Os benefícios do procedimento transcateter para o implante percutâneo de válvula aórtica, chamado de TAVI em inglês, foram comprovados em uma pesquisa científica inédita realizada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). O procedimento é indicado para tratar o estreitamento da válvula aórtica, localizada entre o coração e a aorta, e indicada para pacientes com mais de 75 anos.
O estudo científico foi realizado entre 2019 e 2022 com 180 pacientes em tratamento de estenose aórtica grave sintomática no HCPA. Um grupo de 65 doentes foi submetido a TAVI e outro de 115 pessoas à cirurgia convencional. Os resultados da pesquisa foram apresentados nesta segunda-feira (9) pelo cirurgião cardiovascular gaúcho Rodrigo Saadi em tese de doutorado pela (Ufrgs).
“Quando há o estreitamento da válvula, ela para de abrir como deveria e a área para passar o sangue fica muito menor. Com isso, para o coração passar a mesma quantidade de sangue ele tem que fazer muito mais esforço e com o tempo pode ficar mais fraco e leva a várias consequências, inclusive à morte”, explica Saadi.
Para tratar a doença, era feita a cirurgia com abertura do peito e sutura da válvula. Em 2002, começou a ser usada uma técnica de corte a partir da virilha, com o uso de um catéter levado até a válvula doente, usando anestesia local. Como a válvula tem pouca invasividade e custo elevado, o procedimento não está disponível no SUS e não é recomendado para pessoas mais velhas, o que acaba gerando um grande volume de judicialização de casos para autorizar a colocação.
O estudo conduzido por Saadi comprova que o uso da TAVI traz como benefícios para o paciente menor período de internação, que teve 2 dias de UTI nos casos em que foi usado o sistema percutâneo, e 3 dias para os outros. Com relação a custos, o do primeiro foi bem maior, devido, principalmente, ao valor do dispositivo transcateter.
Saadi diz que a tendência é de recuo dos preços, o que contribui para a disseminação da técnica no SUS. Uma portaria do dia 9 de abril deste ano regula a adoção do TAVI na rede pública de saúde. “É possível conseguir oferecer essa técnica para a população pelo SUS. As empresas já viram que vão conseguir vender em maior escala atendendo ao SUS e estão baixando o preço”, afirma o pesquisador.