Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

JC Logística

- Publicada em 19 de Maio de 2020 às 03:00

Pandemia leva à paralisação total nas operações de trens

Trem do Vinho - mais conhecido como Maria Fumaça - deve retomar atividades em junho

Trem do Vinho - mais conhecido como Maria Fumaça - deve retomar atividades em junho


YASUYOSHI CHIBA/AFP/JC
Nenhum passageiro foi transportado por trens regulares ou turísticos no País desde março, devido à pandemia do novo coronavírus e às consequentes medidas adotadas para restringir a circulação de pessoas, fenômeno que não ocorreu nessa intensidade nem mesmo durante a Segunda Guerra (1939-1945) ou após a quebra da Bolsa de Nova York (1929), segundo pesquisadores ferroviários e especialistas.
Nenhum passageiro foi transportado por trens regulares ou turísticos no País desde março, devido à pandemia do novo coronavírus e às consequentes medidas adotadas para restringir a circulação de pessoas, fenômeno que não ocorreu nessa intensidade nem mesmo durante a Segunda Guerra (1939-1945) ou após a quebra da Bolsa de Nova York (1929), segundo pesquisadores ferroviários e especialistas.
Nem era esperado que fosse muito diferente disso, já que a pandemia dizimou temporariamente a malha aérea, viu empresas de ônibus intermunicipais demitindo e reduziu o fluxo de veículos nas rodovias. A diferença é que, enquanto há passageiros - poucos, mas há - voando, usando ônibus e carros, eles não têm opção para deslocamentos ferroviários, o que só mostra como o sistema é limitado no País.
Enquanto a aviação transportou 104,4 milhões de passageiros em 2019 no País, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), os trens de passageiros regulares e turísticos não chegaram a 4,5 milhões, a maioria deles em operações turísticas, aos fins de semana.
"Nunca tinha havido interrupção dessa forma, até porque os trens turísticos existem há muito tempo. Quando o trem começou a operar entre Campinas e Jaguariúna [1984], por exemplo, ainda havia muitos trens de passageiros. Parar tudo, como agora, não tinha ocorrido", afirmou o pesquisador ferroviário Ralph Mennucci Giesbrecht.
Segundo ele, houve paralisações nas atividades de algumas linhas ferroviárias após a quebra da bolsa nos EUA, que fez com que fosse reduzida significativamente a compra de café brasileiro, gerando a interrupção em ramais ferroviários no interior paulista.
"Teve uma ou outra paralisação na Segunda Guerra, mas nada que impedisse o transporte de passageiros", afirmou. À época, o trem era praticamente a única opção viável de transporte.
O País, que tem malha ferroviária basicamente destinada ao transporte de cargas, ainda possui pouco mais de 1,5 mil quilômetros de trilhos utilizados para o transporte regular de passageiros, que levam, em média, 1,3 milhão de passageiros por ano.
Não estão nesse cálculo trens metropolitanos, como os operados pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), em São Paulo, e pela SuperVia, no Rio de Janeiro, que seguem funcionando, mas com ocupação reduzida.
Os únicos dois trens de passageiros com operação regular no Brasil são operados pela Vale, o da EFVM (Estrada de Ferro Vitória-Minas) e o da Estrada de Ferro Carajás. O primeiro faz a rota entre Belo Horizonte e Vitória, enquanto o segundo percorre os trilhos entre São Luís e Parauapebas (PA). A circulação de ambos foi suspensa em 24 de março, como forma de contribuir para as ações de contenção à pandemia da Covid-19, segundo a empresa.
O trem entre Espírito Santo e Minas Gerais percorre, diariamente, 664 quilômetros de trilhos, parte às 7h de Cariacica (ES) e chega à capital mineira às 20h10min. No sentido contrário, parte de Belo Horizonte às 7h30min e termina a viagem às 20h30min.
No trajeto entre os dois estados, percorre margens do rio Doce e passa por trechos de mata atlântica no Espírito Santo e montanhas em Minas. E para em 28 estações no trajeto. Já o de Carajás parte às 8h (segundas, quintas e sábados) de São Luís e chega a Parauapebas às 23h50min. Às terças, sextas e domingos, parte às 6h da cidade paraense e chega às 22h na capital do Maranhão.
O trem foi inaugurado em 1985 e percorre 870 quilômetros de trilhos, passando por 25 povoados e municípios. Não há prazo para que os trens voltem a circular. "Nunca tivemos isso, o retrocesso que vivemos agora é total. Se o governo assinar a antecipação das renovações das concessões como estão, aí será sepultado o transporte de cargas em geral e o de passageiros por mais 40 anos", afirmou José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Ferrofrente (Frente Nacional pela Volta das Ferrovias).
De acordo com ele, os trens regulares não deveriam sofrer interrupção, pois são um meio de transporte, assim como ônibus e aviões. Além dos dois trens da Vale, há outros 21 trens turísticos e culturais, que, em média, transportam, por ano, 3 milhões de passageiros, segundo a Abottc (Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais).
No Rio Grande do Sul, o Trem do Vinho - mais conhecido como Maria Fumaça -, que percorre 23 quilômetros entre Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa, foi parado em 18 de março. A expectativa da Giordani Turismo e Eventos, responsável pelo trem, é retomar os passeios no dia 6 de junho, depois de 80 dias de paralisação.
A retomada será gradual. Para o período entre junho e setembro, por exemplo, os passeios ocorrerão apenas aos sábados à tarde. Como adiantou o Jornal do Comércio na semana passada, as equipes foram treinadas para garantir a segurança sanitária dos passageiros. De acordo com a Giordani Turismo e Eventos, a Maria Fumaça passará por higienização a cada viagem e será disponibilizado álcool em gel 70% aos passageiros.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO