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Porto Alegre, sexta-feira, 12 de julho de 2019.
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Cultura

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reportagem cultural

Edi��o impressa de 20/07/2018. Alterada em 19/07 �s 22h46min

P�ginas de muitas m�os

Internet obrigou sebos a organizarem acervos, pondera Mauro Messina, da Ladeira Livros

Internet obrigou sebos a organizarem acervos, pondera Mauro Messina, da Ladeira Livros


CLAITON DORNELLES /JC
Comércio e afeto se misturam nos sebos. Em geral, o negócio cresce com quem gosta de livros, dada a dificuldade de entender a economia do mundo livreiro. Não basta ser comerciante para entender o preço do item livro e também não basta gostar de livros e querer vender aqueles de que se gosta. É um espaço competitivo, de mérito para quem chega primeiro a uma obra rara e de quem percebe o valor de uma raridade antes dos outros. É sinal de poder ser procurado e acumular bons contatos de bibliotecas vantajosas. É um mercado de um pouco de sorte e muito trabalho.
Comércio e afeto se misturam nos sebos. Em geral, o negócio cresce com quem gosta de livros, dada a dificuldade de entender a economia do mundo livreiro. Não basta ser comerciante para entender o preço do item livro e também não basta gostar de livros e querer vender aqueles de que se gosta. É um espaço competitivo, de mérito para quem chega primeiro a uma obra rara e de quem percebe o valor de uma raridade antes dos outros. É sinal de poder ser procurado e acumular bons contatos de bibliotecas vantajosas. É um mercado de um pouco de sorte e muito trabalho.
Entender as regras desse campo é perceber seus valores intrínsecos. O estoque é acervo e pode conter itens com mais valor do que o que está aparente nas lojas. O objetivo central desse mercado, aliás, tem valor bastante complexo. Livros com páginas amareladas e quase se despedaçando podem valer mais, muito mais do que publicações novas. É possível chegar com um livro e sair com 10. Também acontece de apresentar ao livreiro 50 exemplares e sair com cinco da loja. Nem sempre eles trocam ou o que a gente leva vale uma troca. São tantos elementos que impactam no preço do livro nos sebos que a matemática não é simples. Para vender, trocar ou comprar é necessário observar estado de conservação, gênero da escrita, autoria e tempo, fator decisivo, capaz de valorizar uma obra ou rebaixá-la irremediavelmente.
Um volume grifado se desvaloriza, mas, se o grifo é de autoria prestigiada, a história muda. Assim vai se compondo o valor de um livro usado, desde o estado até uma eventual dedicatória ilustre que possa conter. Quarto de despejo, que projetou Carolina Maria de Jesus, nesta semana podia ser encontrado na Estante Virtual por R$ 25,00. A sexta edição da obra, publicada em 1960 pela Livraria Francisco Alves, é orçada por até R$ 400,00, pois foi uma das oito lançadas naquele ano para responder ao sucesso de público da autora, feito sem precedentes no País. Mesmo que seu estado de conservação seja pior na comparação com as edições mais recentes e baratas, esse exemplar é, para colecionistas, um objeto de valor incomensurável. Cada sinal de leitura é valioso, porque traz um pouco da história do livro no Brasil e da leitura de Carolina.
O ofício do livreiro é mensurar o valor de um livro e fazer o objeto chegar a quem deseja tê-lo. Nesse sentido, a internet operou uma verdadeira revolução, levando facilidade aos compradores. Antes, era comum compradores e colecionistas andarem pelo País atrás de raridades não identificadas. Algum livro jogado em um canto podia se transformar em tesouro. Era um mercado de achados em que muitos sebos nem catálogo possuíam. Com a internet, esse cenário mudou.
"A primeira mudança foi que os sebos precisaram se organizar", pontua Mauro Messina, da Ladeira Livros, homenagem à rua mais célebre de venda de usados. Muitos catálogos se organizavam nas cabeças dos donos de sebos, e diversos compradores nunca conseguiam descobrir onde estava o livro que queriam. O avanço do comércio on-line obrigou livreiros a digitalizar os acervos, expor os catálogos, analisar a condição dos itens e comparar preços.
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