As origens do bairro Independência remontam à segunda metade do século XVIII, onde sua principal via, a atual avenida Independência, era conhecida por Estrada de Cima e Caminho da Aldeia, por ser uma das saídas de Porto Alegre até a Aldeia dos Anjos, atual Gravataí. Ficava na avenida Independência, nº 925, o Teatro Leopoldina, inaugurado em 1963, tendo espaço para 1.230 pessoas. Em seu palco, apresentaram-se nomes como Ástor Piazolla, Ella Fitzgerald, Elis Regina e Gilberto Gil. De 1981 a 2008, ele foi conhecido por Teatro da Ospa, onde a orquestra estadual ensaiava e se apresentava. Ficam no bairro Independência dois conhecidos centros médicos: o Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, fundado em 1953 e atualmente administrado pela prefeitura. Já a fundação da Beneficência Portuguesa de Porto Alegre remonta a 1845 e a história da comunidade lusa.
*Vinícius Mitto é Professor e Arquivista e edita o blog @bahguri.rs
Há 119 anos, Colégio Marista Rosário é referência e movimenta a economia da Independência
É em um prédio histórico imponente, que data de 1927, localizado em uma esquina icônica da avenida Independência, que está uma das instituições de ensino mais tradicionais de Porto Alegre. O Colégio Marista Rosário completa, em 2024, 120 anos de história e celebra a conexão com estudantes que atravessa gerações. Além disso, a escola é parte importante da economia do entorno. Com 2,9 mil alunos e mais de 500 colaboradores, o Rosário fomenta o ecossistema empreendedor da região a partir da grande circulação diária de pessoas.
Apesar da tradição na avenida Independência, em frente à Praça Dom Sebastião, o início da escola se deu em outro ponto de Porto Alegre. Como conta Maurício Coloniezzi Erthal, vice-diretor administrativo do Colégio Marista Rosário, a história da instituição se funde com a chegada dos irmãos Maristas à Capital. "Os irmãos chegaram no Sul em 1900, e o Rosário inicia em 1904, em duas salinhas na Igreja Nossa Senhora do Rosário. Os irmãos vieram pela alta demanda de educação na região, por necessidade de atender as famílias, muitos imigrantes e seus filhos. O único local que foi possível se estabelecer foi nessas saletinhas. Mais tarde, o colégio começa a atender um número maior de crianças e jovens e transfere-se para a rua Riachuelo", contextualiza Maurício.
Antes de chegar à Independência, a escola também passou por salas no subsolo da Catedral Metropolitana de Porto Alegre. Em 1927, o Rosário assumiu o ponto onde está até hoje. O prédio, conta Maurício, foi construído aos poucos e, em 1931, abrigou o que foi o embrião da Pucrs. "Os primeiros cursos técnicos da Administração, da área de Comércio começaram a se centrar dentro do Rosário. Muitos cursos funcionaram aqui e, depois, ganharam o espaço no que, hoje, é o campus na Ipiranga", conta Maurício, que atrela o início de umas das principais universidades do Estado à vocação para educação que tem a região da Independência. "Originalmente, ela foi, como todos os grandes centros, uma área de imigração. Muita colonização alemã, italiana. Mas, como é muito típico dos grandes centros, a educação foi uma das primeiras demandas. Tanto o Rosário em 1904, como depois, na década de 1950, o Colégio Estadual Othelo Rosa, o próprio Bom Conselho, muitas escolas que foram se situando aqui." Para o vice-diretor administrativo, esse perfil segue até hoje na região. "Continua tendo essa vocação da educação aqui no bairro, haja vista a própria Pucrs ter nascido aqui, ter tantas escolas privadas, públicas, os cursinhos", elenca.
A localização na Independência, como destaca Maurício, explica parte desse protagonismo. "É um local próximo dos locais de saída de Porto Alegre, como o aeroporto e a rodoviária. Isso cria uma característica de movimento no entorno." Mas não só o espaço geográfico é responsável pela força econômica do bairro. As instituições educacionais que se estabeleceram pela região movimentam, entre pais, alunos e colegas, uma enorme quantidade de pessoas. "A educação faz parte da vida do bairro. Os comerciantes se adaptam para receber esse público, falam que dependem dessa atividade. Quando os colégios e cursinhos estão de férias, percebemos como a região se transforma, muda a característica", diz Maurício.
"Isso para o lado bom e para o lado nem tão bom. Somos muito conscientes do quanto mobilizamos o trânsito da cidade nesse entorno. Nenhum outro tipo de comércio movimenta quatro saídas por dia, 200 vezes por ano. Recebemos estudantes de mais de 80 bairros diferentes", comenta o vice-diretor administrativo, que não deixa passar despercebido os desafios do bairro Independência.
