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Publicada em 16 de Abril de 2015 às 19:18

O Brasil de dentro também pede atenção

Ilustração Rodrigo Rabello

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rodrigo rabello/especial/jc
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Se, no caso específico do Rio Grande do Sul, cada nova edição da pesquisa Marcas de Quem Decide fortalece e consolida a forte presença de marcas locais, em termos nacionais levantamentos recentes ressaltam a força do Interior como espaço apropriado para negócios já existentes e para novos empreendimentos. A combinação desses fatores cria um ambiente particular, tornado mercado experimental para reposicionamentos de produtos e para novos lançamentos, pelo elevado nível de exigência de seus públicos consumidores.
Se, no caso específico do Rio Grande do Sul, cada nova edição da pesquisa Marcas de Quem Decide fortalece e consolida a forte presença de marcas locais, em termos nacionais levantamentos recentes ressaltam a força do Interior como espaço apropriado para negócios já existentes e para novos empreendimentos. A combinação desses fatores cria um ambiente particular, tornado mercado experimental para reposicionamentos de produtos e para novos lançamentos, pelo elevado nível de exigência de seus públicos consumidores.
O Interior do Brasil está a cinco anos de responder pela metade do crescimento do consumo nacional. Quando isso ocorrer, esse será um mercado avaliado em cerca de R$ 2 trilhões - calculados na conversão atual do dólar, já superior aos R$ 3,00. Com hábitos próprios, em que se incluem a proximidade às marcas locais e a grande convivência familiar e doméstica, esse público mostra força e está a merecer mais atenção e estudos. A inserção de 11 milhões de novas pessoas às classes A e B entre 2010 e 2020 supera em três vezes a população do Uruguai e se equipara a de Portugal.
Os dados citados acima são do Boston Consulting Group, divulgados no segundo semestre de 2014 e tendo 2010 e 2020 como referências extremas. O levantamento, intitulado Redefinindo a Classe Média Emergente no Brasil, envolveu 3,6 mil famílias em todas as regiões do País, com renda entre média e superior. Já o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Instituto Data Popular demonstram - em levantamento conjunto - que, agrupados, os municípios do Interior do Brasil comporiam a 13ª maior nação do mundo; e que chega a R$ 900 milhões o consumo nas pequenas e médias cidades - excluídas as capitais e as regiões metropolitanas.
Não há, no Brasil, nada comparável ao Interior de São Paulo. Assim como, no conjunto dos estados, os paulistas detêm a supremacia nacional em indicadores como população e poderio econômico, também quando se examinam as áreas além das capitais o seu domínio é evidente. São Paulo, cuja capital possui população superior a de todo o Rio Grande do Sul, abriga cidades que, reunidas ou não em regiões metropolitanas - caso de Campinas, com 20 municípios e população acima de 3 milhões - se aproximam e ultrapassam 1 milhão de habitantes, muitas com predomínio de faixas sociais de alto poder aquisitivo e grandes expectativas de consumo. A massa salarial de áreas resolvidas economicamente, como Jundiaí, desenvolve a economia regional e torna cada vez mais dispensável recorrer à Capital em busca de atendimento de qualidade, mesmo que a distância entre ambas seja de menos de 60 quilômetros.
A pesquisa do BCG indica que metade dos 11 milhões de pessoas que serão incorporados às classes A e B até 2020 estará no Interior do Brasil. Para atender a esse público, produtores de bens e serviço precisarão levar em consideração peculiaridades próprias. Entre elas, encontra-se a do convívio familiar mais intenso, proporcionado pela presença de todos em casa em horários de almoço e jantar, condição impensável para quem trabalha fora e vive na maioria das capitais estaduais brasileiras. Quem passa mais tempo na residência e nela faz suas refeições, usa mais eletrodomésticos e adquire mais alimentos em supermercados. Também assiste mais à televisão aberta e/ou fechada e está em constante busca de conforto doméstico, via móveis e equipamentos.
Antes exclusivas das cidades que cercam as capitais, as regiões metropolitanas, atualmente, se espalham pelo Interior do Brasil. O IBGE aponta a existência de 68 delas em território brasileiro - incluída a da Serra Gaúcha em torno de Caxias do Sul. Na prática, a condição, no Sul, está muito mais consolidada em Santa Catarina (Carbonífera, Chapecó, Contestado, Florianópolis, Extremo Oeste, Foz do Itajaí, Lages, Norte/Nordeste, Tubarão e Vale do Itajaí) e no Paraná (Umuarama, Toledo, Maringá, Curitiba, Cascavel, Campo Mourão e Apucarana), equivalendo a um desenvolvimento mais bem distribuído regionalmente, por menos dependente a uma única cidade ou região. São Paulo, por exemplo, tem, além da Capital e de Campinas, as Regiões Metropolitanas da Baixada Santista, de Sorocaba e do Vale do Paraíba e Litoral Norte.

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