Profissionais da área de saúde, tecnologia e meio acadêmico estão reunidos em Porto Alegre no Future Health Forum, evento que debate os avanços e desafios da saúde digital, medicina personalizada, Big Data e Inteligência Artificial (IA), entre outros temas. Durante os painéis, que ocorrem nesta sexta-feira (6) e sábado (7) no Teatro do Prédio 40 da Pucrs, foram apresentadas experiências já colocadas em prática em diferentes instituições do País e como elas contribuem para a melhoria da saúde, seja no setor público ou privado.
Carlos Barrios, Coordenador de Pesquisa do Grupo Oncoclínicas, salientou que o processo de conectar a medicina à tecnologia e inovação é inevitável. “Precisamos identificar nossas carências e reconhecer as iniciativas que estão acontecendo em diferentes áreas da saúde. É fundamental para que sejam trazidas as soluções que realmente vão fazer com que tudo melhore”, complementou.
A oncologista Alessandra Morelle, uma das organizadoras do Fórum, destacou que a saúde deve estar intimamente ligada à inovação e à tecnologia. Gargalos na interoperabilidade da troca de dados dos pacientes entre hospitais e outras instituições são empecilhos. “A ideia é que, através da inovação, a gente consiga ajudar ainda mais a população brasileira. E é através dessas novas tecnologias que vamos conseguir tornar essas informações mais fluídas e mais acessíveis”, afirmou.
A médica é idealizadora do aplicativo Thummi, usado por pacientes de câncer como um diário do tratamento onde são relatados os sintomas e efeitos das medicações, entre outras informações. “O paciente fica menos ansioso. Uma das maiores dificuldades quando um paciente começa um tratamento de câncer é exatamente a dúvida se aquilo que ele apresenta é grave ou não. Ele fica supersensível, sente uma dor no dedinho do pé e já acha que pode ser uma metástase”, explicou Alessandra. Além de ter acesso ao que é relatado no Thummi, o médico é acionado por mensagem de SMS quando o paciente posta algo considerado grave e há necessidade de agir rapidamente. O case do aplicativo foi apresentado durante o painel “Transformação Digital: Como a inteligência artificial ajuda na Jornada da Paciente com Câncer de Mama”.
Alessandra lembrou que Porto Alegre é um polo de saúde riquíssimo, com grandes instituições que se destacam nacionalmente e internacionalmente na área e que já vem entregando muita inovação em saúde.
Um dos cases locais apresentados no evento foi da Santa Casa de Porto Alegre, que teve como painelista a diretora técnica Gisele Nader. Ela abordou algumas iniciativasem prática no complexo hospitalar, como a IA para o rastreamento do câncer de pulmão, que ajuda a detectar se o nódulo é maligno ou não. “Estamos usando tecnologia também para questões mais simples. Criamos um app de resposta rápida para monitorar o tempo de atendimento para uso interno”, citou Gisele.
Tiago de Abreu, gerente de Tecnologia da Informação do Hospital Moinhos de Vento, falou sobre o Big Data e suas aplicações na saúde. Segundo ele, o Big Data coloca à disposição uma grande quantidade de informações que podem ser usadas na tomada de decisões como dados de prontuários, de exames laboratoriais, wearable e até de redes sociais. “O Big Data é um vetor que reúne as informações e traz a oportunidade de um atendimento mais personalizado. Assim contribui para uma maior adesão dos pacientes ao tratamento”, disse.
Outro benefício abordado durante os painéis foi o ganho de tempo que a disseminação do uso das tecnologias oportuniza, seja para agilizar o atendimento ao paciente ou para reduzir burocracias na rotina das equipes. Cristiano Englert, médico anestesista e fundador da plataforma Connext Health, citou as diversas soluções que já existem no mercado, entre elas ferramentas que transcrevem o que é falado no ambiente hospitalar e as conversas entre médicos e pacientes. “A IA serve para automatizar os processos daquilo que não se gosta de fazer", comentou o médico em relação ao preenchimento de prontuários e outras tarefas.
Englert lamentou os baixos investimentos feitos em startups da área de saúde ainda na América Latina e disse que a implementação das novas tecnologias depende do empreendedorismo. “A IA ajuda a reduzir o tempo de espera dos pacientes. No bloco cirúrgico o tempo de espera também impacta nos custos das operadoras de saúde. Existem tantas tecnologias que precisam ser implementadas e isso passa por empreendedorismo e startups”, defendeu Englert.
O Future Health Forum prossegue neste sábado. A programação pode ser conferida no site futurehealthforum.com.br.