Pensando nisso, o Colégio Marista Rosário inaugurou, em 2010, um segundo prédio para abrigar estacionamento e bicicletário, localizado na rua Irmão José Otão. "O colégio se preocupa com o seu entorno. Sabemos o quanto trazemos vida, movimento e oxigenação para o bairro. Mas, por outro lado, temos que cuidar da qualidade de vida da região, não trancar as vias", afirma Maurício.
LEIA TAMBÉM > Há mais de 20 anos, Vertigem Tattoo Shop aposta em conexão com o público de Porto Alegre
O olhar cuidadoso se estende aos funcionários e alunos. "Primeira chave de sucesso para qualquer empreendimento são as pessoas. São elas que fazem um negócio se manter e ter fidelidade. As estruturas se modificam, mudam de endereço", observa. O Rosário apresenta um plano de gestão horizontal, segundo Maurício, focado em envolver todos os colaboradores no sistema de ensino. Já em relação aos estudantes, uma das ênfases educacionais, além dos resultados acadêmicos, são as tarefas extracurriculares. "Nosso objetivo é fazer com que o espaço de educação seja também um espaço de experiências." Ao todo, são 16 atividades complementares e 14 clubes, como o grupo de pensamento computacional e a orquestra.
E esses alunos também se relacionam com o bairro. "O nosso grupo de educação ambiental fez um trabalho maravilhoso: confeccionou um ecoguia e identificou todas as vegetações da Praça Dom Sebastião, com o nome científico e a idade de cada planta. Na pandemia, os grupos de pensamento computacional, de robótica e de outras áreas de tecnologia também buscaram ajudar a região. Fizeram máscaras face shield dentro do laboratório para doar para o comércio do bairro", lembra Maurício. "Não enxergaria jamais o colégio não vivendo aqui, não tem como. Estamos muito conectados com a vida e com a história de tudo aqui."
E esses alunos também se relacionam com o bairro. "O nosso grupo de educação ambiental fez um trabalho maravilhoso: confeccionou um ecoguia e identificou todas as vegetações da Praça Dom Sebastião, com o nome científico e a idade de cada planta. Na pandemia, os grupos de pensamento computacional, de robótica e de outras áreas de tecnologia também buscaram ajudar a região. Fizeram máscaras face shield dentro do laboratório para doar para o comércio do bairro", lembra Maurício. "Não enxergaria jamais o colégio não vivendo aqui, não tem como. Estamos muito conectados com a vida e com a história de tudo aqui."
Armazém do Sabor enxuga e aposta na tradição de 22 anos para manter negócio no bairro Independência
Entender o que realmente contribui para o sucesso de um negócio faz parte do âmago empreendedor. E é com essa estratégia - que se popularizou com o jargão 'menos é mais' - que os irmãos Luiz Felipe e Tiago Chies reposicionam o Armazém do Sabor no mercado. Um dos bufês mais clássicos do bairro Independência, localizado em avenida homônima, enxuga para manter a essência de 22 anos de operação em meio a um setor que vive turbulências depois da pandemia.
E Tiago parece entender bem o que é a tradição do Armazém do Sabor. O empreendedor é o nome à frente do restaurante desde 2003. À época com 18 anos, o barbosense assumiu a operação inaugurada, em 2001, pela família. "Meus tios saíram de Carlos Barbosa e vieram para Porto Alegre para trabalhar com gastronomia. Começaram com uma lancheria na rua Uruguai, depois montaram o primeiro restaurante por quilo do Rio Grande do Sul. Os negócios foram dando certo, e eles acabaram adquirindo outros empreendimentos."
Eis, então, que surge o Armazém do Sabor. "Meus tios viram um ponto interessante nessa região. Era um local grande, com duas salas, e eles até estavam com um pouco de dúvida se deveriam ficar com os dois ambientes. Acabaram optando por adquirir, acreditando no potencial da avenida Independência", recorda Tiago. O restaurante, naquele momento, suportava até 340 pessoas. Hoje, a capacidade é de 280.
Eis, então, que surge o Armazém do Sabor. "Meus tios viram um ponto interessante nessa região. Era um local grande, com duas salas, e eles até estavam com um pouco de dúvida se deveriam ficar com os dois ambientes. Acabaram optando por adquirir, acreditando no potencial da avenida Independência", recorda Tiago. O restaurante, naquele momento, suportava até 340 pessoas. Hoje, a capacidade é de 280.
