A trajetória de Cassandra Calabouço, uma das drag queens mais conhecidas da cena queer de Porto Alegre, é o mote de Onde está Cassandra?, espetáculo de dança que retorna aos palcos dentro da programação da VIII Mostra Teatro Glênio Peres. As sessões acontecem nesta sexta-feira (13) e no sábado (14), às 19h, no Teatro Glênio Peres, localizado na Câmara Municipal de Porto Alegre (av. Loureiro da Silva, 255). Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados no local, meia hora antes das apresentações (de acordo com a disponibilidade).
Personagem do bailarino, ator e performer Nilton Gaffrée Júnior, em cena, Cassandra celebra 25 anos de carreira, ao lado de outras quatro drag queens: Alpine, a grande (Aline Karpinski), LadyVina, Savanah Queen e Zélia Martínez (Zé Passos). Juntas, elas resgatam memórias, questionamentos e críticas da artista durante sua jornada, revisitando e reapresentando números icônicos da aniversariante.
A dramaturgia, assinada por Gui Malgarizi (que também é iluminador do espetáculo) surgiu a partir de textos antigos de Gaffrée Júnior. "Eu tinha um diário de bordo, com anotações a respeito de diversas questões acerca da minha vida artística e pessoal, e ele se debruçou nesses escritos, selecionando alguns, para trabalharmos em cima deles", comenta Cassandra. "Somado a isso, o Diego Mac (que assina comigo a direção, coreografia e trilha-sonora) foi fundamental para orquestrar essas ações."
Recheada de coreografias e números de Lip Sync (técnica de sincronia labial, também conhecida como playback, em inglês) e tendo como narrativa a história de Cassandra, através das cenas criadas especialmente para este trabalho, a montagem estreou em novembro de 2023, no Teatro Bruno Kiefer, da Casa de Cultura Mario Quintana. "Antes de sermos contemplados pelo edital da Mostra que ocorre no Teatro Glênio Peres, também fizemos uma temporada no Porto Verão Alegre deste ano", recorda Cassandra. "Após as enchentes de maio, que nos impossibilitaram de seguir com o espetáculo, termos sido selecionados para essa programação nos dá um gás e um 'respiro', porque o fazer artístico de forma independente, além de exigir tempo e dedicação, é muito desafiador financeiramente falando", valoriza a artista.
Recheada de coreografias e números de Lip Sync (técnica de sincronia labial, também conhecida como playback, em inglês) e tendo como narrativa a história de Cassandra, através das cenas criadas especialmente para este trabalho, a montagem estreou em novembro de 2023, no Teatro Bruno Kiefer, da Casa de Cultura Mario Quintana. "Antes de sermos contemplados pelo edital da Mostra que ocorre no Teatro Glênio Peres, também fizemos uma temporada no Porto Verão Alegre deste ano", recorda Cassandra. "Após as enchentes de maio, que nos impossibilitaram de seguir com o espetáculo, termos sido selecionados para essa programação nos dá um gás e um 'respiro', porque o fazer artístico de forma independente, além de exigir tempo e dedicação, é muito desafiador financeiramente falando", valoriza a artista.
A escassez das condições de trabalho que os artistas brasileiros enfrentam diariamente é uma das críticas que Gaffrée Júnior leva para cena, em Onde está Cassandra? – tudo, com boa dose de veia cômica. "No meu ponto de vista, o humor é a chave da revolução, é uma forma de protesto, um jeito leve de se colocar no mundo", revela o criador de Cassandra. Atuando como bailarino há mais de 30 anos (desde 1993), tendo passado por companhias como Ballet Phöenix e Grupo Gaia, atualmente ele integra a Muovere Cia de Dança e o projeto Macarenando Dance Concept (central de criação de conteúdos que misturam de dança, humor e cultura pop, dirigido por Diego Mac). Ele conta que Cassandra surgiu em sua carreira em um momento onde Porto Alegre ainda era bastante "fechada" para o assunto.
"Em 1998, quando comecei a atuar como drag, muita gente (inclusive das artes) 'torceu o nariz'; naquela época havia muito preconceito em torno dessa linguagem artística, antes vista como uma arte menor, de menos valia", destaca Gaffrée Júnior. "No entanto, eu achava transgressor, divertido, arrojado, maravilhoso! "Quando eu 'saí do armário' e comecei a frequentar a noite GLS (sigla anterior à atual, LGBTQIAP+), eu adorava assistir os shows de transformistas (como as drags eram chamadas no Brasil até então). Tanto que minhas referências e inspirações foram nomes como Caio Prates, Lauro Ramalho, Lady Cibele, João Carlos Castanha, Glória Cristal, Rebecca McDonald e Dandara Rangel, que atuavam tanto no teatro como nas boates da Capital."
Após iniciar com shows em casas noturnas, Cassandra passou a se apresentar também (a partir de 2003) em festas de empresa, formaturas, casamentos, aniversários, entre outros eventos. "Foi então que percebi que meu trabalho podia ir para outros lugares. O que antes as pessoas menosprezavam hoje é visto com valor – de lá para cá, foi uma mudança bem considerável de paradigma", avalia a artista.
"Eu quis celebrar esses 25 anos de carreira, porque muitas vezes pensei em parar, mas resisti. Na peça, junto com o elenco (que escolhi a dedo, levando em consideração a afinidade artística e a personalidade distinta e forte de cada um), mostramos um pouco sobre do que é feita uma drag, vamos revelando onde está Cassandra, feita de esponja, meia calça, maquiagem e salto, mas também de emoções, sentimentos e perrengues", observa. "Nem tudo é glamour, e acho importante apresentar um trabalho que se relaciona com o público, onde as pessoas podem se identificar com o que é dito, sentir empatia, refletir sobre si mesmas; já que somos todos humanos, com processos parecidos."
"Eu quis celebrar esses 25 anos de carreira, porque muitas vezes pensei em parar, mas resisti. Na peça, junto com o elenco (que escolhi a dedo, levando em consideração a afinidade artística e a personalidade distinta e forte de cada um), mostramos um pouco sobre do que é feita uma drag, vamos revelando onde está Cassandra, feita de esponja, meia calça, maquiagem e salto, mas também de emoções, sentimentos e perrengues", observa. "Nem tudo é glamour, e acho importante apresentar um trabalho que se relaciona com o público, onde as pessoas podem se identificar com o que é dito, sentir empatia, refletir sobre si mesmas; já que somos todos humanos, com processos parecidos."
Como não poderia deixar de ser, a dramaturgia proposta em Onde está Cassandra? é embalada por músicas de divas que refletem o gosto pessoal da artista, enquanto criador e criatura: Alcione, Maria Bethânia, Marisa Monte, Gretchen, Shirley Bassey, Madonna, Whitney Houston, entre outras. "Para completar, os figurinos são assinados pelo Antonio Rabadan, que nos ajuda exatamente no que queremos, que é brincar com o enigma de onde está Cassandra - dando pistas para a plateia - além de contribuir com a 'montaria' – a dinâmica de 'monta' e 'desmonta' – da personagem."