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Opinião

- Publicada em 03 de Maio de 2016 às 21:03

Sismo demográfico e econômico à vista

A diminuição das taxas de natalidade que se verifica em todo o mundo, mas especialmente nos países ricos e, em paralelo, com o aumento da expectativa de vida, estão a nos levar inexoravelmente a uma verdadeira implosão demográfica de dimensões comparáveis a um sismo mundial escala 9 de Richter ou algo pior. Este terremoto demográfico entre 2020 e 2050 atingirá os países ocidentais, os quais até agora gozaram de uma grande prosperidade econômica causada pela explosão populacional dos anos 1960.
A diminuição das taxas de natalidade que se verifica em todo o mundo, mas especialmente nos países ricos e, em paralelo, com o aumento da expectativa de vida, estão a nos levar inexoravelmente a uma verdadeira implosão demográfica de dimensões comparáveis a um sismo mundial escala 9 de Richter ou algo pior. Este terremoto demográfico entre 2020 e 2050 atingirá os países ocidentais, os quais até agora gozaram de uma grande prosperidade econômica causada pela explosão populacional dos anos 1960.
No entanto, a diminuição acentuada e irreversível das taxas de natalidade conjugada com o envelhecimento das populações já está produzindo alterações importantes não somente na vida econômica, cultural, na organização do ócio, nas políticas de saúde, aposentadorias e pensões, na organização e administração das cidades e, finalmente, na desertificação ambiental e populacional do campo.
Os países do primeiro mundo, que já sentem os efeitos do referido sismo, estão adotando medidas contra a acentuada e célere implosão demográfica. Neste sentido, promovem atualmente incentivos à natalidade, retardo da idade de aposentadoria, aumento da produtividade de bens e serviços pela escassa população jovem e abrem, com certa relutância, as portas para a imigração. Tudo em vão, pois já se prevê que estas medidas serão apenas atenuadoras e passageiras. Nem sequer o deslocamento das atividades econômicas de menor qualificação tecnológica para os países que ainda estão livres deste sismo demográfico - México, Brasil, China, Turquia, Indonésia e alguns países africanos - solucionará de forma permanente os graves problemas políticos, sociais e, finalmente, os econômicos que os países do primeiro mundo terão, inevitavelmente, de enfrentar.
E o mais pessimista dos horizontes políticos, econômicos e sociais aponta que o mesmo terremoto populacional atingirá os referidos países dentro de três décadas, se tanto.
No Brasil, por exemplo, as taxas de natalidade caíram cerca de 60% (de 6,3 para 1,8 filhos por mulher), nos últimos 40 anos, fenômeno que na França demorou 150 anos. Em nosso Estado, o Rio Grande do Sul, as taxas de natalidade já estão abaixo da reposição populacional (1,6 filho) e, como consequência, o número de gaúchos é o mesmo há duas décadas (cerca de 11 milhões), e logo começaremos a nos despovoar.
A pergunta que se impõe é a seguinte: qual será a nova ordem econômica global que deverá ser instituída para se evitar os graves problemas previstos?
Como a explosão demográfica nas taxas vaticinadas pelos neomalthusianos não mais acontecerá, torna-se óbvio que a humanidade deverá adotar como prioridade novos e urgentes padrões de produção e consumo. As fontes de energia, de alimentos, de água, de minerais têm um prazo programado e breve para se esgotar. A farra consumista destes insumos básicos não pode continuar e nem podem ser fruídos de forma como até agora o foram.
A poluição e o aquecimento ambiental já estão a produzir seus efeitos maléficos e, segundo um recente estudo britânico, se constituirão num desastre global que resultará em gastos de US$ 7 trilhões que não se sabe quem e como se pagará. A história, como se sabe, é feita também de ironias. Recente película organizada pelo senador americano Al Gore mostra dados aterradores do que acontecerá em breve em nosso planeta como consequência de nosso estilo de vida, de nossos hábitos de consumo e da péssima distribuição de renda em nível mundial.
No fim, ele faz um apelo para que nos acostumemos a viver mais parcimoniosamente quanto ao consumo de energia, água e commodities e cita, como exemplo, países que, por motivos vários, já adotaram esse estilo de vida, porém mantendo seu povo com bons níveis de saúde e educação. E com dignidade!
Médico, membro da Academia Rio-Grandense de Letras
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