LEIA TAMBÉM > Com foco no bufê livre e em comida italiana , restaurante Tutty's é referência há 44 anos no bairro Independência
A redução ocorreu em virtude das mudanças impostas pela pandemia. "Trabalhamos praticamente dois anos sem ter nenhum retorno financeiro. Não acreditamos que vamos voltar ao fluxo de clientes que tínhamos antes da pandemia, muitas pessoas migraram para o trabalho remoto ou híbrido, aprenderam a cozinhar. Os insumos também subiram de preço. Tivemos que reestruturar para continuar", entende Tiago.
A necessidade de mudanças se traduz em números. Antes da pandemia, o Armazém do Sabor chegava a receber 700 pessoas num único dia. Depois, a clientela reduziu pela metade. Os funcionários seguem a mesma tendência: a quantidade de colaboradores passou de 30 para 15. "Sempre trabalhamos com bufê livre. Nunca pensamos em mudar o formato, mas tivemos que reestruturar a casa", aponta Tiago, que vê na mudança um processo para entender aquilo que o negócio tem de melhor e que vale fazer um esforço para ser mantido.
É o caso da configuração em bufê e do endereço da operação. "A Independência é a minha casa. Estamos trabalhando aqui há 22 anos. Gosto muito que temos um público jovem, que vem do Rosário e dos cursinhos da região. Também tem uma boa clientela local, é uma área residencial. Temos um convívio quase diário com as pessoas e criamos uma amizade", observa Tiago, que, ao lado de Luiz Felipe, comanda o negócio.
O restaurante conta com alternativas de saladas, frutas, pratos quentes, sobremesas e sorvete expresso, além de ilhas temáticas que mudam de acordo com o dia da semana. Às segundas-feiras, as pizzas são as opções especiais; às terças, fondue de chocolate; às quartas, feijoada; às quintas, especiarias mexicanas; às sextas, massas; e, aos sábados, voltam à operação as ilhas mexicanas e de fondue. "Buscamos dar essa diferenciada diária para atrair a clientela", diz Tiago. Durante a semana, o bufê livre custa R$ 35,90 e, aos sábados, R$ 47,90.
Para o futuro do Armazém do Sabor, o empreendedor adota cautela. A pandemia trouxe ensinamentos que vieram para ficar, e Tiago planeja os próximos passos com atenção. "É viver um dia de cada vez. Claro, tem que almejar algo, mas não adianta achar que as coisas vão acontecer de uma hora para a outra. Além disso, temos que sempre buscar melhorar, investir e trazer novidades para não ficarmos parados no tempo."
É o caso da configuração em bufê e do endereço da operação. "A Independência é a minha casa. Estamos trabalhando aqui há 22 anos. Gosto muito que temos um público jovem, que vem do Rosário e dos cursinhos da região. Também tem uma boa clientela local, é uma área residencial. Temos um convívio quase diário com as pessoas e criamos uma amizade", observa Tiago, que, ao lado de Luiz Felipe, comanda o negócio.
O restaurante conta com alternativas de saladas, frutas, pratos quentes, sobremesas e sorvete expresso, além de ilhas temáticas que mudam de acordo com o dia da semana. Às segundas-feiras, as pizzas são as opções especiais; às terças, fondue de chocolate; às quartas, feijoada; às quintas, especiarias mexicanas; às sextas, massas; e, aos sábados, voltam à operação as ilhas mexicanas e de fondue. "Buscamos dar essa diferenciada diária para atrair a clientela", diz Tiago. Durante a semana, o bufê livre custa R$ 35,90 e, aos sábados, R$ 47,90.
Para o futuro do Armazém do Sabor, o empreendedor adota cautela. A pandemia trouxe ensinamentos que vieram para ficar, e Tiago planeja os próximos passos com atenção. "É viver um dia de cada vez. Claro, tem que almejar algo, mas não adianta achar que as coisas vão acontecer de uma hora para a outra. Além disso, temos que sempre buscar melhorar, investir e trazer novidades para não ficarmos parados no tempo."
O Armazém do Sabor está localizado na avenida Independência, 488, e funciona de segunda-feira a sábado, das 11hs às 14h30min. Pedidos por delivery podem ser feitos pelo WhatsApp (51) 99800-6528.
Pipoqueiro vende R$ 450,00 por dia em frente ao Rosário desde o início dos anos 2000
Quem vê Higino Henrique Freitas, 53 anos, na esquina da avenida Independência com a Praça Dom Sebastião, na saída do Colégio Marista Rosário, pode não saber que está diante de um empreendedor nato. Há mais de duas décadas no ponto, o pipoqueiro vende, em dias movimentados, R$ 450,00 em saquinhos de pipocas doces e salgadas. E, agora, planeja a sucessão. Com conhecimentos herdados da época em que atuava como metalúrgico, Henrique também monta carrinhos de venda e coloca a família no ramo dos ambulantes.
