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Porto Alegre, ter�a-feira, 03 de maio de 2016. Atualizado �s 21h57.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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Artes C�nicas

Not�cia da edi��o impressa de 04/05/2016. Alterada em 03/05 �s 18h22min

Maria Alice Vergueiro abre o Palco Giratorio com o espet�culo Why the horse?

Maria Alice Vergueiro encena a própria morte em Why the horse?

Maria Alice Vergueiro encena a pr�pria morte em Why the horse?


ANDR� STEFANO/DIVULGA��O/JC
Michele Rolim
Morrer em cena. Esse é o desejo da atriz Maria Alice Vergueiro. Para isso, ela, ao lado de seus companheiros do Grupo Pândega de Teatro, criou o espetáculo Why the horse? (Por que o cavalo?). "Quando eu estava andando no cemitério da Consolação, onde meus ancestrais estão, minha perna ficou enroscada numa dessas árvores ciprestes. Daí, pensei: é chegada a hora de encarar a realidade. Entendi a proximidade com a morte e a necessidade de enfrentá-la", conta.
A artista paulistana, de 81 anos, enfrenta um quadro de Mal de Parkinson e dificuldades de locomoção - utiliza uma cadeira de rodas. Ela é a homenageada deste ano do Palco Giratório Nacional e abre a programação do festival em Porto Alegre, hoje, às 21h, no Teatro Renascença (Érico Veríssimo, 307). A 11ª edição do Palco Giratório Sesc Porto Alegre tem coordenação de Jane Schoninger.
Com cinco décadas de carreira, a atriz faz parte da história do teatro brasileiro moderno. Pisou no palco pela primeira vez em 1962, em A Mandrágora, com direção de Augusto Boal. Ela participou da montagem histórica de O Rei da Vela, com o Teatro Oficina, e atuou junto ao famoso grupo norte-americano Living Theatre. Foi fundadora, ao lado de Luiz Roberto Galízia e Cacá Rosset, do Teatro do Ornitorrinco, onde atuou em diversos espetáculos.
Em 2006, ela se tornou também conhecida por um público mais jovem, de até 30 anos, pelo curta-metragem Tapa na pantera, de Esmir Filho, que se tornou um dos primeiros vídeos a viralizar no YouTube no Brasil. Nela, a atriz interpreta uma senhora que fuma maconha há trinta anos e fala sobre suas experiências com a droga.
E agora se lança a mais um desafio. Com dramaturgia de Fabio Furtado, ela entra em cena em uma espécie de ensaio de sua própria morte. "Se eu não quisesse ser pega de surpresa, seria melhor ensaiá-la", disse Maria Alice, que está acompanhada dos atores Luciano Chirolli - que trabalha com a atriz há mais de 20 anos -, Carolina Splendore, Robson Catalunha, Alexandre Magno e Otávio Ortega ou Rafael Faustino. O espetáculo não tem uma narrativa definida e flerta com o surreal e com o absurdo. Estão em cenas sentimentos relacionados à perda e à finitude da vida.
Na tentativa de lidar com a morte antes desta chegar, a atriz, que também dirige o espetáculo, se amparou em algumas referências, como Alejandro Jodorowsky, cuja confluência artística se iniciou com a montagem de As três velhas (no qual ela interpretava uma criada centenária e ganhou o Prêmio Shell Especial em 2011); Samuel Beckett, inicialmente com seu Fim de jogo, mas também com Malone morre; e Hilda Hilst, com Da morte: odes mínimas.
Mas o pilar que a encenação se apoia realmente é nas provocações que a imagem de Maria Alice fazem ao espectador, colocando o público a se confrontar diretamente com a aproximação da morte e as limitações físicas impostas pelo tempo.
O nome da peça, que desperta bastante curiosidade, veio de uma pergunta que a mãe de Maria Alice fez aos 98 anos, quando a filha levou para o apartamento um burrico cenográfico (que inclusive está em cena), pois ele seria usado em uma outra montagem. Ela questionou: "Por que o cavalo?". A frase virou sinônimo de algo que não faz sentido.
A peça tem outra sessão amanhã, às 21h, no Teatro Renascença. Mas como disse Maria Alice: "Com sorte, pode ser que eu morra em cena. Senão estaremos de volta no dia seguinte". Os ingressos estão à venda antecipadamente no Sesc Centro (Alberto Bins, 665) e no dia da apresentação, uma hora antes do início, no local, entre R$ 10,00 e R$ 20,00.
O festival segue até o dia 25 de maio, e a programação pode ser consultada no site www.sesc-rs.com.br/palcogiratorio.
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