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Publicada em 28 de Março de 2019 às 19:51

Inovação no cooperativismo

Alexandre Guerra, diretor Administrativo e Financeiro da Cooperativa Santa Clara

Alexandre Guerra, diretor Administrativo e Financeiro da Cooperativa Santa Clara

VIRGINIA SILVEIRA/DIVULGAÇÃO/JC
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Jornal do Comércio
Inovar não é uma missão somente para quem está chegando ao mercado. Modelos tradicionais de gestão também precisam renovar seus aparatos para seguirem competitivos. Esse é o caso das cooperativas, um modelo de gestão que surgiu em 1844, na Inglaterra. Ainda muito presente em diferentes segmentos, o cooperativismo tem por essência agregar pessoas ou grupos que desempenham a mesma atividade com um objetivo comum. O diretor Administrativo e Financeiro da Cooperativa Santa Clara, Alexandre Guerra, acredita que alinhar os cooperados com essas premissas é um desafio.
Inovar não é uma missão somente para quem está chegando ao mercado. Modelos tradicionais de gestão também precisam renovar seus aparatos para seguirem competitivos. Esse é o caso das cooperativas, um modelo de gestão que surgiu em 1844, na Inglaterra. Ainda muito presente em diferentes segmentos, o cooperativismo tem por essência agregar pessoas ou grupos que desempenham a mesma atividade com um objetivo comum. O diretor Administrativo e Financeiro da Cooperativa Santa Clara, Alexandre Guerra, acredita que alinhar os cooperados com essas premissas é um desafio.
"Manter os valores da cooperativa de comprometimento, ética, profissionalismo, transparência e união vivos entre os associados e colaboradores pode ser considerado um desafio, mas através deles também é possível cultivar a harmonia entre o quadro societário para que possam ser tomadas as decisões estratégicas que respeitem e beneficiem a todos", pondera.
Há 107 anos no mercado, a Santa Clara é a cooperativa de laticínios mais antiga do Brasil. Operar por tantos anos mostra, de acordo com Guerra, a força desse modelo de gestão. "Ser a cooperativa de laticínios mais antiga em atividade no Brasil demonstra que o cooperativismo é um dos pilares para o desenvolvimento comunitário e um diferencial para o sucesso de uma marca", entende.
Durante este período, a Cooperativa se destacou de maneira inovadora, especialmente junto ao produtor de leite no que se refere à qualidade e eficiência das propriedades. "Foi a primeira instituição do Rio Grande do Sul a investir em inseminação artificial, em 1954, pioneira em pagar o leite pela qualidade, em 1991, a coletar 100% do leite a granel em 1996 e a primeira indústria de laticínios do Estado a receber o certificado ISO 9000 (atualmente, possui ISO 9001)", conta.
Hoje, a Cooperativa Santa Clara conta com mais de 5,5 mil famílias associadas, sendo 3,2 mil produtores de leite em atividade distribuídos em mais de 125 municípios gaúchos.
Com um número significativo de associados, a Cooperativa ainda considera um desafio a inserção da tecnologia no campo. "Quando se fala em campo, onde estão nossos associados, os principais desafios que temos são a sucessão rural e a comunicação. A velocidade das ferramentas digitais em relação ao acesso ainda deficitário nas áreas rurais não colabora com a agilidade que gostaríamos."
A Cooperativa Santa Clara acredita, ainda, que a inovação deve ser uma constante. "A Santa Clara tem um histórico de inovação. Foi a Cooperativa que lançou o primeiro queijo com micro-organismos probióticos do Brasil, o Minas Frescal SanBIOS, que auxilia a regular a flora intestinal."
Estar atento às demandas do mercado é uma maneira de diversificar a cartela de itens oferecidos.
"A Santa Clara tem como foco lançar produtos constantemente e acompanhar as tendência do mercado, assim nos preocupamos em oferecer produtos funcionais, com foco na saúde, como as linhas zero lactose, probióticos e redução de sódio, que regularmente são ampliadas", descreve.
"No ano passado, a Cooperativa colocou no mercado uma nova versão de embalagem de queijos nobres, que possibilita a experimentação de queijos com menor desembolso. A versão fracionada em embalagem skin pack também atende ao consumidor single e às pequenas famílias", acrescenta o diretor.

