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Plano Diretor de Porto Alegre

- Publicada em 18 de Setembro de 2023 às 20:57

Consultoria sugere dividir o território de Porto Alegre conforme ocupação

Área classificada como terço norte inclui o Centro Histórico e tem alta concentração populacional e construtiva

Área classificada como terço norte inclui o Centro Histórico e tem alta concentração populacional e construtiva


/ISABELLE RIEGER/JC
A população de Porto Alegre - 1,3 milhão de habitantes, conforme o censo divulgado este ano - não está distribuída pelo território da cidade de forma homogênea, isto é, há maior concentração de pessoas e construções (densidade) em algumas regiões e mais área livre em outras.
A população de Porto Alegre - 1,3 milhão de habitantes, conforme o censo divulgado este ano - não está distribuída pelo território da cidade de forma homogênea, isto é, há maior concentração de pessoas e construções (densidade) em algumas regiões e mais área livre em outras.
No entanto, olhando o mapa da cidade, é possível observar que os bairros mais ao Norte apresentam alta densidade, enquanto a parte mais ao Sul tem baixa densidade. Entre essas duas regiões há uma faixa de transição que equilibra áreas ocupadas e livres.
Com base nessa constatação, a Ernst & Young, que presta consultoria à prefeitura para a revisão do Plano Diretor, elaborou um novo conceito para a classificação do território de acordo com as características de ocupação do solo: a região ao norte densamente consolidada; uma região central que funciona como transição entre alta e baixa densidade; e a região mais ao sul com características de baixa densidade. Essa é a divisão em três partes, cada uma representando "um terço" do território de Porto Alegre: norte, central e sul.
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Mapa de Porto Alegre com proposta de divisão em três partes - terço norte, terço central e terço sul. Elaboração Oficina Urbana/Ernst & Young/Divulgação JC
A proposta da consultoria é utilizar este conceito, que é baseado em como a cidade está consolidada hoje, no lugar dos termos "área de ocupação intensiva" e "área de ocupação rarefeita", que constam no Plano Diretor.
No modelo atual não há uma zona intermediária. Para a revisão da lei que rege o planejamento urbano em Porto Alegre, o relatório aponta para a necessidade de "estabelecer um tipo de ocupação intermediária, que consiga distinguir a situação de ocupação densamente consolidada na região Norte, em comparação com a ocupação de baixa densidade na região rural Sul". Na divisão proposta, o terço central é geográfico, ou seja, não é uma referência ao bairro Centro Histórico, que integra o terço norte.
Uma preocupação expressa pela consultoria é com a preservação ambiental das áreas onde não há construções. A Ernst & Young sustenta no diagnóstico que "será necessário continuar limitando a expansão urbana neste setor (Sul), principalmente em setores ambientais frágeis, uma vez que grande parte da área rural corre risco de alagamentos, o que impediria a consolidação urbana ali".
Tal entendimento representa uma grande diferença em relação à mentalidade que predominou em Porto Alegre nos últimos anos. A partir da elaboração do Plano Diretor de 1999 e a sua revisão em 2010, havia se disseminado a ideia de que Porto Alegre só poderia "crescer" em direção à Zona Sul.
O entendimento agora é outro. Além da defesa de limitar a expansão territorial da mancha urbana (áreas que concentram características de cidade consolidada), o relatório aponta que "é preciso continuar com os instrumentos de preservação dos recursos naturais, hídricos, solos, flora e fauna; assim como também é preciso pensar em uma agricultura sustentável, com regulamentação quanto ao uso de agrotóxicos".
Caso a prefeitura acolha a recomendação da consultoria, deverá agir para frear o avanço construtivo nos terrenos livres de casas e prédios mais ao Sul.
As informações contidas nos relatórios elaborados pela Ernst & Young são sugestões. O que vai constar na nova lei do Plano Diretor virá da elaboração do projeto de lei na etapa "sistematização e proposta", cujos trabalhos serão iniciados nas próximas semanas. O texto será submetido à avaliação da sociedade em uma audiência pública prevista para o fim do ano e, após, vai tramitar na Câmara Municipal.

Fazenda do Arado fica de fora da versão final do relatório

Presente na versão preliminar do relatório "Conceitos e Diagnósticos" da consultoria Ernst & Young, que havia sido divulgado em maio deste ano, a Fazenda do Arado não é citada no documento final, que está disponível para consulta e será apresentado ao Conselho do Plano Diretor nos próximos dias. Em agosto, o colegiado aprovou o Estudo de Viabilidade Urbanística para o projeto de parcelamento do solo proposto pela Arados Empreendimentos Imobiliários.
A primeira versão do relatório que veio a público continha um trecho dedicado ao "Projeto urbanístico do Arado", em referência à lei que mudou as regras para construir na área da Fazenda, vizinha do bairro Belém Novo na Zona Sul de Porto Alegre. O trecho estava vinculado ao subitem "Riscos Climáticos" do item "Meio Ambiente", no capítulo "Caracterização do Território".
Na ocasião, o documento apontava que a autorização para construir naquela área poderia "suscitar uma aparente contradição entre a expansão urbana no extremo sul em contraposição ao propósito de adensamento do centro de Porto Alegre". Ainda assim, sustentava que fazer isso teria "um papel importante de promover uma transição ordenada da área urbana com a área rural".
No entanto, na versão consolidada do relatório não há menção à Fazenda do Arado.

O que mais está por vir

Dois documentos compõem o relatório de análise da etapa de "leitura da cidade", somando mais de mil páginas de conteúdo em texto e imagens. A coluna está analisando o material e seguirá, nas próximas semanas, compartilhando informações sobre o seu conteúdo.
Estes e outros documentos estão disponíveis para consulta pública na página do Plano Diretor no site da prefeitura de Porto Alegre. Acesse a seguir os relatórios consultados pela coluna: "volume 1" e "volume 2".