Porto Alegre,

Anuncie no JC
Jornal do Comércio. O jornal da economia e negócios do RS. 90 anos.

Publicada em 28 de Março de 2019 às 10:20

Gestão transformadora com empatia e compromisso

Márcio Fernandes, o executivo mais bem avaliado do Brasil pelos próprios funcionários com 99% de satisfação, defende que é possível aumentar a lucratividade de uma empresa sem cortes

Márcio Fernandes, o executivo mais bem avaliado do Brasil pelos próprios funcionários com 99% de satisfação, defende que é possível aumentar a lucratividade de uma empresa sem cortes

/ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Compartilhe:
Jornal do Comércio
Às empresas que ainda mantêm pendurados nas paredes seus quadros com a definição de Missão, Visão e Valores, eu recomendo a atualização e, principalmente, a revisão do conteúdo desses conceitos corporativos. Esse é mais um ponto essencial do que chamo de Filosofia de Gestão Estratégica de Pessoas. Lançar um novo OLHAR sobre a Cultura Organizacional e a Gestão, sobretudo a de Pessoas para construir algo que faça muito mais SENTIDO para TODOS. Não se trata de buscar atributos extrínsecos para valorizar a marca de produtos e/ou serviços. Não estou falando também de forçar a barra para “inventar” algo que não seja tangível, que, de fato, ainda não exista na Cultura Organizacional.
Às empresas que ainda mantêm pendurados nas paredes seus quadros com a definição de Missão, Visão e Valores, eu recomendo a atualização e, principalmente, a revisão do conteúdo desses conceitos corporativos. Esse é mais um ponto essencial do que chamo de Filosofia de Gestão Estratégica de Pessoas. Lançar um novo OLHAR sobre a Cultura Organizacional e a Gestão, sobretudo a de Pessoas para construir algo que faça muito mais SENTIDO para TODOS. Não se trata de buscar atributos extrínsecos para valorizar a marca de produtos e/ou serviços. Não estou falando também de forçar a barra para “inventar” algo que não seja tangível, que, de fato, ainda não exista na Cultura Organizacional.
Para ENRIQUECER O SENTIDO da existência de uma empresa, eu sugiro construir de forma participativa o motivo para a ação conjunta, encontrar o PROPÓSITO, a RAZÃO DE SER do negócio, considerando, claro, os VALORES que são fundamentais nessa hora. As tradicionais Missão e Visão costumam ser ainda muito pobres, de prateleira e nada engajadoras. As pessoas – colaboradores, clientes, acionistas e demais partes interessadas – devem conseguir identificar que existe uma complementaridade entre elas mesmas e aquela organização. Não são mais os vazios que se encontram, são os motivos, que podem até ser diferentes, mas que se complementam em um sentido comum, convergente. O objetivo é resgatar e conectar as pessoas com o que mais combina com os valores da vida delas, porque nós só somos capazes de ser espontâneos e voluntários em favor daquilo que acreditamos e realmente faz SENTIDO para nós.
Infelizmente, porém, essa questão ainda não está bem resolvida pela maioria das empresas: na real, o trabalho diário mais parece uma luta pela sobrevivência na floresta corporativa, cheia de vazios. Às vezes, apesar dos desânimos momentâneos, a pessoa até consegue ter o seu próprio propósito e se agarra nele, como se fosse a um cipó. E, de cipó em cipó, vai superando os obstáculos até que chega à empresa para trabalhar e o que encontra lá é só uma árvore fixa, nada frondosa, profundamente enraizada e sem nada para se agarrar. Não dá para transitar com fluidez pela floresta corporativa. Pelo menos, o que a empresa consegue OFERECER aos colaboradores já é uma árvore, uma expressão da natureza, uma comprovação de que já existe ali dentro alguma reflexão dos líderes sobre a necessidade de se conectar e, quem sabe, mudar – para MELHOR – a Cultura Organizacional.
