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Publicada em 27 de Outubro de 2025 às 20:56

Macrorregião Norte do RS é nova locomotiva da economia gaúcha

Cooperativas lideram projetos de irrigação; pivôs ajudam a minimizar efeitos da estiagem em plantações em Cruz Alta

Cooperativas lideram projetos de irrigação; pivôs ajudam a minimizar efeitos da estiagem em plantações em Cruz Alta

TÂNIA MEINERZ/JC
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Guilherme Kolling
Guilherme Kolling Editor-chefe
Desde a primeira temporada do Mapa Econômico do RS, em 2023, chamou a atenção da nossa equipe a diversidade e a pujança da economia da Macrorregião Norte do Rio Grande do Sul.
Desde a primeira temporada do Mapa Econômico do RS, em 2023, chamou a atenção da nossa equipe a diversidade e a pujança da economia da Macrorregião Norte do Rio Grande do Sul.
Além do motor do agronegócio, notadamente na produção de grãos, especialmente soja – característica dessa parte do Estado onde as plantações dominam a paisagem até a borda das rodovias –, verificou-se que a área setentrional do solo gaúcho é rica em oportunidades de desenvolvimento.
Isso passa por atividades já consolidadas, como um polo metalmecânico com forte indústria de máquinas e implementos agrícolas, bem como um crescente beneficiamento de grãos, com destaque para usinas de biocombustíveis.
Essa percepção foi confirmada em 2024, nos números que levantamos a partir do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios, que mostram o crescimento da participação da Macrorregião Norte na economia do Estado.
A soma do PIB de seus 11 Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes), com 221 municípios, já representa a segunda força da economia gaúcha, atrás apenas da Macrorregião Metropolitana – o dado regional que consolidamos a partir dos municípios é de 2021, o mais recente disponível, divulgado no ano passado pelo IBGE.
Para além dos números levantados pela reportagem e pelo nosso trabalho de pesquisa, a realidade que conferimos in loco, ao visitar diferentes municípios para ouvir as lideranças regionais sobre desafios e oportunidades, mostra essa força econômica no Norte gaúcho.
Em 2023, ao realizarmos o evento em Passo Fundo, vimos a força do setor de serviços, com polo de saúde, universidades, grandes redes de varejo e um crescente investimento na indústria de biocombustíveis. Agora, em 2025, chamou a atenção o crescimento urbano da principal cidade do Norte gaúcho, com mais de 100 edifícios em construção na cidade.
Passo Fundo registra ampla expansão urbana, com mais de 100 edifícios em construção atualmente | Ana Stobbe/Especial/JC
Passo Fundo registra ampla expansão urbana, com mais de 100 edifícios em construção atualmente Ana Stobbe/Especial/JC
Outro município que avança a olhos vistos é Erechim, onde realizamos o evento do Mapa Econômico em 2024. Novas fábricas foram atraídas, ocupando espaços abertos com distritos industriais em expansão. Também ali a pujança econômica é vista em diversos setores, com mais de 22 mil empresas ativas e um mercado de trabalho formal que segue em franco crescimento, atraindo até estrangeiros.
Cruz Alta, que sediou o painel de 2025, recebeu recentemente o anúncio do maior investimento da sua história, R$ 1,25 bilhão em uma usina de beneficiamento de soja a ser construída por três cooperativas, organizações que são um dos pilares da economia da região.
A terra onde nasceu o escritor Erico Verissimo também chama atenção pelos pivôs usados na irrigação dos campos agrícolas – tema central para a agenda de desenvolvimento do Estado, considerando as recorrentes estiagens que afetaram a produção de grãos e o PIB gaúcho nos últimos anos – e pela existência do modal ferroviário.
O uso de trens, por sinal, foi um dos diferenciais que definiu a escolha de Cruz Alta para receber o investimento das cooperativas. O crescente processamento de grãos, ao invés da venda in natura, como commodity, é outra marca da transformação da economia no Norte gaúcho.
Entre os desafios, de novo a questão da infraestrutura surgiu com força, assim como o financiamento dos produtores rurais. A perda de população em pequenos municípios gaúchos também afeta a Região Norte, cenário difícil que é compensado, em parte, pelo crescimento das cidades médias e grandes.
São alguns temas decisivos para o desenvolvimento econômico da parte setentrional do Estado, mas também de todo o Rio Grande do Sul, que esta quarta edição do Mapa Econômico do RS (capítulo Norte) de 2025 aprofunda.
O resultado é um panorama das diferentes cadeias produtivas, mostrando janelas de oportunidades para estimular o desenvolvimento e caminhos para superar desafios. Mais do que isso, a iniciativa busca, com jornalismo de dados, cruzar informações e criar novos indicadores sobre o presente da economia gaúcha, permitindo mais precisão no planejamento do futuro do Estado.
Depois de termos passado neste ano por Bagé (Macrorregião Sul), Lajeado (Central e Vales), Garibaldi (Serra) e Cruz Alta (Norte), vamos fechar o ciclo de debates de 2025 no dia 6 de novembro, com um painel em Porto Alegre, em que discutiremos as Regiões Metropolitana, Vale do Sinos e Litoral.
Até lá, seguiremos publicando novas informações sobre a economia do Rio Grande do Sul. Boa leitura!

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