Companhia Athletica cresce com foco na personalização

Em agosto, a Companhia Athletica, uma das maiores redes de academia de ginástica do Brasil, inaugurou, no BarraShoppingSul, sua primeira unidade no Rio Grande do Sul. Com investimento de R$ 7,5 milhões, a empresa chega à Capital de olho nas classes A e B. A abertura foi uma das três que a empresa promoveu neste ano, confirmando um momento cheio de oportunidades de negócios. Richard Bilton, diretor-presidente da Companhia Athletica, revela os planos de expansão da empresa e deixa em aberto a possibilidade de mais uma inauguração em Porto Alegre.

JC Empresas e Negócios - A chegada da Companhia Athletica em Porto Alegre e as recentes inaugurações em outras cidades representa um novo período de expansão para a empresa?

Richard Bilton - A Companhia Athletica vem há muitos anos mantendo a meta de abrir uma ou duas unidades por ano, priorizando as grandes cidades e capitais do País. Nosso objetivo é ocupar as principais localidades classificadas entre os 20 maiores PIBs municipais, sendo que já atingimos metade de todos eles. Nessas cidades, preferencialmente estamos localizados nos melhores shoppings, e o objetivo é de que tenhamos sempre a nossa operação como uma referência em cada uma destas cidades, que sejamos a operação mais admirada, com academias com os melhores serviços e equipamentos. Tal crescimento depende das oportunidades comerciais, e obviamente não se dá em busca de volume, mas sim por uma série de fatores que favoreçam que nasça uma nova unidade. Pode ocorrer que às vezes tenhamos até três inaugurações em 12 meses, como tivemos agora com Porto Alegre, no Estádio do Morumbi (em São Paulo), em setembro, e na Granja Vianna (SP), em maio. Caso não encontremos condições comerciais favoráveis, podemos ficar até dois anos sem uma inauguração.

Empresas e Negócios - Com as novas inaugurações, quais são os resultados financeiros esperados?

Bilton - É de relativa estabilidade nas unidades já inauguradas, pois o mercado está se recuperando. É possível que tenhamos algum crescimento se considerarmos o número de praticantes como um todo e nossas novas unidades. O desafio para o crescimento é que o aumento no número de novas academias no mercado tornou-o ainda mais disputado, fazendo com que a média de alunos por unidade fique mais instável. Acreditamos que conseguimos nos destacar nessa situação, pois com o melhor atendimento, fidelizamos de forma mais acentuada nosso quadro de alunos.

Empresas e Negócios - Quais são as metas de negócios na nova unidade de Porto Alegre? Poderá haver uma nova inauguração na cidade?

Bilton - Estamos muito satisfeitos em conseguir entrar em Porto Alegre, em um dos melhores shoppings da região Sul do País. Normalmente, leva até três anos para você ter uma unidade operando de forma madura, ainda mais quando entramos em uma região que está em fase de ocupação e crescimento, como é a região do BarraShopping-Sul. A princípio, imaginamos atingir o ponto de equilíbrio em até seis meses e um retorno do investimento em até sete anos. Quanto a termos uma segunda unidade em Porto Alegre, isso é possível, ainda mais se considerarmos que há ótimos bairros que ainda não conseguimos atingir com a atual, como ocorre em toda grande Capital. Porém, isso não está previsto para o curto prazo.

Empresas e Negócios - Quais são as peculiaridades da unidade gaúcha?

Bilton - O público gaúcho é claramente um dos mais exigentes do País. Teremos uma bela equipe de corrida na unidade de Porto Alegre, o que propiciará um casamento ainda maior com essa tendência tão forte da corrida em todas as grandes cidades, juntando a nossa equipe, infraestrutura e a pista à beira do Guaíba, que é um verdadeiro cartão postal da cidade.

Empresas e Negócios - A Cia Athletica é reconhecida pela tecnologia em seus equipamentos e atividades. Quanto a empresa investe anualmente na renovação dos aparelhos?

Bilton - Estamos sempre reinvestindo para contarmos com os melhores equipamentos em nossas unidades, gastando com isso em torno de 6% do faturamento de cada unidade. Podemos dizer que, mesmo que não inauguremos qualquer academia, só com reposição de equipamentos por modelos novos, compramos o equivalente aos equipamentos para duas novas unidades.

Empresas e Negócios - E como funciona o monitoramento dos principais equipamentos e técnicas de ginásticas que chegam ao mercado?

Bilton - Todos os anos, vamos ao exterior em busca das melhores novidades. Como grandes clientes que somos das melhores marcas do mundo, propiciamos exposição dessas marcas quando as compramos e instalamos em nossas unidades. É também interesse dos maiores fabricantes que sempre tenhamos as últimas novidades, uma vez que somos verdadeiras vitrines para eles. Na parte de ginástica, por contarmos com um corpo técnico altamente capacitado, com quase mil profissionais de educação física, a grande maioria com cursos de extensão, pós-graduação e mestrado, temos também um bom número de lançamentos próprios em aulas, e que depois o mercado corre atrás tentando imitar.

Empresas e Negócios - Além da unidade no Estádio Morumbi, a empresa poderá inaugurar unidades em outras arenas ou estádios?

Bilton - Consideramos que a unidade do Morumbi foi uma inovação em termos mundiais, pois academias em estádios podem e até existem em outras praças, mas no formato como a nossa, com visualização de todo o campo, imagino que sejamos os únicos. A academia está situada ao lado dos camarotes, com acesso para os alunos poderem correr na pista atlética ao redor do campo. Somos também movidos pelas oportunidades, que tornam possíveis inovações como esta, embora seja difícil de ser repetida. Mas nada impede que venhamos a repeti-la caso tenhamos condições interessantes.

Empresas e Negócios - O elevado número de academias no Brasil não torna o crescimento almejado mais difícil?

Bilton - O Brasil tem um lado muito forte voltado para a prática do esporte e da atividade física, prova disso é que somos atualmente o segundo País no mundo número de academias, só perdendo para os Estados Unidos. Por outro lado, isso demonstra também certa saturação em algumas praças. O que precisamos atingir agora é uma maior penetração na sociedade, isto é, precisamos que um percentual maior da população se conscientize da necessidade de praticar alguma atividade física e abandone o sedentarismo, um dos maiores males destes tempos modernos. Temos convicção de que várias redes, especialistas em volume e preço baixo, porém também com baixa qualidade na prestação de serviços, entrarão nesse nicho, no entanto optamos por mantermos nossa atual linha e não entraremos nesse tipo de operação.

Empresas e Negócios - Como se diferenciar em um mercado tão concorrido, para manter os clientes e captar os novos?

Bilton - Nossa prioridade será operarmos academias completas, com o melhor atendimento possível, em ótimos pontos, buscando atingir os resultados e objetivos almejados pelos nossos clientes, operando com os melhores profissionais do mercado, sempre em treinamento para evoluirmos cada vez mais. Nosso desafio é atendermos bons volumes com qualidade, de forma personalizada, "gente cuidando de gente", e isso conflita com o modelo de volume com baixo custo, que nada mais precisaria ser do que um galpão com equipamentos, o que difere demais do nosso modelo de operação. Trabalhamos relembrando nossa missão: "Ajudar as pessoas a estar bem fisicamente e a fazer novos amigos, sempre."