De Passo Fundo
A ECB Holding, do empresário Erasmo Carlos Battistella, foi a vencedora do leilão dos aeroportos de Passo Fundo e Santo Ângelo, realizado às 10h desta sexta-feira (26), na bolsa de valores B3, em São Paulo. A empresa, responsável também pela indústria de biocombustíveis Be8, foi a única habilitada para participar da concorrência no formato de concessão por parceria público-privada (PPP). O contrato deverá ser assinado em janeiro de 2026. Esse foi o segundo leilão dos terminais, visto que no primeiro não houve interessados.
A ECB terá a concessão por 30 anos. No período, deverá manter e expandir os terminais. Os investimentos serão de R$ 102,2 milhões, a serem distribuídos entre os dois aeroportos. Do montante, R$ 66,24 milhões ficarão para Santo Ângelo, sendo os R$ 35,99 milhões restantes destinados a Passo Fundo.
"É a primeira vez que estamos aqui na B3 para participar de um leilão de concessão de infraestrutura. Espero eu, e trabalharemos para que possamos voltar e fazer mais desses atos aqui. Porque a infraestrutura é uma área em que queremos investir e diversificar nosso portfólio de negócios", celebrou Battistella durante o leilão. O empresário ainda destacou seu pertencimento a Passo Fundo, onde vive com a família e possui a maior parte dos seus empreendimentos.
Em Santo Ângelo, conforme divulgado pelo Piratini, as obras incluem o aumento da área do terminal de passageiros e a construção do novo pátio de aeronaves. Já, em Passo Fundo, é esperada a remodelagem e ampliação da área do terminal de passageiros, a ampliação do parque de abastecimentos de aeronaves e da ampliação das áreas de apoio às companhias aéreas, assim como a complementação da drenagem no sistema de pista.
Presentes no evento, o vice-prefeito de Santo Ângelo, Carlos Gonçalves (PP), e o prefeito de Passo Fundo, Pedro Almeida (PSD), também se pronunciaram sobre a novidade. "A gente sabe que o desenvolvimento da cidade passa pelo Aeroporto Sepé Tiaraju", destacou Gonçalves. "Todos os indicadores positivos da Região Norte e, em especial, de Passo Fundo, fazem com que tenhamos ainda mais otimismo e esperança no futuro. E esse futuro está sendo construído também hoje aqui na B3 com a concessão desse aeroporto que é fundamental", acrescentou Almeida.
O critério de desempate foi o de maior desconto nas contraprestações mensais a serem pagas pelo governo estadual à empresa ganhadora. Por ser a única participante habilitada, a ECB venceu apresentando uma proposta de 0%.
No primeiro leilão, o valor-teto, estimado de acordo com o cronograma de obras, foi de R$ 29 milhões. No edital vencido pela ECB, passou a ser R$ 45,75 milhões, acrescentando ainda contraprestações mensais de R$ 609,3 mil, por parte do poder público. O total para as três décadas, portanto, ficará em torno de R$ 219,3 milhões.
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Empresário garante novidades nos terminais
As operações dos terminais deverão ser realizadas por meio de uma parceria com a Egis, empresa atuante em diversos aeroportos pelo mundo, incluindo o Charles de Gaulle, na cidade de Paris, na França. A informação foi concedida por Battistella durante coletiva de imprensa na manhã de quinta-feira. Na ocasião, o nome da ECB Holding como única empresa habilitada para a concorrência havia acabado de ser divulgado pela B3 durante a ata de recebimento dos envelopes.
Outra novidade será o uso do biocombustível BeVant, criado e patenteado pela Be8, nas operações terrestres dos aeroportos. A substância já é utilizada pela empresa nos veículos que transitam pela planta industrial da empresa no Distrito Industrial, em Passo Fundo. Durante o leilão, o empresário destacou que esta é uma iniciativa ligada ao compromisso da ECB com a sustentabilidade.
O líquido, de cor esverdeada, começou a ser produzido em 2024, com o objetivo de auxiliar na descarbonização de veículos movidos a diesel. A substituição por um combustível pelo outro independe de adaptações no motor, podendo ser realizada facilmente. O custo, entretanto, varia de 20 a 30% acima do valor do diesel.
"Qualquer carro a diesel que parar de utilizar o diesel e começar a usar o BeVant tem 99% de redução das emissões (de CO2). A fumaça sai branca. Quando dá a partida, a primeira fumaça sai e na sequência fica branca, parece que está desligada. E é o mesmo rendimento de consumo e de torque do motor que o do diesel", explicou o diretor de operações da Be8, César Junior, durante visita da imprensa à planta industrial.
Governo do Estado celebra concessão
O Piratini compareceu em peso para o leilão na B3. Além do vice-governador, Gabriel Souza (MDB), acompanharam o evento os secretários de Desenvolvimento, Ernani Polo, da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, e da Cultura, Eduardo Loureiro. Os aeroportos Lauro Kortz, de Passo Fundo, e Sepé Tiaraju, de Santo Ângelo, pertencem ao governo estadual, enquanto os terminais são administrados, por contrato, pela Infraero, empresa pública federal.
Gabriel, o último a falar, encerrando a cerimônia do leilão em São Paulo, destacou o fato da concessão ter sido dada a um gaúcho. Mas, mais do que isso, valorizou concessões do governo chefiado por Eduardo Leite (PSD) desde 2019. Ao relembrar privatizações e PPPs recentes, também citou as realizadas pelo ex-governador José Ivo Sartori (MDB, 2015-2018).
"Inicialmente, eu queria me referir às questões mais conceituais aqui do tema das concessões, porque nós somos um governo que defende concessões, defende que o Estado faça parceria público-privada, defende que o Estado não possa ter e não tenha preconceitos ideológicos até mesmo nas medidas de privatizações. Em outras palavras, somos um governo que acredita no potencial da parceria que possamos fazer em diversas áreas com a iniciativa privada, com os empreendedores, que geram emprego e renda, que muitas vezes dispõem de capital que não é disponível nos caixas do Tesouro Estadual, do Tesouro Público", pontuou o vice-governador.
Além disso, destacando os R$ 102,2 milhões que serão investidos nos terminais, ele afirmou que as reformas e ampliações dos aeroportos, não poderiam ser realizadas com recursos estaduais. "É evidente que se nós tivéssemos que novamente estarmos amarrados às questões eventualmente ideológicas, como muitos fizeram no passado, o Estado jamais veria esse investimento porque não haveria disponibilidade financeira no combalido caixa do governo do Estado do Rio Grande do Sul", acrescentou.