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Publicada em 19 de Abril de 2022 às 16:31

Líderes empresariais projetam período desafiador no segundo semestre

Câmbio e inflação também foram apontados como desafios no 24º Marcas de Quem Decide

Câmbio e inflação também foram apontados como desafios no 24º Marcas de Quem Decide

LUIZA PRADO/JC
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Diego Nuñez
Justamente quando se ensaiava uma saída da pandemia, a invasão da Ucrânia pela Rússia resultou em uma guerra bélica no leste europeu, de influência e poder para o resto da Europa e desorganizou as cadeias de abastecimento da economia global. Os dois fatores somados dão prosseguimento a um caos logístico que é regra desde 2020 e afeta o fornecimento de insumos das empresas gaúchas.
Justamente quando se ensaiava uma saída da pandemia, a invasão da Ucrânia pela Rússia resultou em uma guerra bélica no leste europeu, de influência e poder para o resto da Europa e desorganizou as cadeias de abastecimento da economia global. Os dois fatores somados dão prosseguimento a um caos logístico que é regra desde 2020 e afeta o fornecimento de insumos das empresas gaúchas.
“A indústria está fazendo um esforço para superar isso, mas ainda está difícil e acreditamos que antes do fim do ano não esteja regularizado”, analisou o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry, durante o evento Marcas de Quem Decide, promovido pelo Jornal do Comércio, em parceria com a Qualidata, que certifica CEOs e representantes das empresas e instituições mais lembradas e preferidas pelos gaúchos.
Ele acredita que a recente desvalorização do dólar estadunidense perante o real brasileiro até pode ajudar a baratear o fornecimento de insumos importados para a indústria, porém, hoje, os custos elevados podem não ser o principal problema.
“(A queda no dólar) baixa o custo, mas tem que achar o insumo. A dificuldade principal hoje é achar o insumo de qualidade, confiável, que possa agregar ao produto. E atrapalha, por outro lado, quem exporta. Foram fechados negócios ano passado com dólar a R$ 5,70, e agora quando ele vai entregar vai receber R$ 4,60. Então, se não fez um hedge cambial para se proteger… e dificilmente alguém faria, porque o momento não sinalizava isso”, afirmou Petry.
O Marcas reúne o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul. Um evento idealizado para valorizar a produção da indústria e comércio local, neste meridiano brasileiro, também serve para encontros e conversas das principais empresas e entidades sediadas no Estado.
A Randon, após dois anos de pandemia, tem conseguido organizar sua produção. “O ano passado foi desafiador na questão da inflação. Neste ano, há várias questões, inclusive risco de falta (de insumos). Então a empresa tem aprendido a trabalhar com mais estoque, capital de giro e outras fontes alternativas, locais também. Isso tem mitigado os riscos de parada de linha. Tem sido um desafio para todas as empresas, mas nós estamos bem neste momento”, relata Daniel Randon, presidente da empresa.
Com um mercado externo de mais de 100 países e exportações que representam 20% da receita total da empresa, a Randon sente o momento de volatilidade das moedas internacionais, mas acredita que o momento pode ser de oportunidades. “
“O melhor câmbio é aquele menos volátil possível. Mas um real apreciado traz várias oportunidades, desde insumos importados mais baratos, redução do risco de uma inflação maior e oportunidade investimento em equipamentos trazidos de fora. Ainda acredito que o Brasil tem um câmbio favorável à exportação”, afirmou ele.
Outra empresa exportadora presente no Marcos foi a CMPC, que vende para fora do país 91% da sua produção em Guaíba. “A gente tem sim impacto da inflação em boa parte dos nossos insumos químicos e energéticos. Isso também tem se refletido no preço da celulose em altas para o cliente. O Brasil é grande protagonista na produção de celulose, maior exportador do mundo, e tem muita oportunidade de crescimento. O setor de celulose brasileiro irá investir R$ 53 bilhões nos próximos três anos”, afirmou Maurício Hager, presidente da empresa. A própria CMPC executa, até novembro de 2023, um projeto ambiental inovador que demanda investimento de R$ 2,75 bilhões na planta de Guaíba.
A General Motors, com fábrica em Gravataí, que precisou parar a produção durante parte da pandemia, agora busca cada vez mais retomar o ritmo de produção na planta de Gravataí. “O mercado está super instável e eventualmente a gente acaba sendo afetado. Estamos num momento de retomada. Ficamos com a fábrica parada por um período longo, em virtude da cadeia de suprimentos, mas a gente está firme junto com o Estado querendo continuar crescendo”, disse Daniela Kraemer, gerente de relações públicas e governamentais da GM Mercosul.
Novo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS), Leonardo Lamachia destacou os desafios do ano eleitoral: “A Ordem sempre foi e continuará sendo defensora do estado de direito e da democracia, e nada melhor para a democracia que eleições limpas e regulares. A OAB terá papel de fiscalização no processo eleitoral, acompanhamento da votação e fiscalização de uso de caixa 2 e denúncias de abuso de poder econômico”.
O diretor-administrativo da Farsul, Francisco Lineu Schardong, analisou a questão da estiagem. Ele afirma que as recentes chuvas, que recuperaram parte das lavouras de soja, não são suficientes para amenizar as perdas. “A chuva recupera a planta, mas não o prejuízo. É um grão com uma qualidade muito inferior”, afirmou.

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