* De São Paulo, especial para o JC
A Invest RS, agência de desenvolvimento do Rio Grande do Sul, inaugurou nesta segunda-feira, 23 de junho, um escritório na cidade de São Paulo, que deve funcionar como um hub para buscar investimentos para o Estado.
A cerimônia de inauguração teve início em almoço na Casa Fasano e reuniu o governador Eduardo Leite, o economista Aod Cunha, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, o presidente da Invest RS, Rafael Prikladnicki, além de 250 convidados, entre representantes de agências de negócios internacionais, de empresas privadas, consultorias e do mercado financeiro.
O escritório, inaugurado em cerimônia no início da tarde, tem três ambientes e fica na rua Leopoldo Couto Magalhães Júnior, a poucos metros da avenida Brigadeiro Faria Lima, centro financeiro e empresarial da capital paulista. "Estamos falando do centro econômico do País e, nesta região onde fica o escritório, circula boa parte da economia nacional. É onde os negócios mais expressivos são fechados e estamos trazendo o potencial do Rio Grande do Sul para essa grande vitrine", afirmou Leite.
Segundo Eduardo Lorea, vice-presidente da Invest RS, que vai liderar o escritório em São Paulo com uma equipe inicial de três pessoas, o espaço pode ser usado por empresários e investidores que quiserem costurar parcerias. "Está à disposição de toda a comunidade gaúcha para a gente poder dar esse passo à frente: daquele empreendedor que está buscando investimentos ou quer fazer um roadshow, daquela entidade que está procurando aproximar o seu setor dos negócios em São Paulo", afirmou. Lorea destacou que os primeiros passos serão um trabalho de mapeamento e relacionamento com potenciais investidores.
Rafael Prikladnicki, presidente da Invest RS, descreveu a abertura da nova sede como uma ação "ousada, necessária e planejada para colocar o estado numa agenda de futuro". Prikladnicki fez uma apresentação de indicadores econômicos do estado, focando em seis setores: máquinas agrícolas, semicondutores, datacenters, biocombustíveis, hidrogênio verde e turismo.
Ele também anunciou os primeiros três eventos que serão realizados pela representação paulistana: um sobre economia de baixo carbono e energias renováveis, outro sobre indústria de transição energética e um terceiro sobre semicondutores, inovação e serviços digitais.
"O RS tem muitas oportunidades, Mas a gente tem a plena convicção de que essas oportunidades só viram investimento quando há presença, quando a gente abre portas e está próximo de quem decide", afirmou Prikladnicki.
Anunciada a atração de novos investimentos ao RS
No evento de inauguração do escritório, o governo gaúcho anunciou duas parcerias, ambas no setor de semicondutores. A primeira foi a assinatura de um protocolo de intenções com a Tellescom Semicondutores, que construirá uma fábrica na cidade de Cachoeirinha, Região Metropolitana de Porto Alegre. Com um investimento inicial de US$ 170 milhões, a empresa deve produzir componentes eletrônicos focados especialmente nas indústrias automotiva e de telecomunicações.
Ronaldo Aloise Júnior, CEO da Tellescom Semicondutores, afirmou que a operação da empresa deve começar em 2026, ainda que a construção da fábrica tenha previsão de durar mais de dois anos.
O segundo anúncio foi de um acordo de cooperação com a empresa de semicondutores catarinense Chipus para implementar um centro de pesquisa e desenvolvimento na área de projetos de circuitos integrados no Estado. O centro terá parceria com universidades e deve ser implementado na Região Metropolitana de Porto Alegre — ainda não se sabe exatamente onde será a sede.
"Esse centro vai unir algumas tecnologias que são determinantes na área de projetos de circuitos integrados e encapsulamento avançado", afirmou Murilo Pessatti, fundador da empresa e diretor da Associação Brasileira de Semicondutores.
Segundo Eduardo Leite, as duas parcerias se situam dentro de um dos pilares da agência, voltada para tecnologia e inovação. "O Estado se destaca pelos seus parques tecnológicos e tem um histórico de empresas do setor de tecnologia bastante relevante', afirmou. "Por isso assinamos hoje protocolos com a indústria de semicondutores, na qual entendemos que o Estado é vocacionado, com expertise, formação de mão de obra e capital humano."
Ao público de São Paulo, Leite vendeu o Estado como um ambiente de negócios desburocratizado, com boa logística e preocupação com a resiliência climática. Sobre esse último ponto, argumentou que, ainda que o Rio Grande do Sul esteja "trocando o pneu com o carro andando", já que as enchentes seguem acontecendo, as tragédias ambientais não devem desencorajar os investimentos.
"Não sei como outras regiões do Brasil estão se preparando, mas muitas vezes é a dor que impõe prioridades orçamentárias, de tempo, de energia", disse. "Quem já vivenciou é quem vai se preparar primeiro para o que vem pela frente. O Rio Grande do Sul está tomando providências, tem recursos alocados no orçamento, fontes de financiamento definidas e estratégia de implementação para garantir que, ao longo dos anos, se torne um estado protegido desses eventos climáticos", afirmou.