Desde 2011, a empresa já investiu mais de R$ 150 milhões na região, contando com investidores australianos. Considerado estratégico para a produção agrícola brasileira, o fosfato hoje é importado em sua maior parte da Ucrânia.
"Teríamos uma usina termelétrica dentro do empreendimento para secar o produto. Naquele momento era o que havia de tecnologia disponível. Hoje não faz mais sentido falar em carvão. O Brasil já tem tecnologia disponível e é um custo acessível", diz o gerente de projetos da empresa, Diego Boeira. A intenção é iniciar a produção, com uma capacidade de processamento de 100 mil toneladas por ano, no começo de 2026. A partir de 2027, quando a planta industrial estiver pronta em Lavras do Sul, ampliará em mais 300 mil toneladas essa capacidade. A estimativa da prefeitura de Lavras do Sul é de que a mineração gere até R$ 1,5 milhão por ano em arrecadação.
 

Ouro é novo potencial na Região da Campanha

A Lavras do Sul Mineração faz parte do grupo canadense Lavras Gold, que prospecta a mineração de ouro no município da Campanha. A estimativa é de que seja possível iniciar a exploração em 2029, em uma área de 23 mil hectares. Até agora, já foram investidos R$ 200 milhões nas pesquisas na região e o projeto é de chegar a R$ 1,5 bilhão em impostos gerados em 10 anos.
O projeto já teve o termo de referência da primeira fase do licenciamento ambiental aprovado. No segundo semestre, deve ser iniciado o Estudo de Impacto Ambiental. Foram identificados 26 possíveis pontos de mineração de ouro em Lavras do Sul.
"A região não tem só ouro e fosfato, mas também temos cobre, chumbo, zinco que, se trabalhados, poderão render vários empreendimentos minerais", aponta o CEO da Lavras Gold, Michael Durose.
 

O potencial de mineração nos municípios

 Ametista: Santana do Livramento
 Cobre: Santana do Livramento, Caçapava do Sul, Santana da Boa Vista
 Basalto: Santana do Livramento, Minas do Leão
 Calcário: São Gabriel, Caçapava do Sul, Candiota, Pedro Osório, Arroio Grande, Santa Vitória do Palmar
 Chumbo: Lavras do Sul
 Água Mineral: Caçapava do Sul, Bagé, Pedras Altas, Morro Redondo, Camaquã, Chuvisca, Mariana Pimentel, Sertão Santana
 Carvão: Hulha Negra, Candiota, São Jerônimo, Butiá, Minas do Leão, Arroio dos Ratos
 Cascalho: Hulha Negra, Manoel Viana
 Areia: Manoel Viana, São José do Norte, Tavares, Cristal, Dom Feliciano, Arroio dos Ratos, Barão do Triunfo, Sentinela do Sul
 Arenito: Manoel Viana
 Granito: Camaquã, São Jerônimo, Sentinela do Sul
 Argila: São Jerônimo, Minas do Leão
 Diabásio: Butiá, Minas do Leão
 Folhelho de Pirobetumino: Minas do Leão
Fonte: MAPA DA MINERAÇÃO ANPM/DNPM 2024

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