Mas ele não é o primeiro dessa linhagem. "Meu pai vendia algodão doce e pipoca, quando o carrinho ainda era de madeira. A minha madrinha é pipoqueira há 54 anos. É uma coisa que vem de berço", lembra. Hoje, além de Henrique, outras gerações da família também seguem no segmento. "Ajudei a plantar essa semente. Coloquei as minhas filhas, meu neto, meus irmãos e meu sobrinho no ramo", diz o empreendedor. As produções são independentes e têm seus carrinhos próprios, fabricados por Henrique.
Com mais de 20 anos de experiência no ramo, o pipoqueiro passa ensinamentos aos familiares para além das panelas. "Para tu teres um bom negócio, tem que respeitar todo mundo. O cliente sempre tem razão." E Henrique espelha essas noções empreendedoras no bairro Independência. "Tenho uma boa relação com toda a comunidade. Tem a banca de revistas, a fruteira, o chaveiro, o pessoal da Santa Casa e do transporte escolar. São todos meus amigos."
LEIA TAMBÉM > Loja de vestidos de noiva remonta época tradicional da avenida Independência em Porto Alegre
As amizades construídas ajudam a aumentar as vendas do pipoqueiro na saída do Colégio Marista Rosário pela avenida Independência. É parte de uma tradição dos alunos do turno da tarde comprar pipocas doces e salgadas depois da aula. As opções partem de R$ 5,00 e podem receber complementos, como confetes, leite condensado, queijo e orégano.
As alternativas também são conhecidas pelos alunos que saem pela rua Irmão José Otão. No endereço, as filhas do pipoqueiro Daiane e Danielle Freitas chegam a vender R$ 700,00 em saquinhos de pipocas por dia. Aos fins de semana, Henrique desloca-se para a Redenção, onde estima arrecadar cerca de R$ 1,2 mil em dias agitados.
Em frente ao Rosário, Cachorro Quente do R é clássico de Porto Alegre há mais de 60 anos
Desde 1962, a carrocinha do Cachorro Quente do R é referência no mesmo ponto do bairro Independência. Em frente ao Colégio Marista Rosário, na Praça Dom Sebastião, a operação cultiva, há mais de 60 anos, uma boa relação com a vizinhança. Nas palavras de Vagner Oliveira, supervisor da carrocinha, sejam pessoas físicas ou outros comércios nos arredores do bairro, todos são bons vizinhos no bairro Independência. “Quem mora aqui na volta vê a gente e já conversa, estão sempre nos ajudando. É como se fôssemos todos vizinhos. A gente se ajuda, temos essa relação boa”, define Vagner, que já está no negócio há 17 anos.
LEIA TAMBÉM > Clássico do bairro Independência, o cursinho pré-vestibular Mottola aposta na boa relação com os alunos para atrair a clientela
Hoje, a maior parte do público, de acordo com Vagner, não são os estudantes do colégio, mas, sim, os saudosistas que comiam o lanche nos anos 1970 e 1980. “Esses dias veio um senhor comer aqui e ele disse que cada pedaço que come tem gosto da sua infância, que come o cachorro-quente aqui na carrocinha há 45 anos. Todos os dias recebemos relatos como esse, temos muito essa relação, principalmente com quem já estudou no colégio e sempre volta para comer o cachorro”, afirma Vagner, que gosta da liberdade de trabalhar em um espaço ao ar livre e, principalmente, das conexões que o trabalho gera.
“Nós conhecemos e conversamos com muitas pessoas diferentes, fazemos amizades, é desde o morador de rua até o empresário milionário. O Werdum (Fabricio, lutador de MMA)) já veio bastante comer aqui, o Serginho Moah vem aqui. Acho que isso é o mais legal: o cachorro-quente engloba todo mundo, do rico ao pobre, todos gostam do lanche”, reflete.
A carrocinha chega a vender 500 cachorros por dia, e são várias as opções disponíveis no cardápio, com valores que variam entre R$ 15,50 e R$20,50. O negócio também vende delivery pelo iFood.
Há mais de 20 anos, Vertigem Tattoo Shop aposta em conexão com o público de Porto Alegre
Prestes a completar 25 anos de história em 2024, o Vertigem Tattoo Shop é um dos comércios que testemunha a passagem do tempo na avenida Independência. Criado pelos irmãos Jorge e Carlos Oliveira, o negócio segue, ao longo desse um quarto de século, trabalhando com tatuagens e piercings.
