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Publicada em 12 de Junho de 2024 às 12:28

Policia Civil indicia sete funcionários e Cobasi por morte de pets durante enchente

Ao todo nove pessoas foram indiciadas, bem como 4 CNPJs

Ao todo nove pessoas foram indiciadas, bem como 4 CNPJs

Arthur Reckziegel/Especial/Jc
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Arthur Reckziegel
Arthur Reckziegel Repórter
Na manhã desta quarta-feira (12), a Policia Civil apresentou quatro inquéritos que investigam a morte de pets em estabelecimentos de Porto Alegre. Além de duas unidades da Cobasi, o pet shop Bicharada, da avenida Júlio de Castilhos, foi citado nos documentos.
Na manhã desta quarta-feira (12), a Policia Civil apresentou quatro inquéritos que investigam a morte de pets em estabelecimentos de Porto Alegre. Além de duas unidades da Cobasi, o pet shop Bicharada, da avenida Júlio de Castilhos, foi citado nos documentos.
Ao todo, nove pessoas foram indiciadas, bem como quatro CNPJs. Três deles pertencentes à grande rede nacional, sendo as duas filias da Capital e a matriz em São Paulo, e um referente a loja da Bicharada localizada no Centro da cidade. 
O primeiro inquérito trata do caso ocorrido no Praia de Belas Shopping que ficou bastante conhecido pelo público. Localizada no subsolo, a filial da Cobasi alagou completamente, levando todos os animais ali presentes a óbito. Duas gerentes da loja foram indiciadas, uma responsável técnica e também a gerente regional da empresa.
A segunda loja da Cobasi citada fica na Avenida Brasil. No dia 11 de maio, voluntários que estavam ajudando nos resgates na região receberam uma denúncia de que haviam animais lá dentro. Os voluntários arrombaram o local e conseguiram salvar grande parte do animais.
A polícia civil afirmou que informações obtidas diretamente com a empresa apontaram a presença de 349 animais no local, dos quais faleceram alguns peixes e um papagaio. "O local era insalubre, sem luz, e com um forte odor por conta da água suja. Isso acabou causando, muito provavelmente, a morte desses bichos. Por que uma empresa bilionária não tomou a decisão de tirar os animais antes dos voluntários?”, questiona a  delegada Samieh Saleh, responsável pela Delegacia do Meio Ambiente do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Ali três gerentes foram indiciadas, bem como a mesma gerente regional e a mesma responsável técnica. O terceiro inquérito indiciou a unidade da Bicharada que fica na avenida Júlio de Castilhos. Além da unidade física, duas funcionárias também foram indiciadas. No dia 15 de maio, um grupo de voluntários teve de retirar os animais que estavam presos no local.  
Recentemente, a Cobasi publicou uma nota responsabilizando o Shopping Praia de Belas pelo fato de não ter conseguido resgatar os animais. 
Em contrapartida, a delegada responsável pelo caso atesta que a administração do Shopping entrou em contato com a gerente da Cobasi, informando sobre a situação e se colocando a disposição para qualquer ajuda que a filial pudesse precisar. "A gerente regional, sabendo da situação, instruiu a gerente da loja que aguardasse novos direcionamentos. Nesse meio tempo a água subiu a não foi mais possível acessar o local", afirma Samieh. 
A delegada responsabiliza a Cobasi e seus funcionários pelo ocorrido. "Temos um vídeo de uma gerente fechando a loja na noite anterior, olhando pro subsolo onde não tinha mais nenhum carro, e mesmo assim indo embora sem fazer nada. A decisão de retirar os animais deveria ter sido tomada antes."
O que diz a Cobasi
A respeito dos indiciamentos, a Cobasi se manifestou por meio de nota assinada pelo advogado Paulo da Cunha Bueno. Confira abaixo a nota na íntegra:
“A defesa da Cobasi manifesta sua completa indignação com qualquer fala que indique a possibilidade de que, ao final das exaustivas investigações, a autoridade policial venha a proceder ao formal indiciamento de qualquer de seus colaboradores.
A equipe da loja localizada no shopping Praia de Belas —assim como toda a população e autoridades do RS —, foi surpreendida por um evento da natureza de proporções imponderáveis, estado de coisas que, por si só, já tornaria incogitável que a causa da morte dos animais da loja possa ser distorcida para uma acusação de crime doloso que demandaria, inclusive, requintes de crueldade em sua configuração.
É lamentável que em torno desse capítulo da tragédia, que afetou impiedosamente todo o povo gaúcho, esteja sendo construída uma narrativa famigerada e inverídica.
Por fim, causa espécie que se venha ignorando por completo as iniciativas tomadas pela administração do shopping Praia de Belas no endereçamento da situação, proibindo o ingresso de funcionários da Cobasi nas suas dependências, ao mesmo tempo em que emitia repetidos comunicados aos lojistas, informando-os que a situação encontrava-se administrada.
A defesa da Cobasi acredita que, a despeito da repercussão midiática que o lamentável episódio ganhou, seu desfecho não virá a partir de contorcionismos jurídicos e conclusões levianas.”

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