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Publicada em 31 de Março de 2020 às 03:00

Primeira unicórnio do Brasil, 99 quer continuar a crescer

Clarissa Brasil é gerente de Operações-Sul da empresa

Clarissa Brasil é gerente de Operações-Sul da empresa

99/DIVULGAÇÃO/JC
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Giana Milani
Giana Milani
Se tem um setor que passou por uma transformação que afetou a vida de todo mundo foi o de mobilidade urbana. Novas marcas chegaram para abocanhar o mercado, pegando profissionais desprevenidos. Agora, não tem mais volta.
Se tem um setor que passou por uma transformação que afetou a vida de todo mundo foi o de mobilidade urbana. Novas marcas chegaram para abocanhar o mercado, pegando profissionais desprevenidos. Agora, não tem mais volta.
Nesse contexto, mais de 18 milhões de pessoas no Brasil utilizam o serviço da primeira startup que alcançou o status de unicórnio no País: a 99. Os dados são da própria empresa, atuante em 110 cidades gaúchas. No Rio Grande do Sul, a lista é composta desde municípios com poucos habitantes, como por exemplo, Alto Feliz, que teve uma população estimada em 3.028 pessoas em 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até Porto Alegre.
A 99 trabalha com seis tipos de serviço: a 99Pop, a categoria de carros particulares; a 99Taxi; a 99Top, serviço de táxis de luxo; a 99Compartilha, serviço de corridas compartilhadas; e o 99Comfort, que reúne comodidade de carros mais novos e espaçosos; e a 99Food, que começou a operar em Belo Horizonte no final do ano passado.
Fundada em 2012, em São Paulo, a empresa foi comprada em 2018 pela chinesa Didi Chuxing ("DiDi"), que naquele período também iniciou seus serviços de mobilidade com marca própria no México e na Austrália, além de uma joint venture com o Soft Bank Corp. para oferecer serviço de táxi compartilhado no Japão.
De acordo com a gerente de Operações-Sul da 99, Clarissa Brasil, após a aquisição, a startup cresceu sete vezes. Portanto, para 2020, a expectativa é continuar no ritmo acelerado, mas de forma robusta e sustentável. A executiva diz que o objetivo é consolidar os serviços, melhorar a experiência de motoristas e passageiros e investir no desenvolvimento de novos negócios. Embora com resultados positivos, a ordem é não se acomodar.
A plataforma possui cerca de 1 mil colaboradores em território nacional e conecta mais de 600 mil motoristas parceiros. O cálculo do ganho dos condutores é feito independente ao valor pago pelo passageiro, sendo considerados o tempo e a quilometragem da corrida.
Clarissa explica que o motorista recebe um valor mais rentável em situações que fujam ao seu controle. Para estimular que eles optem pela plataforma, são oferecidos incentivos financeiros em horários de pico, com o intuito de promover mais lucro em período de grande demanda. Outra maneira de atraí-los é o pagamento em até um segundo para 99,9% dos condutores que utilizam o Cartão 99.
A empresa mantém ainda o SOMOS, um programa de relacionamento que conta com uma rede de apoiadores. "Há descontos em consultas médicas, cursos de graduação e capacitação, acesso a serviços de auxílio para recursos a multas e reciclagem da CNH, além de vantagens especiais em restaurantes, lava-jatos e oficinas", destaca Clarissa.
Para driblar a concorrência de outras empresas que atuam no mesmo segmento, a 99 investe na busca da oferta de melhor preço aos passageiros. "Contamos com uma política de democratização do acesso ao transporte. Desta forma, garantimos preços até 15% menores nas áreas periféricas em relação ao centro expandido das cidades em que atuamos, sem que isso impacte os valores repassados aos motoristas", explica.
De acordo com ela, essa política designada como democratização da mobilidade, desestimula o uso do carro próprio e fomenta o compartilhamento e a economia inteligente.
Para a executiva, a promoção do acesso é um pilar muito importante da 99, uma atitude, inclusive, que pode inspirar marcas tradicionais. "Felizmente, conforme dados recentes da 99, 67% das viagens de Porto Alegre e Região Metropolitana começam ou terminam fora do centro expandido da capital gaúcha - o que significa que nosso serviço já é acessível para grande parte da população", comemora.
Para Clarissa, por já nascerem com um DNA de tecnologia, inovação e dinamismo, os unicórnios propõem novos modelos de negócio e alteraram os já existentes, trazendo ganhos para todos. "Hoje, o Brasil está entre os 10 maiores produtores de unicórnios do mundo. Com a força que esse ecossistema vem ganhando, em 2020, os unicórnios serão uma realidade ainda mais presente neste País", avalia.
"Acredito que novas tecnologias continuarão surgindo com uma velocidade cada vez maior, e isso desafiará as marcas a se tornarem relevantes para os seus consumidores, principalmente em termos de experiência", comenta. As empresas, segundo ela, precisam ter mais flexibilidade para mudanças e mais agilidade na criação de produtos. "Ter uma cultura de inovação sólida será essencial para quem quiser se manter competitivo", detalha.
Ao aconselhar as novas startups que vêm sendo criadas, ela revela que o grande segredo é trabalhar firme com propósitos bem definidos. A 99 emprega a ideia da experiência do colaborador e do passageiro. Um dos focos é proporcionar segurança. Por isso, para a foto estar sempre atualizada para conferência, é realizado reconhecimento facial periódico com todos os motoristas antes deles se conectarem. "Disponibilizamos, no aplicativo, um kit de segurança que possibilita os usuários ligarem para o 190 e compartilharem rotas em tempo real com até cinco contatos de confiança. Contamos, também, com uma equipe especializada, que trabalha 24 horas oferecendo apoio."
A unicórnio age internamente para que o funcionário seja desafiado profissionalmente, mas que se sinta confortável. O escritório, afirma Clarissa, é moderno, com espaços de relaxamento, como salas de descanso e meditação. No Pet Day, os colaboradores levam seus animais de estimação. "Possuímos, ainda, grupos afirmativos formados por funcionários negros, LGBTQ e mulheres para aumentar a conscientização e promover mudanças positivas para a companhia e fora dela".

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