O cantor, compositor, instrumentista e arranjador Sérgio Rojas é conhecido por traduzir a versatilidade da música latina em composições inovadoras, carregadas de ritmos e influências. Completando 50 anos de carreira, ele comemora sua trajetória nesta sexta-feira (31), às 21h, em show no Espaço 373 (rua Comendador Coruja, 373), onde irá revisitar canções de seus quatro álbuns, além de apresentar músicas instrumentais inéditas. A apresentação integra a programação do 26º Porto Verão Alegre e os ingressos estão disponíveis no site do Festival, a preços que variam entre R$ 21,00 e R$ 60,00.
Nascido em Uruguaiana (em 1959), filho de uma família de artistas, cantores, músicos e instrumentistas, Rojas é radicado em Porto Alegre desde os 17 anos. Cantou pela primeira vez em público aos seis anos, na extinta TV Piratini. Aos oito anos, começou a estudar violão; aos dez, atuou em programas de calouros; e, aos 15, já cantava e tocava em conjunto de bailes em clubes e casas noturnas da fronteira.
Na Capital, ele cursou Composição, na Faculdade de Música da Ufrgs, mas não chegou a concluir a Graduação. Ainda assim, aproveitou o conhecimento acadêmico para compor suas milongas, ritmo que adotou desde que tocou pela primeira vez, em apresentação na 5ª Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, em 1975 – da qual saiu vencedor, ganhando a Calhandra de Ouro, prêmio máximo do festival – com Mário Barbará e Luiz Eugênio. Dentre suas músicas mais emblemáticas no gênero, Caminhada (lançada em dezembro de 1983, na 13ª Califórnia da Canção) conta com a letra de Colmar Duarte e está no set list do espetáculo celebrativo desta sexta-feira.
Sua trajetória musical ainda engloba o violão erudito, o folclore argentino, a MPB, o samba e mais de 20 trilhas sonoras para o cinema. "Foram tantas fases, que hoje tenho dificuldade de escolher o rerpertório dos meus shows", admite Rojas. "Essa apresentação no Espaço 373 é uma coisa especial, quase uma celebração de vida com muitas experimentações", emenda.
Em cinco décadas de carreira, o artista – considerado um dos mais importantes nomes da música regional gaúcha – ainda dividiu o palco com nomes da música nacional e internacional, a exemplo de Renato Borghetti, Fafá de Belém, Fito Paez e Mercedes Sosa – que foi sua amiga, e quem o lançou no cenário musical latino. "Da relação com a Mercedes, eu contaria um livro. Posso dizer entre muitas coisas, que tive o privilégio de subir no palco com ela para cantar inúmeras vezes. Ela me protegia muito. Me apresentou para todo mundo: Fito, Charly García, Leon Gieco, Alejandro Lerner, David Lebón, Tarragó Ros... Passamos juntos incontáveis natais e réveillons no apartamento da Carlos Pellegrini em Buenos Aires...", recorda.
Com Borghetti, Rojas também participou da produção do CD e DVD Fandango, com a canção Milonga para Simões Lopes Neto (de sua autoria). Em 2008, o álbum recebeu Troféu Açorianos e foi indicado ao Grammy Latino, na categoria de Música Tradicional Regional/Raízes. Dentre suas muitas fases, o cantor, compositor e instrumentista ainda realizou parcerias com escritores e poetas, como Luiz Coronel; e compositores, a exemplo de Sergio Napp, Dilan Camargo, Mauro Moraes, Beto Barros, Jaime Vaz Brasil, entre outros.
Nesta sexta-feira, acompanhado pelos músicos Alexandre Olly (bateria), Adriano Wigger (contrabaixo) e Diogo Barcelos (piano e teclado), Rojas promete apresentar algumas canções em português e espanhol dos álbuns Nosso Segredo (1999), Por onde eu for (2010), Frontera (2015) e Atemporal (2019). O público também será presenteado com releituras inéditas e arranjos que destacam a maturidade artística do cantor e compositor.
"O show ainda contará com a participação especial da cantora Janaína Maia, que vai dar um toque feminino na apresentação", sinaliza o compositor. "Ela canta muito bem MPB, com pitadas de regionalismo e tem um projeto em torno de uma produção afro-açoriana, ligada com o tambor. Será uma presença especial na apresentação, participando de duas músicas: Acalando pra ninar gente grande (que fiz em parceria com o Diogo Barcelose) e Não tenho tempo (do disco Por onde eu for)."