Se fosse uma corrida de 100 metros com obstáculos, Sebastião Melo (MDB) não teria chegado a tempo de vencer no 1º turno por um centímetro. Pode ser pouco em distância, mas um fator definitivo para o candidato do MDB dizer “ufa, cheguei lá’”. Não adianta culpar as abstenções nem o azar, agora a peleja é para vencer no segundo turno.
Havia perspectativa de que a pedetista Juliana Brizola, que vinha crescendo, chegasse na frente de Maria do Rosário (PT), mas não foi isso que aconteceu. Dez entre 10 “sebastianistas” diziam que era mais fácil ganhar da petista do que da candidata do PDT, até pelo alto percentual de rejeição de Maria do Rosário.
O temor de que a neta de Leonel Brizola avançasse era procedente, de certa forma, porque, além de ter menos rejeição, receberia os votos do PT, em tese, mais facilmente do que a transferência de votos do PDT. Mas jamais saberemos o que aconteceria. Cabe lembrar que transferência de votos não é assim no mais.
Se vai ser mais fácil Melo vencer a estrelinha vermelha do que a candidata do PDT, só o segundo turno dirá. No dia 28 de outubro. Ao contrário dos nenês ainda na barriga da mãe, não dá para fazer ecografia em urna.
A acessibilidade na votação
Mesários que trabalham voluntariamente no dia das eleições. Idosos, que não precisariam votar, fazendo questão de exercer o direito de escolher seus candidatos no pleito municipal. A cidadã da foto, chegando de andador para votar. São vários os exemplos de disposição de participar da festa da democracia. Uma observação que já foi vista em outros pleitos e que se repete agora é a dificuldade de acesso a algumas seções eleitorias por pessoas com dificuldades de mobilidade. Neste domingo de eleições municipais, mais uma vez idosos foram vistos se esgueirando em escadarias de colégios para exercer o direito do voto. Claro que é bonita essa participação. Mas é importante também pensar em uma estratégia que coloque essas pessoas para votar em andares térreos. Ainda mais considerando o envelhecimento da população gaúcha.
A hora da verdade
Apesar do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral, não existe campanha grátis. Todos os partidos e candidatos têm contas a pagar, e ai dos vencidos. É a conta da gráfica dos santinhos, carros alugados para a campanha, publicitários, marqueteiros, uma longa tripa de despesas que foram feitas pensando na vitória que não veio.
Macetes marqueteiros
Desde os anos 1970, venho dizendo a mesma coisa para marqueteiros e jornalistas que me perguntam se devem ou não trabalhar para fulano ou beltrano. Minha fórmula é sempre a mesma: digam quanto querem ganhar e multipliquem por dois, cobrando metade à vista. Se o candidato vencer a eleição, tudo certo; se perder e não pagar, o que você queria ganhar já está no papo. Viveram felizes para sempre ou até a próxima eleição.
As novas ferramentas
Nas últimas campanhas, tem se repetido à exaustão que as redes sociais suplantam as mídias tradicionais físicas, como carreatas, cartazes de rua, santinhos e bandeiraços. Há um pequeno detalhe aqui: usar bem as redes sociais para conseguir fisgar o eleitor. Por mais que se use IA e internet, a presença física tem três dimensões, o famoso cheiro do povo. Sem olho no olho, tudo é mais difícil, menos para os mocinhos do cinema.
O rio e as eleições I
Na maioria das vezes, o resultado de uma eleição pode ser comparado com o braço de um rio que se desprende do leito principal. Passado algum tempo, o braço volta para o lugar de onde veio, mesmo com ameaças de rebeldia. Como os eleitos que prometeram mudar tudo: quando sofrem o choque da realidade do posto - o que pode ser chamado de sistema - são forçados a voltar ao rio "normal".
O rio e as eleições II
Já vimos esse filme no passado muitas vezes. A primeira constatação do eleito é que ele não é um ser livre em termos políticos, precisa do Legislativo, tem que acomodar a base aliada na máquina, não pode fazer muitas mudanças prometidas na campanha e logo vê que o sistema é um ser independente de fraturas. Quando ele entende onde está metido, pode seguir as regras e espernear aqui e acolá, mas está no mesmo túnel do tal sistema.
O rio e as eleições III
Por isso que muitos eleitos acabam se desiludindo. Além de acomodar amigos e correligionários, não demora e caem na real: as regras são superiores às vontades. Ele sempre pode romper de vez, mas ficará marginalizado e verá a gasolina do tanque se evaporar em pouco tempo. Como dizia o Príncipe no livro "O Leopardo", de Tomasi di Lampedusa, tudo tem que mudar para continuar a mesma coisa.
Pesquisas a rodo
Quando se fala que em Porto Alegre houve poucas pesquisas, no País o quadro foi outro. Só na última semana foram registradas nos TREs dos estados 3,8 mil pesquisas sobre disputas a prefeituras.
Sem comparação
Qualquer comparação com eleições anteriores nas capitais deve excluir a de 2020. Foi o auge da Covid, os eleitores relutavam em sair de casa mesmo usando máscaras e principalmente os idosos, por motivos óbvios - temor de contágio. De uma forma geral, foi uma eleição do medo.
Chegou o luxo
Caxias do Sul é a primeira cidade gaúcha a receber a marca de luxo Ralph Lauren Casa, por meio da loja Decor Window, liderada pelo empresário Rudimir Kriger. As padronagens do estilista norte-americano Ralph Lauren mais parecem obras de arte.
Os recicláveis
O vidro demora 1 milhão de anos para se decompor, o que significa que se desgasta muito pouco e pode ser reciclado um número infinito de vezes. Igual ao sistema político-partidário brasileiro.