No entanto, a trajetória da dupla tanto no empreendedorismo quanto na tatuagem não começou à beira da avenida, e sim à beira-mar. Em 1998, eles começaram a tatuar em casas noturnas do Litoral Norte. “Quando terminou o verão, um amigo nosso, que morava em Porto Alegre, nos aconselhou a vir para cá, que era onde tudo acontecia”, lembra Carlos. Assim, os irmãos alugaram uma pequena sala na rua Felipe Camarão, que, além de estúdio, servia de casa para os tatuadores. “Não tinham clientes, não éramos conhecidos, não tinha internet naquela época. Imprimíamos um calhamaço de folhetos e íamos distribuir na Cidade Baixa. Íamos nos bares, na fila do Opinião, que bombava naquela época”, conta Carlos.
Poucos anos depois, o Vertigem migrou para a avenida Independência, em um ponto em frente ao que ocupa hoje, onde ficou até 2010. “Na época, tinham poucos tatuadores aqui na Independência, conseguíamos fazer os nossos clientes no boca a boca”, contextualiza Carlos sobre o mercado, bem diferente do atual. “Há 25 anos, era tudo muito diferente. Materiais, equipamentos, técnicas. Temos que nos atualizar, porque tem muita gurizada que começou a tatuar e está voando. Só estamos esse tempo todo porque estamos acompanhando. E trazendo sangue novo para o estúdio”, garante o empreendedor.
LEIA TAMBÉM > Pipoqueiro vende R$ 450,00 por dia na Independência
A avenida Independência também sofreu mudanças. Apesar de manter diversos negócios tradicionais, como observa Carlos, o fortalecimento da educação na região foi um estímulo para o Vertigem. “De uns 15 anos para cá, abriram muitos cursinhos, e essa gurizada passou a ser cliente. Tem gente do Rosário que fez piercing em 1999 e agora traz os filhos”, conta Carlos, que, hoje, também conta com a ajuda do filho no negócio. “Ele cresceu no meio e hoje ele é tatuador; faz o realismo aqui no estúdio”, orgulha-se.
Para ele, o segredo dos 25 anos é o bom atendimento e a garra para empreender. “É com muito esforço, garra e vontade. No começo, muita gente não levava a sério a tatuagem, mas é muito sério sim. Só aqui, temos sete famílias que se mantêm, com muita ética e profissionalismo”, garante Carlos.
Com foco no bufê livre e em comida italiana , restaurante Tutty's é referência há 44 anos no bairro Independência
Localizado na avenida Independência, 30, na loja 15 do Centro Comercial Independência, o bar e restaurante Tutty's é figurinha carimbada da região. Apesar de estar estabelecido no bairro Independência, o local, há mais de 40 anos, serve o público oriundo do Centro Histórico com bufê na hora do almoço e à la carte de comida típica italiana no turno da noite.
O Tutty's é um daqueles lugares com história. Não se sabe ao certo a data de sua inauguração, mas se imagina que foi em torno do ano de 1979. O que se sabe é que, no início de sua trajetória, o local era uma lanchonete clássica, com um grande balcão para os clientes sentarem, e que oferecia pratos mais simples. Em 1986, a operação foi adquirida por Pedro João Dal Magro, e o empreendimento passou por uma reformulação.
O grande balcão deu lugar a mais cadeiras, e o Tutty's deixou de ser lanchonete e passou a ser restaurante. Com dois andares, a operação era dividida em bufê na parte de cima e à la carte na parte de baixo - algo que mudou ao longo dos anos.
Em 1992, Pedro João, dono de outros empreendimentos gastronômicos espalhados pela Capital, passou a administração do local para seu filho, Sidnei Dal Magro, que encabeça a operação até hoje. Sidnei acompanhou as mudanças de público e as tendências da região de perto, refletindo muito sobre a atual situação da região.
Em 1992, Pedro João, dono de outros empreendimentos gastronômicos espalhados pela Capital, passou a administração do local para seu filho, Sidnei Dal Magro, que encabeça a operação até hoje. Sidnei acompanhou as mudanças de público e as tendências da região de perto, refletindo muito sobre a atual situação da região.
"Está em decadência há muitos anos. Até mais ou menos 2015, o Centro era o lugar onde tu tinhas tudo. Comércio, banco, loja de qualquer coisa. Tinha muito mais vida do que hoje", conta.
O restaurante se destaca por conta das comidas tipicamente italianas. Na entrada do local, é possível ver um certificado oficial de restaurante italiano, cedido diretamente por Mirko Tremaglia, ex-ministro para italianos ao redor do mundo. No à la carte, o favorito da clientela, segundo Sidnei, é o bife à parmegiana. Mas o Tutty's não se restringe aos pratos italianos: seguindo pedidos dos clientes e as tendências locais, o restaurante oferece outros quitutes, como petiscos, com destaque para o picadão como queridinho do público.
