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- Publicada em 03h00min, 18/12/2020.

Especialistas acreditam que taxa de c�mbio poder� oscilar menos em 2021

Vanei Nagem acredita que pandemia assustou os investidores

Vanei Nagem acredita que pandemia assustou os investidores


Terra Investimentos/Divulga��o/JC
Roberta Mello
Ao longo de 2020, as previsões feitas por analistas no final do ano anterior não se concretizaram. A taxa de câmbio real/dólar, que terminou 2019 com a moeda norte-americana valendo em torno de R$ 4,15, não acompanhou a projeção de leve baixa ao longo do ano (em R$ 4,10/US$) feita pela pesquisa Focus, do Banco Central (BC), na época.
Ao longo de 2020, as previsões feitas por analistas no final do ano anterior não se concretizaram. A taxa de câmbio real/dólar, que terminou 2019 com a moeda norte-americana valendo em torno de R$ 4,15, não acompanhou a projeção de leve baixa ao longo do ano (em R$ 4,10/US$) feita pela pesquisa Focus, do Banco Central (BC), na época.
Desde 31 de dezembro de 2019, o real perdeu 28% do seu valor perante o dólar. Assistimos à moeda brasileira consolidar-se na terceira posição do ranking de moedas que mais perderam valor frente ao dólar desde o início de 2020. Em uma lista com 121 países, o Brasil está atrás apenas da Zâmbia e da Venezuela.
O agravamento da pandemia do novo coronavírus e seus desdobramentos no País são encarados como dois dos principais agravantes para esse deslocamento entre as duas moedas nos últimos 12 meses. "O mercado de câmbio tomou um grande susto. Infelizmente a moeda se comportou muito mal em relação aos demais países emergentes, inclusive em relação àqueles com economias mais frágeis do que o Brasil", lembra o chefe da mesa de Câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem.
Para ele, o mercado entrou em choque e teve uma reação exagerada no primeiro semestre. "A pandemia assustou bastante os investidores e isso dificultou a projeção de fazer mercado", explica. Porém, em um segmento momento, passando um pouco o boom da pandemia, "a moeda começou a refrescar", ou seja, começou a cair, segundo Nagem.
Vale salientar, no entanto, que a alta do dólar foi interessante para as empresas exportadoras. Em um País - e, no caso do Rio Grande do Sul, também em um estado - tipicamente agrícola, a exportação de commodities conseguiu seguir uma trajetória ascendente e ajudou, inclusive, a segurar um pouco a alta da moeda.
Todos esses movimentos levam a acreditar que em 2021 a diferença entre as duas moedas deverá começar a diminuir. A expectativa é que a moeda brasileira consiga recuperar um pouco do valor perdido em relação à moeda norte-americana.
A projeção para a taxa de câmbio no fim de 2020 está em R$ 5,20. Para o fechamento de 2021, a estimativa é que o dólar seja equivalente a R$ 5,03, conforme o boletim Focus divulgado na segunda-feira (14) pelo BC.
O vice-presidente e coordenador do Núcleo de Economia da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Fernando Marchet, faz uma projeção ainda mais arrojada. Ele acredita que o dólar estará cotado a R$ 4,80 até o final do ano que vem, apresentando uma queda de quase 10% em relação ao atual patamar. E complementa: "a desvalorização do dólar está diretamente atrelada às reformas (principalmente tributária e administrativa) e à elevação da Taxa Selic", explicou Marchet.
Na última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros em 2% ao ano, mas já sinalizou para um aumento gradativo a partir do ano que vem. Economistas dizem que a taxa pode chegar a 4% ao ano até o fim de 2021. Olhando para este fator isoladamente já é possível cravar uma alteração na dinâmica da taxa de câmbio, já que a cotação da moeda norte-americana no Brasil segue tendência inversamente proporcional à taxa de juros.
Vanei Nagem chama atenção, ainda, para dois fenômenos bastante atípicos na movimentação da moeda estrangeira no Brasil este ano. O primeiro é a queda na movimentação de importações e no envio de remessas de lucro para o exterior.
A segunda é a extinção quase completa das movimentações de dólar turismo pelo fim das viagens ao exterior. "Não tivemos nem devemos ter esse movimento nos próximos meses. O reflexo já está expresso no curto prazo com o dólar turismo sem liquidez e previsão de retorno forte", pontua o chefe da mesa de Câmbio da Terra Investimentos.

Um ano at�pico: an�lises do mercado est�o atreladas � exist�ncia de vacinas

R�gis Chinchila recomenda aten��o na rela��o EUA x China
R�gis Chinchila recomenda aten��o na rela��o EUA x China
/Terra Investimentos/Divulga��o/JC
O final deste ano dá sinais de um 2021 bastante promissor. Porém, os analistas parecem estar com receio até mesmo de criar muitas esperanças. A maior parte das projeções ouvidas começam com a condicionante "se tivermos vacina", revelando uma percepção cada vez mais evidente de que a questão sanitária tem implicações políticas e econômicas muito relevantes.
No Brasil, esse aspecto se soma aos desafios políticos e econômicos, começando pelo Congresso que precisa destravar pautas encaradas como fundamentais, como as votações da PEC emergencial, do orçamento de 2021 e das reformas tributária e administrativa. A interlocução do governo Bolsonaro com o parlamento também está no radar.
Mesmo diante deste cenário macro tão complexo e com tantas variantes condicionais, as empresas brasileiras entregaram ótimos balanços no terceiro trimestre. Trata-se de "um ponto de virada, com atração de investidores estrangeiros no mês de novembro e boas expectativas para dezembro", salienta o analista da Terra Investimentos Régis Chinchila.
A expectativa para o final do ano de 2021 é de um Ibovespa em 130 mil pontos, com boas expectativas para empresas exportadoras e das áreas de logística, construção civil, bancos e produtores de commodities.
"Fechar o ano com o Ibovespa no zero a zero - no mesmo patamar da abertura no início do ano, é considerado uma vitória", salienta o economista e chefe da Messem Investimentos, William Teixeira. Ele complementa que o mercado tende a antecipar tendências e fechar o ano de 2020 com o Ibovespa (principal índice de ações da B3) próximo de níveis pré-pandemia é um sinal importante de um 2021 de crescimento no mercado de capitais.
No cenário internacional, a eleição do democrata Joe Biden nos Estados Unidos aponta para o fim de uma política protecionista e para uma reabertura da maior potência econômica mundial ao mercado global. Mesmo assim, será preciso acompanhar o início do seu governo. "Fica a pergunta de como será a relação entre Estados Unidos e China diante deste novo contexto. Será importante também acompanhar o movimento de recuperação da Europa", recomenda o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila.
De uma forma geral, 2020 teve um impacto muito forte nas economias globais devido à pandemia, com necessidades de altos estímulos monetários e fiscais por parte dos governos e Bancos Centrais que empurraram as taxas de juros às mínimas históricas. "Os investidores seguem atentos às questões sobre movimento nos estímulos, inflação e atividades", pontua Chinchila.
 
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