Com novas unidades ou apostando em diferentes propostas, operações que atravessam décadas em Porto Alegre se reinventam

Negócios tradicionais abrem novas operações em Porto Alegre

Com novas unidades ou apostando em diferentes propostas, operações que atravessam décadas em Porto Alegre se reinventam

Depois de consolidar um negócio, estabelecer novas metas é o foco de operações clássicas gaúchas. De diferentes frentes de atuação a novos pontos, empreendedores e empreendedoras da Capital apostam na expansão como estratégia de reforço de marca. O Bar Ocidente, que opera há 44 anos em Porto Alegre, abriu uma nova frente: um novo bar no térreo do espaço criado com a proposta de homenagear a avenida Osvaldo Aranha, endereço do bairro Bom Fim onde a operação está localizada. 
Depois de consolidar um negócio, estabelecer novas metas é o foco de operações clássicas gaúchas. De diferentes frentes de atuação a novos pontos, empreendedores e empreendedoras da Capital apostam na expansão como estratégia de reforço de marca. O Bar Ocidente, que opera há 44 anos em Porto Alegre, abriu uma nova frente: um novo bar no térreo do espaço criado com a proposta de homenagear a avenida Osvaldo Aranha, endereço do bairro Bom Fim onde a operação está localizada. 
“Às vezes eu me pergunto: ‘quantos quilômetros eu já percorri a Osvaldo Aranha?’”, questiona Fiapo Barth, empreendedor à frente do bar Ocidente, e do novo estabelecimento no mesmo prédio, o Sub Ocidente. A história pessoal de Fiapo se mistura com a do edifício histórico, onde está localizado as operações, e com uma das vias mais tradicionais da Capital. Considerado o primeiro prédio de alvenaria da avenida Osvaldo Aranha, a construção é de 1877
O empreendedor foi morar no Bom Fim para cursar Arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Aos 18 anos ele residia na rua Ramiro Barcelos, e percorria o caminho da Osvaldo Aranha até a Sarmento Leite, onde está localizado o campus. Mesmo deixando o bairro por alguns anos, ele retornou e, na década de 1980, inaugurou o Bar Ocidente, clássica casa noturna de Porto Alegre. 
Além de Fiapo, sua filha, Júlia Barth, está no comando do negócio, que conta a história da Osvaldo Aranha, através de objetos, itens históricos, fotos e do cardápio, que homenageia os bares que já ocuparam a avenida. A ideia de montar o novo bar surgiu em um contexto de oportunidade e um desejo de Fiapo em expandir e refinar os serviços na rua Osvaldo Aranha.
“Sempre tive interesse em toda a casa, mas eu sou um bom vizinho”, brinca. Apesar da vontade em ocupar os outros espaços do prédio, o empreendedor respeita os demais negócios que ali operam. “Após a pandemia, a moça à frente do negócio que existia aqui resolveu fechar as portas. Tinham outras pessoas interessadas em comprar o ponto dela, mas ela imediatamente falou comigo”, explica Fiapo. 
A ideia original para o espaço era que fosse uma continuação da rua, um local completamente aberto, pintado internamente com a cor da rua, e uma iluminação similar à parte externa. A proposta foi reformulada quando, ao remover o reboco para higienizar as paredes, foram descobertas as janelas originais da casa, que haviam sido fechadas em 1890. As janelas baixas e redondas lembram um submarinoO espaço foi batizado de Ocidente Sub, com o "Sub" referindo-se às janelas descobertas e também fazendo referências a Yellow Submarine, música do Beatles”, comenta. 