O restaurante se destaca por conta das comidas tipicamente italianas. Na entrada do local, é possível ver um certificado oficial de restaurante italiano, cedido diretamente por Mirko Tremaglia, ex-ministro para italianos ao redor do mundo. No à la carte, o favorito da clientela, segundo Sidnei, é o bife à parmegiana. Mas o Tutty's não se restringe aos pratos italianos: seguindo pedidos dos clientes e as tendências locais, o restaurante oferece outros quitutes, como petiscos, com destaque para o picadão como queridinho do público.
LEIA TAMBÉM > Há 119 anos, Colégio Marista Rosário é referência e movimenta a economia da Independência
Apesar da variedade de pratos oferecidos no sistema à la carte, atualmente o carro-chefe da operação é o bufê. "Ao meio-dia, o público ainda nos vê como referência. Tem bastante movimento no bufê. Pela decadência da região, o público do turno da tarde e da noite diminuiu muito", explica Sidnei
O Tutty's funciona de segunda-feira a sábado, das 10h às 23h, com opção de bufê livre no almoço e à la carte no período da noite.
Loja de vestidos de noiva remonta época tradicional da avenida Independência em Porto Alegre
Há 15 anos Vera Gonçalves comanda a Sonho de Noivas, loja de vestidos de noiva e de festa que fica no número 605 da avenida Independência. A loja, no entanto, como estima a empreendedora, existe há cerca de 30 e é uma das que resistem e contam a tradição da avenida em roupas de festas. "Quando vim para cá, tinha mais de 10 lojas de noivas. Agora segue a minha e mais uma. Antigamente, era toda a Independência, era um foco, conhecida como a rua das noivas", lembra Vera sobre o perfil da região.
No entanto, as mudanças não desanimam a empreendedora, que, com muita empolgação e brilho nos olhos, que aluga, em média, 30 vestidos por semana. A relação de Vera com o segmento começou como funcionária. "Quando fui trabalhar numa empresa desse segmento, administrar, a pessoa tinha quatro lojas, e uma delas era essa aqui. Comecei a gostar daquilo. Trabalhava só na parte administrativa, mas aquilo me chamava atenção. Passaram-se os anos, ela começou a se desfazer das lojas. Surgiu a oportunidade dela vender essa aqui, mas eu achava que não estava preparada ainda, precisava ter mais conhecimento para poder assumir um negócio. Ela vendeu para uma outra pessoa. Ficou assim aquele sentimento", lembra Vera. No entanto, dois anos depois, a loja foi colocada à venda novamente e, então, adquirida por Vera. Para entender mais do mercado, a empreendedora fez um curso de Moda e, hoje, comanda toda parte de atendimento e modelagem das peças.
Vera acredita que os bons resultados da loja durante esses anos, inclusive na pandemia, devem-se ao atendimento, feito exclusivamente por ela. "Gosto muito de trabalhar com noiva e com 15 anos. Casei com vestido de noiva e sou muito feliz. São 40 anos de casamento. E as pessoas dizem que eu passo a minha felicidade na hora que estou atendendo uma noiva", conta a empreendedora.
O negócio opera com aluguel e primeiro aluguel, modalidade que o vestido é feito sob medida e ao gosto da cliente e, depois, fica disponível para ser alugado na loja. A maior parte dos modelos são desenvolvidos por Vera, que também traz de São Paulo algumas peças. Além das noivas, há vestidos pensados para 15 anos, formaturas, aias de casamento e festa em geral. Para locação, as peças de festa partem de R$ 260,00 e, para noivas, R$ 980,00.
Observando as mudanças do bairro ao longo desses 15 anos à frente da Sonho de Noivas, Vera destaca que o fechamento de lojas do mesmo segmento, apesar de concorrentes, tem um impacto negativo no negócio. "Eu ficava muito triste quando sabia que uma loja estava fechando. Pensava que ficar sozinha na Independência. Eu penso isso, porque, às vezes, as pessoas pensam por que vão se locomover se só tem uma loja lá, mas as pessoas vêm", comemora a empreendedora. Para ela, ser conhecida pela clientela da loja, que atravessa gerações, e pela vizinhança é o que fortalece o negócio. Além disso, a localização da região também é uma aliada da Sonho de Noivas. "A maior facilidade é a proximidade do Centro. Para comprar meu material. Se eu preciso ir na avenida Cristóvão Colombo, estou perto. Estou perto da avenida Osvaldo Aranha. Então estou num centro e posso me locomover para todos os outros lugares", comenta.