Crowdfunding se assemelha ao modelo

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É preciso entender a inovação para além da tecnologia. O vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, acredita que a reinvenção nas empresas perpassa, também, as relações. "A inovação não se dá somente por meio da tecnologia, está na forma de se reinventar, de se relacionar com as pessoas e de colocar o consumidor ou o associado na posição de protagonista e, com isso, orientar as ações da empresa." Apesar de ser um modelo tradicional, o sistema de cooperativa é similar a novas estruturas de gestão que tem como norte a união de objetivos em comum. "Em sua essência, o 'moderno' crowdfunding é muito semelhante ao que o cooperativismo já faz há 175 anos. São pessoas que se unem, com um objetivo em comum e que se autofinanciam para conseguir alcançar seus objetivos", analisa Port. E é nesse modelo que funciona o sistema de cooperativa do Sicredi, Sistema de Crédito Cooperativo. As 114 cooperativas filiadas funcionam de acordo com as normativas e regimentos do Sicredi, mas com autonomia para atender às peculiaridades da sua região de atuação.
"As cooperativas filiadas ao Sicredi têm como objetivo principal melhorar a qualidade de vida dos associados e da comunidade. Esta transformação se dá tanto com a oferta de produtos e serviços financeiros adequados às necessidades dos associados como por meio de programas de responsabilidade social que desenvolvem e fortalecem a educação, cultura e esportes.
A atuação de uma cooperativa de crédito não se dá apenas através de aspectos mercadológicos, mas busca um equilíbrio entre os aspectos econômicos e sociais de cada região, diferencial este que dificilmente é foco de instituições financeiras em geral, principalmente por estas terem sua sede distante das comunidades." O modelo de cooperativa, para Port, é propício para inovação em função da gestão descentralizada. "As cooperativas Sicredi têm grande autonomia para se reinventar. Algumas cooperativas se assemelham a startups, tendo a possibilidade e a velocidade de testar variações na forma de atuação, que, se forem validadas, podem ser adotadas por outras cooperativas. Neste aspecto, o modelo de atuação descentralizado favorece a inovação."
O cooperativismo pode ser, também, uma alternativa de gestão em momentos de crise econômica. "É importante registrar que o cooperativismo surgiu e se fortalece em momentos de crise, quando as pessoas se voltam para suas necessidades básicas e se fortalecem através da união e do trabalho em grupos", acredita Port. Ele conta que o Sicredi nasceu, exatamente, dentro dessa premissa de união. "No Brasil, a primeira instituição financeira cooperativa surgiu em 1902, na cidade de Nova Petrópolis, sob a liderança de um padre jesuíta que percebeu a necessidade que os imigrantes de origem germânica tinham de financiar suas terras por ocasião do recomeço de suas vidas em nosso País. O padre Theodor Amstad sugeriu, então, a criação de uma cooperativa de crédito, que receberia recursos de quem os tinha disponíveis (depósitos) e os emprestaria a quem tivesse necessidade de se financiar. Surgiu, assim, a Sicredi Pioneira RS, a mais antiga instituição financeira privada do Brasil e também a mais antiga cooperativa de crédito da América Latina."
Sempre atento ao tópico da inovação, o Sicredi desenvolveu, em 2018, ações para ratificar esse conceito entre suas cooperativas. Foi criada a Woop, conta digital da instituição financeira onde a associação a uma cooperativa pode ser feita rapidamente através de um smartphone, tendo acesso aos produtos e serviços oferecidos para os associados digitais. No entanto, embora as renovações envolvam o aspecto tecnológico, o Sicredi ressalta que inovar também é enfatizar a importância da atuação com propósito. "Muitas cooperativas têm avançado na reflexão acerca da forma de atuação que o Sicredi deve assumir em sua região um papel de protagonismo no desenvolvimento e na melhoria da qualidade de vida dos associados", acredita Port. 
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Manter as relações tradicionais mesmo em tempos de mudança também é um dos nortes que guia a Unimed. Há 45 anos no Rio Grande do Sul, a cooperativa de saúde preza por manter sempre a relação médico-paciente, mas não deixa de concentrar a sua energia de trabalho para a inovação. "Nós somos uma cooperativa de saúde, então é importante a preservação do exame físico e da anamnese feitos pelo médico, do contato com o paciente", acredita Diretor de Negócios e Inovação da Unimed Federação/RS, Luis Carlos Melo. Respeitando esse vínculo, a Unimed aposta em inovações que buscam o conforto para o paciente na hora de procurar uma consulta médica ou realizar exames e outros procedimentos. "Trabalhamos em várias inovações, desde prontuário eletrônico, hospital digital, marcação de consultas on-line, aplicativos. Em termos de medicina, sempre atentos a novas tecnologias de saúde, a cirurgia robótica. Então, nós vivemos nos reinventando. Sabemos que, no mundo, a única constante é a mudança."
Com 26 Unimeds singulares no Rio Grande do Sul, além da Federação, a cooperativa cobre 100% dos municípios gaúchos com mais de 13 mil cooperados no Estado. A nível nacional, o sistema tem mais de 19 milhões de beneficiários. Para manter números tão expressivos, a Unimed acredita que é preciso sempre estar em um processo de evolução, respeitando as premissas da lei e da ética médica.
"Quem não se reinventa fica parado no tempo. Aqui na Unimed são muitas as inovações que temos feito e continuamos fazendo. A característica das inovações na Unimed é que elas respeitam a lei, dentro de um compliance, de uma elegibilidade, diferente de outras inovações, que às vezes começam normalmente ilegais e com tempo se tornam legais. Sem esquecer do aspecto médico-paciente, que é muito importante. Tem-se falado muito em telemedicina, e nós não somos contra, desde que se preserve o médico." 

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