Quase a completar 150 anos, a casa ainda resiste ao tempo e renasce a partir de novas ideias. De acordo com Fiapo, o plano  é aproveitar a licença de 24 horas que a casa tem, proporcionando um local para as pessoas que saem do Ocidente após as 4h da manhã, que não têm onde comer ou tomar café.
"Tem pouca coisa em Porto Alegre com 150 anos, certo? Então assim, essas paredes são valiosas historicamente. Eu não sabia exatamente o que fazer aqui, mas lembrei que tinha esses painéis de vidro, de uma galeria anterior, então eu decidi que iria contar o que que essa casa viu acontecer. Da plantação das árvores da Redenção, a criação do bairro Bom Fim, as primeiras palmeiras sendo plantadas na avenida”, comenta.
Divididos em três painéis de vidros, que dividem a história em períodos de 50 anos, as paredes do local contam a história da Osvaldo Aranha, sendo grande parte do que está exposto nas paredes faz parte de uma coleção pessoal de Fiapo, acumulada ao longo dos anos para seu trabalho de cenografia.  
A primeira tela traz referências do século passado. Desde de cartões postais do início do século, onde, em quase todos, aparece a casa que o negócio ocupa. Duas fotos antigas da Rua João Telles, esquina onde o prédio está localizado, e a placa original da rua também fazem parte da coleção. “Essa é a primeira foto real que a gente tem da casa. Uma foto de 1920, quando estavam construindo a Osvaldo Aranha, estavam calçando a via. Nessa foto dá para ver o antigo letreiro do bar que existia aqui, o Extremo Oriente”, observa o empreendedor. 
No segundo quadro, Fiapo destaca um documento sobre a Exposição do Centenário Farroupilha, em 1935. O evento internacional reuniu visitantes do mundo inteiro. “Essa casa estava de frente para isso, para esse evento com participação global. Tinha pavilhões de outros países, de todos os estados. Era como uma feira universal e aconteceu do outro lado da rua”, elucida. Além disso, fotos das pequenas palmeiras no canteiro central da avenida recém-plantadas e uma imagem de Oswaldo Euclides de Sousa Aranha, político, diplomata e advogado brasileiro, que ganhou destaque em 1930 e hoje tem a avenida em sua homenagem. “Também quis trazer algumas referências ao Bar do João original e consegui uma única foto do Fedor, que deu origem ao Bar do João”, explica Fiapo. 
O último quadro se refere aos últimos 48 anos. A chegada dos anos 1980, onde o Ocidente entra na história. “Aqui é o momento em que o bairro já estava todo bem politizado, com influência da universidade pública. Ao mesmo tempo, temos a verticalização do bairro (edificação), onde o Ocidente passa a ser uma das últimas casas velhas”, retrata. 
A operação está em fase de adaptação e descoberta, segundo Fiapo. A ideia é experimentar o que faz sentido em relação ao cardápio, além de sentir o público. “Buscamos um movimento mais constante, tanto de dia quanto de noite.” 
Os sanduíches são batizados com nomes de bares antigos da região, misturando a história local com a vivência pessoal de Fiapo, que frequentou quase todos. Atualmente, 10 sanduíches fazem parte do menu, incluindo quatro opções sem carne, custando entre R$ 20,00 e R$ 30,00. Entre eles, destacam-se o Lola, feito com pão baguetinho, recheio de fricassê, mussarela, tomate seco, maionese, cenoura, tomate e alface; além do Alaska, com recheio de cogumelo, requeijão de castanha, cebola e rúcula. Na parte de bebidas cafés, drinks e cervejas estão entre as opções. 
O Ocidente Sub é um reflexo da filosofia singular de Fiapo, que o concebe não como um bar, mas como um espaço vivo e em constante evolução. "Sou um arquiteto. A minha ideia é sempre equipar os espaços para que as pessoas ocupem”, completa. 