LEIA TAMBÉM > Armazém do Sabor enxuga e aposta na tradição de 22 anos para manter negócio no bairro Independência
Ao longo de sua trajetória no segmento de aluguel para festas, Vera percebe algumas mudanças. Antes, havia muito preconceito com as roupas que eram usadas mais de uma vez, percepção que ficou no passado. "Antigamente, a locação era meio pejorativa. Sentia isso na pele e era uma coisa que me incomodava, porque as pessoas dizem assim 'bem capaz que eu vou usar o vestido que pessoa já usou'. Isso mudou hoje, inclusive com essas senhoras que que eram mais da elite, que hoje hoje em dia dizem 'por que vou pagar R$ 6.000,00 num vestido, se eu vou alugar um lindo e maravilhoso por R$ 300", observa Vera, destacando que o entendimento de uma moda mais sustentável também é uma mudança que fortalece o perfil do negócio.
Para o futuro do negócio, Vera planeja, em breve, uma pequena reforma no espaço, que deve acontecer no verão. Além disso, deseja intensificar a presença online da Sonho de Noivas. "Estou informatizando toda a loja, porque até agora não é informatizada. Sou do tempo da fichinha, ainda não consigo largar os papéis", diz Vera.
Para o futuro do negócio, Vera planeja, em breve, uma pequena reforma no espaço, que deve acontecer no verão. Além disso, deseja intensificar a presença online da Sonho de Noivas. "Estou informatizando toda a loja, porque até agora não é informatizada. Sou do tempo da fichinha, ainda não consigo largar os papéis", diz Vera.
A Sonho de Noivas fica na avenida Independência, nº 605, e opera de segunda à sexta-feira, das 9h às 18h. Aos sábados, das 9h às 12h.
Clássico do bairro Independência, o cursinho pré-vestibular Mottola aposta na boa relação com os alunos para atrair a clientela
A região da avenida Independência é conhecida por sua grande variedade de cursinhos pré-vestibulares, com alguns dos mais tradicionais empreendimentos do segmento presentes na área. Mas nem sempre foi assim. A concentração de cursos focados em vestibular no bairro começou em 1994, quando o Grupo de Professores Mottola, o primeiro cursinho pré-vestibular por disciplinas de Porto Alegre, se estabeleceu na região.
A história do Mottola começou com Paulo Mottola, proprietário da operação até hoje, e com os professores Antônio Milagre e Luiz Fernando Sá. O trio alugava salas para dar aulas preparatórias para vestibular e decidiu encontrar um ponto fixo para receber seus alunos. O local escolhido para a nova sala foi a rua Gonçalo de Carvalho, próximo da região da atual sede.
“No início, eram aulas particulares, mas os alunos iam chamando seus amigos, e as turmas foram aumentando. Com o tempo, eles passaram a pedir aulas de outras disciplinas. Alugamos um espaço maior para ter aulas simultâneas. Escolhemos a região por ela ser central, muito frequentada por jovens e também por ser uma rua muito bonita”, lembra Gilsone Mottola, esposa de Paulo e coordenadora da operação.
O empreendimento funciona por disciplinas, ou seja, os alunos se matriculam apenas nas aulas que desejam assistir. O Mottola foi pioneiro desse modelo de negócios, como conta Gilsone, e um dos principais responsáveis pelo aumento do número de cursinhos na região.
“Não é por acaso. Outros cursinhos por disciplina foram se estabelecendo por aqui, e os alunos começaram a fazer disciplinas fora. Assim fica fácil de ir e voltar de um cursinho para outro”, avalia Gilsone.
“No início, eram aulas particulares, mas os alunos iam chamando seus amigos, e as turmas foram aumentando. Com o tempo, eles passaram a pedir aulas de outras disciplinas. Alugamos um espaço maior para ter aulas simultâneas. Escolhemos a região por ela ser central, muito frequentada por jovens e também por ser uma rua muito bonita”, lembra Gilsone Mottola, esposa de Paulo e coordenadora da operação.
O empreendimento funciona por disciplinas, ou seja, os alunos se matriculam apenas nas aulas que desejam assistir. O Mottola foi pioneiro desse modelo de negócios, como conta Gilsone, e um dos principais responsáveis pelo aumento do número de cursinhos na região.
“Não é por acaso. Outros cursinhos por disciplina foram se estabelecendo por aqui, e os alunos começaram a fazer disciplinas fora. Assim fica fácil de ir e voltar de um cursinho para outro”, avalia Gilsone.
