"A gente não quer comprar farmácia para poder vender remédio. Queremos que as farmácias vendam pelo marketplace", afirmou Fernando Yunes, vice-presidente sênior e líder do Mercado Livre (Meli) no Brasil, à coluna Minuto Varejo. A gigante de e-commerce no mercado quer entrar na venda de medicamentos sem prescrição.
Não é novo o interesse de
segmentos fora do varejo farmacêutico na comercialização de produtos para consumidor final mais regulada no País. Os
supermercados queriam entrar no setor, mas
projeto de lei no Congresso Nacional só avançou (teve aprovação em
comissão do Senado e seguiu para a Câmara), após mudança no texto, prevendo a
instalação de farmácias dentro das lojas, que pode ser de empresas do setor, dos próprios supers ou de parcerias com farmácias.
Yunes disse que a companhia comprou a Memed para "entender como é o mercado". O executivo também revelou à coluna que a companhia deve abrir conversação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador e que poderia flexibilizar o fluxo comercial, e até mesmo com redes de farmácia. "Está tudo acontecendo", resumiu o vice-presidente.
Quando a informação da compra da farmácia veio à tona em agosto, a gigante emitiu nota dizendo: "Vemos como uma grande oportunidade de ajudar a tornar o setor farmacêutico mais acessível e inclusivo".
Nos supermercados, projeto aprovado no Senado prevê venda por farmácias dentro da loja
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
A coluna questionou a Abrafarma, que representa os 29 maiores grupos que faturam R$ 35 bilhões por ano, sobre posição a respeito da entrada de players como o Meli no varejo do segmento.
"A venda direta de medicamentos por marketplaces é proibida no Brasil. A venda remota é regulamentada pela Anvisa e só pode ser feita por sites de farmácias licenciadas", explicou a associação, por nota.
"Os marketplaces podem atuar exclusivamente como delivery, mediante convênio com farmácias autorizadas pelos órgãos competentes", acrescentou a organização do setor.
"A Abrafarma defende a pertinência e importância dessa regulação, que garante a segurança do consumidor, a rastreabilidade dos medicamentos e o cumprimento da legislação sanitária". A entidade também defendeu que a dispensação exclusiva pelas farmácias evita "a atuação de intermediários sem qualificação sanitária e sem responsabilidade pela integridade dos medicamentos".
Sobre a possiblidade de marketplaces atuarem como canais para farmácias venderem, como sugere o executivo do Mercado Livre, a Abrafarma não chegou a se manifestar até agora.