Obviamente, há situações mais difíceis do que essa. Por exemplo: alguém que trabalha em uma mina a 100 metros debaixo da terra – me lembrei daquele grupo de chilenos que passou dias preso depois de um desmoronamento. Mesmo sem tragédias desse tipo, deve ser muito duro estar todos os dias ali onde o sol não bate. Pelo menos de vez em quando, alguns devem pensar: “O que estou fazendo aqui, meu Deus? Por que me enfiei aqui?” Percebe? Existem momentos e circunstâncias, que fazem a pessoa se autoquestionar se está fazendo o certo, se aquilo tudo vale a pena e por isso a RAZÃO DE SER da empresa precisa ser RICA o bastante para possibilitar a seguinte resposta: “Sim, eu ACREDITO nisso, trabalhar aqui FAZ SENTIDO para mim!”Quando consigo dar essa resposta para mim mesmo, entro em conexão com um SENTIDO que não é só MEU e nem foi concebido por alguém que tem somente uma visão sistêmica do negócio. O SENTIDO da RAZÃO DE SER de uma empresa é enriquecido – essencial e intrinsecamente engajador -, quando é capaz de transmitir a seguinte percepção aos colaboradores: “Eu estou aqui para trabalhar em algo que ajuda os outros, conectando necessidades, suprindo, alimentando, defendendo, salvando vidas ou desenvolvendo pessoas, sendo definitivamente útil sem causar danos colaterais socioambientais. Minhas escolhas de vida fazem sentido para a empresa e eu vivo a empresa sem medo, participo e me sinto útil para o todo e juntos melhoramos a sociedade.” É assim que – por opção, em geral - as pessoas se engajam no trabalho diário: porque gostam da empresa e gostam ainda mais da ideia de participar da construção de tudo que tiver um sentido maior para a sociedade. Parece difícil? Não é difícil não, é simples e orgânico porque nós fomos concebidos para viver assim. As empresas foram criadas para fazer sentido, mas este mundo sofre com a deturpação de valores, a visão de curto prazo e uma dose enorme de desleixo.
É lamentável, mas o que a gente vê hoje costuma ser realmente fora do eixo que deveria estar. Uma vez, alguém me disse assim: “Ainda bem que minha família é maravilhosa, as pessoas que eu amo me dão muita força e isso é o que me ajuda a SUPORTAR o dia a dia no trabalho!” Essa pessoa levanta da cama todos os dias e encara o trabalho só por disciplina, efetividade e obrigação. Até hoje, ainda não ouvi o contrário: “Minha empresa é tão legal, encantadora e conectada com meus valores que, quando chego em casa, consigo ter energia e disposição para viver plenamente a relação com minha família. Consigo me dedicar à formação dos meus filhos, cuidar dos meus pais que já são idosos com muito mais carinho, respeito e valorização, porque aprendo isso todos os dias lá no meu trabalho.” É claro que a vida de ninguém é tão perfeita assim, todos nós temos problemas também em casa e na família. Mas, mesmo assim, se quando chega para trabalhar, a pessoa encontra um SENTIDO profundo, isso dará forças a ela para superar também seus problemas particulares. A questão está em um novo equilíbrio das coisas, que é possível, sim. Fico extremamente feliz por ver milhares de pessoas e empresas interessadas nesta nova Filosofia de Gestão, dirigindo seu foco mais especial para as pessoas, isso pode de fato resgatar valores que devolverão o sentido e o nosso animo.
A proposta da Filosofia de Gestão Estratégica de Pessoas, construindo uma nova Cultura Organizacional é, justamente, ajudar a tornar real esse equilíbrio: a empresa se tornar capaz de OFERECER um ambiente tão verdadeiramente próspero, participativo, integrado e inclusivo, que as pessoas, colaboradores e clientes, consigam ser todos os dias plenamente tomadas por um natural e incontrolável engajamento. Colaboradores são mais produtivos e eficientes e, por isso, quando voltam para casa, ainda têm muita energia para lidar com suas questões familiares.
As pessoas estão clamando por SENTIDO. Clientes se sentem enganados e são totalmente infiéis porque não imaginam que possam ser fãs de algum produto ou serviço. Enquanto isso, observo nas empresas um esforço sincero e bem-intencionado para desenvolver e engajar as pessoas e tentar mudar essa equação, o que considero fundamental: “Como é que eu engajo meu colaborador?” ou “Como é que eu fidelizo meu cliente?”. É quase impossível engajar clientes sem conseguir o mínimo que é engajar seu próprio time. Seu colaborador é no final do dia o cliente que você paga para viver seu propósito, se ele não está engajado, imagine seu cliente.
Na prática, muitas empresas não conseguem ser imparciais e o discurso normalmente ainda se prende apenas a indicadores básicos chamados de “chave” ou ao balanço das pontuações, algo arcaico, que apenas mede e não oferece saídas. O resultado só aumenta substancialmente, quando a existência do negócio faz SENTIDO para TODOS - e TODOS ficam encantados e se engajam por livre e espontânea vontade. Essa readequação de mindset dos líderes empresariais é outro ponto essencial, porque não há como prosperar de modo sustentável, se não houver a convergência de propósitos das pessoas e a RAZÃO DE SER da empresa.

Notícias relacionadas