LEIA TAMBÉM > Pipoqueiro vende R$ 450,00 por dia em frente ao Rosário desde o início dos anos 2000
Atualmente, o Mottola oferece uma ampla variedade de cursos aos seus alunos. Eles incluem as 10 disciplinas cobradas nos vestibulares - biologia, espanhol, física, geografia, história, inglês, literatura, matemática, português e química- além de cursos de humanidades, redação e as aulas de prática de provas, onde os alunos aprendem o conteúdo através das provas anteriores.
Os cursos são divididos em três categorias: os extensivos, que começam no início do ano, os semi-extensivos, que são ministrados a partir de maio, e os intensivos, que iniciam em julho. Além disso, existem duas modalidades de matrículas: a modalidade A e a modalidade C. Na primeira, são oferecidas aulas presenciais, além de vídeos disponibilizados em formato online. Na segunda, os alunos têm acesso apenas ao conteúdo online.
No início de sua trajetória, o Mottola adquiriu a reputação de ser um cursinho especializado em auxiliar futuros alunos de Medicina. No entanto, Gilsone garante que a operação não é exclusiva para esse público.
“Hoje, já temos muitos alunos que buscam outros cursos. Os pais também passaram a se preocupar mais com a preparação dos filhos. Então, temos muitos alunos no segundo e terceiro ano da escola que ainda vão fazer o vestibular. Não é só para Medicina, mas para aqueles que buscam um pouco mais de conhecimento. Com a pandemia, passamos a ver essa necessidade. Muitos alunos que não se adaptaram com as aulas online no ensino médio fazem cursinho para recuperar o conteúdo”, afirma.
O principal diferencial do Mottola, segundo a administradora, é a qualidade dos professores. Os docentes estão lá há anos - alguns chegam a fazer 30 anos de casa, o que passa um sentimento de confiança e credibilidade aos alunos. Isso acontece porque o empreendimento é como se fosse uma administradora. Os professores não são funcionários do Mottola, eles que contratam o serviço. Portanto, quando alguém decide sair, os substitutos geralmente são indicados pelos professores que permaneceram.
Essa continuidade traz um sentimento familiar ao cursinho. Segundo Gilsone, esse é outro diferencial do empreendimento.
“Sempre tivemos essa característica de acolher na hora que precisa. Muitos alunos vêm do Interior, moram longe da família e precisam de carinho. Essa foi a característica desde o início. Lembro que quando começamos, e tínhamos menos alunos, tinha festinha da pipoca todo dia. Hoje não é mais possível, mas segue com uma característica bem familiar. A cantina é administrada pelo meu irmão e pela minha cunhada. Ao meio-dia, os professores comem junto com os alunos, então, tem momentos que nós somos uma grande família” , explica.
O Mottola fica na rua André Puente, 415, no bairro Independência, e funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h.
No início de sua trajetória, o Mottola adquiriu a reputação de ser um cursinho especializado em auxiliar futuros alunos de Medicina. No entanto, Gilsone garante que a operação não é exclusiva para esse público.
“Hoje, já temos muitos alunos que buscam outros cursos. Os pais também passaram a se preocupar mais com a preparação dos filhos. Então, temos muitos alunos no segundo e terceiro ano da escola que ainda vão fazer o vestibular. Não é só para Medicina, mas para aqueles que buscam um pouco mais de conhecimento. Com a pandemia, passamos a ver essa necessidade. Muitos alunos que não se adaptaram com as aulas online no ensino médio fazem cursinho para recuperar o conteúdo”, afirma.
O principal diferencial do Mottola, segundo a administradora, é a qualidade dos professores. Os docentes estão lá há anos - alguns chegam a fazer 30 anos de casa, o que passa um sentimento de confiança e credibilidade aos alunos. Isso acontece porque o empreendimento é como se fosse uma administradora. Os professores não são funcionários do Mottola, eles que contratam o serviço. Portanto, quando alguém decide sair, os substitutos geralmente são indicados pelos professores que permaneceram.
Essa continuidade traz um sentimento familiar ao cursinho. Segundo Gilsone, esse é outro diferencial do empreendimento.
“Sempre tivemos essa característica de acolher na hora que precisa. Muitos alunos vêm do Interior, moram longe da família e precisam de carinho. Essa foi a característica desde o início. Lembro que quando começamos, e tínhamos menos alunos, tinha festinha da pipoca todo dia. Hoje não é mais possível, mas segue com uma característica bem familiar. A cantina é administrada pelo meu irmão e pela minha cunhada. Ao meio-dia, os professores comem junto com os alunos, então, tem momentos que nós somos uma grande família” , explica.
O Mottola fica na rua André Puente, 415, no bairro Independência, e funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h.