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Opinião

- Publicada em 17 de Dezembro de 2020 às 20:33

Retomada não é crescimento!

Observamos comemorações de melhoria de desempenho em vários setores da economia. Isto é bom e necessário. A Covid-19 freou fortemente o processo econômico global e, especificamente no Brasil, resultou em um cenário de disparidade talvez nunca antes visto.
Observamos comemorações de melhoria de desempenho em vários setores da economia. Isto é bom e necessário. A Covid-19 freou fortemente o processo econômico global e, especificamente no Brasil, resultou em um cenário de disparidade talvez nunca antes visto.
Setores batem recordes de desempenho, outros definham quase à morte. Este mix de recados do mercado pode, de forma ufanista, nos levar a acreditar, quando visto pela ótica dos bons desempenhos, que estamos crescendo e nos superando, mas, analisando friamente os fatos, não é verdade.
Acompanhando o desempenho setorial da economia brasileira vemos mais sinais de retomada lenta do que crescimento sustentado de fato. Recentes notícias de aumento de uso de crédito imobiliário advêm mais de redução de taxas de juros e migração de investimentos do que de aumento de demanda por moradia propriamente dita e renda extra para fazer frente ao investimento.
Temos, de fato, o início de uma “bolha imobiliária” cujo tamanho e duração em muito dependerá de ajustes de políticas tributárias e comportamento da geração de renda no País. Por outro lado, o efeito da política governamental de subsídios salariais durante a pandemia gerou uma bolha de consumo aparente importante, a qual acreditamos não ser sustentável quando da retomada plena da atividade econômica.
O consumo aparente em crescimento em alguns setores mais se dá por condições contextuais da crise e pelos instrumentos de mitigação empregados do que por mudanças efetivas de políticas. As oportunidades criadas pela retomada após o desastre que foi o segundo trimestre do ano, ensejou recuperação de margens em todas as cadeias produtivas, ajustadas estas, em custos, pelas medidas de incentivo governamentais.
Uma brisa inflacionária se aproxima a qual, associada a uma manutenção de taxas básicas de juros efetiva negativa - quando fatorada inflação em conjunto - nos leva a uma migração de disponibilidades de aplicações reativas – base CDI – para risco – mercado de ações e construção civil, primordialmente no primeiro momento – sem, de fato, criação de valor ou renda a maior. Teremos trimestres de melhoras seletivas, mas crescimento em si, efetivamente quase nulo e ainda muito segmentado.
Comemorar é preciso. Inebriarmos destas, jamais. Estamos retomando, lenta e gradualmente, com alguns expoentes reagindo mais rapidamente e outros tardiamente, mas crescer, mesmo, ainda longe.
Diretor de Estratégia de Negócios da Tarvos Partners
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