Cervejaria artesanal terá espaço no Parque Harmonia

Com um investimento de R$ 1,8 milhão, o espaço é o primeiro da cervejaria a agregar gastronomia na operação

Completando 12 anos de operação, a cervejaria Tupiniquim está prestes a inaugurar um novo espaço. Localizado no Parque Harmonia, tradicional ponto turístico de Porto Alegre, o estabelecimento é o primeiro da marca nesse formato e tamanho. Atualmente, a Tupiniquim conta com nova fábrica em Ivoti, com um espaço no formato contêiner no Parque Germânia, e abrirá um ponto no mesmo formato na esquina da avenida Osvaldo Aranha com a rua José Bonifácio, ocupando o mesmo ponto da loja de conveniência Alegrow.
Com um investimento de R$ 1,8 milhão, o espaço é o primeiro da cervejaria a agregar gastronomia na operação. Com a inauguração prevista para 28 de agosto, o cardápio do local ainda está em construção, mas a ideia é que as opções possam harmonizar com os diferentes estilos de cerveja. Parmegiana, parrilla, hambúrgueres e comidas de boteco já estão entre as alternativas do menu."É a primeira experiência gastronômica que temos. De cerveja entendemos, mas de gastronomia estamos testando. Buscamos trazer qualidade aos clientes nessa parte, assim como fazemos com a cerveja. Produto de qualidade e preço justo", afirma Carlos Silva, um dos cinco sócios da Tupiniquim.
O novo espaço tem capacidade para receber 80 pessoas na parte interna e mais 80 na área externa. A Tupiniquim operará no horário de almoço e jantar. A ideia é promover eventos culturais, como shows de músicos locais e a Oktoberfest do Parque Harmonia, além de apresentações de stand-up comedy. A concepção do projeto começou há um ano, após as primeiras trocas com o parque, que tinha o interesse de levar ao local uma cervejaria artesanal. "Acredito que, por sermos uma cervejaria daqui de Porto Alegre, fará ainda mais sentido ocuparmos esse espaço aqui", relata Carlos.
O espaço de 320 m² contará com 15 torneiras de cerveja. De acordo com Carla Deboni, CEO da GAM3 Parks, responsável pela administração do parque, o ponto turístico ganha muito com o novo espaço da Tupiniquim. "Ter no coração da cidade um negócio como esse é muito importante. Apesar de ser a maior cervejaria do Estado, não perdeu a simplicidade e o contato com o povo, principalmente por escolher ter esse contato direto com a população através do novo espaço", afirma Carla, destacando que o negócio será uma "virada de chave" para a operação contínua do parque. "Para os porto-alegrenses, isso significa qualificar os espaços urbanos, com segurança, conveniência e com todo o conforto no coração da cidade", observa.
 

Baden amplia cafeteria no Mercado Público e agrega loja de itens autorais

Uma das novidades da operação é a máquina de torrefação no espaço.

A Baden Torrefação de Cafés Especiais ampliou a presença no Mercado Público de Porto Alegre nesta semana. Com uma cafeteria em operação desde abril de 2024 no segundo andar de um dos principais cartões postais da Capital, o negócio agregou mais uma loja. A nova sala foi unificada à cafeteria por meio de uma grande janela. No novo espaço, o foco é a loja com produtos autorais da marca, como camisetas, bonés e canecas, além de, claro, os cafés especiais. Outra novidade é a máquina de torra de café, que possibilitará ao público acompanhar o processo dos grãos até a comercialização.
Guert Schinke e Caroline Borges, nomes à frente do negócio, contam que assumir mais uma sala no Mercado Público foi uma decisão baseada na oportunidade para a operação. "O primeiro ano foi legal. As pessoas vêm sabendo que no segundo andar tem o Baden. No fim do ano passado, já vendo que o pessoal estava curtindo, surgiu a oportunidade, que era a única que a gente tinha, de agregar a loja do lado. Não pensamos muito. Se estávamos há seis meses e o pessoal já estava curtindo e a gente gostando, pensamos: 'vamos lá'", diz o empreendedor sobre a ampliação.
Uma das novidades da operação é a máquina de torrefação no espaço. "É para o pessoal entender o que é uma máquina de torrar café. Tem pessoas que não sabem como é o café verde, recebemos clientes que acham que o café já vem marronzinho, colhido. Queremos mostrar como é o processo. Mas aqui vai ser mais show, para turistas, curiosos", explica Guert. O café torrado será vendido a granel, novidade para a marca. "É muito característico do Mercado Público", pontua Caroline. A ação também tem como objetivo mostrar o braço da torrefação do Baden, que fornece café para mais de 100 cafeterias. "Queríamos firmar que somos uma torrefação de café, que fornecemos, torramos, trazemos o café de outras regiões. Fortalecer como marca", diz o empreendedor.
Carro-chefe do cardápio da operação, a torrada feita com cuca e queijo colonial também ganha reforços com a ampliação. "A torrada é um sucesso. Com a ampliação, compramos um fatiador. Com isso, vamos conseguir usar copa, salame e queijo um pouco mais selecionados e fatiar no dia. E fica essa pegada mais Mercado Público", afirma Guert.
No novo espaço, um dos destaques é a loja com itens da marca, como camisetas, moletons, bonés e xícaras com ilustrações de pontos turísticos da cidade. O foco nos produtos é uma estratégia do negócio, diz Guert. "A ideia é a fortalecer a marca. Sabemos que muitas pessoas querem ter um boné bacana, a touquinha no inverno, uma camiseta, um moletom. Não foi estudado, mas muitas pessoas pedem. Vendemos muitas xícaras e canecas com os pontos turísticos", conta.