Porto Alegre, sexta-feira, 24 de agosto de 2018.
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M�quinas Agr�colas

Not�cia da edi��o impressa de 24/08/2018. Alterada em 23/08 �s 00h00min

Dados exigem redesenho dos neg�cios de m�quinas agr�colas

Grande desafio dos fabricantes �, al�m de vender equipamentos, agregar servi�os de an�lise que resultem em produtividade

Grande desafio dos fabricantes �, al�m de vender equipamentos, agregar servi�os de an�lise que resultem em produtividade


/NEW HOLLAND BANCO DE IMAGENS/DIVULGA��O/JC
Patricia Knebel
Na corrida tecnológica travada pelos fabricantes de máquinas agrícolas, os dados têm, cada vez mais, cadeira cativa. Se antes o desafio era embarcar sensores eletrônicos nos tratores e colheitadeiras para captarem informações inteligentes, o caminho agora é ajudar os produtores a usar esses milhares de dados gerados para aumentar a produtividade.
"Chegou a hora da agricultura de precisão baseada em dados. O pós-ferro é, sem dúvidas alguma, o dado", aponta o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Thiago Teixeira Santos. Ele explica que as máquinas agrícolas têm cada vez mais tecnologia embarcada. O que se vê agora é um passo adiante, com a tendência de se colocar cérebro nesses ferros, e por isso entende-se sensores de Internet das Coisas e soluções de Inteligência Artificial (IA).
"A próxima geração de equipamentos agrícolas incluirá máquinas de pequeno porte e robôs que desempenham tarefas específicas. É um maquinário que vê e toma decisão, dotado de capacidade para raciocinar com base no que é observado no campo", avalia Santos.
De fato, as máquinas cada vez mais geram dados e isso tem levado à transformação do modelo de negócios dos fabricantes. O grande desafio das empresas é deixar de vender apenas equipamentos e passar a agregar serviços de análise da gestão.
"A tendência é que estas companhias passem a ter uma área de TI robusta para dar suporte aos clientes no gerenciamento dos seus dados. É uma mudança muito grande de paradigma, e que afeta tanto o relacionamento dos fabricantes de máquinas com os seus clientes finais como com toda rede concessionária", explica o engenheiro da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil) e diretor do 10º Simpósio SAE Brasil de Máquinas Agrícolas, Daniel Zacher.
A capacidade de gerar mais dados é uma tendência forte tanto para o monitoramento da frota em função de questões de manutenção preditiva e acompanhamento da performance operacional, visando a redução do uso de combustível da produção agrícola, por exemplo. Outro viés é o de conseguir ter mais sinergia entre diferentes equipamentos.
Cada vez mais sensores apoiam a sincronização das atividades realizadas no campo, entre diferentes equipamentos agrícolas, e até mesmo ajudam a preservar as áreas plantadas. Zacher explica que em algumas culturas, como a de cana de açúcar, que é perene, é preciso evitar o tráfego das rodas dos tratores nas raízes dos brotos. "A automação libera o operador da direção do equipamento e permite que ele se foque em tomar decisões importantes para o aumento da produtividade", relata.
O especialista em Agricultura de Precisão da New Holland Agriculture, Marco Milan, afirma que as máquinas da marca têm evoluído muito no âmbito de geração de informações. "Os dados são cruciais para a tomada de decisão dos clientes", aponta. No caso da fabricante, os equipamentos disponibilizam uma série de informações na cabine de operação oriundas de sensores localizados em pontos estratégicos do produto. Os dispositivos são instalados, por exemplo, nos motores, sistema de trilha de colheitadeiras, transmissão, pressão de aplicação e vazão de pulverizadores. Assim, é possível, inclusive, interagir com o próprio ambiente, fornecendo informações de rendimento da lavoura (kg/ha) ou a população de sementes que estão sendo depositadas no solo pela plantadeira - tudo isto em tempo real.

Empresas de software apoiam gest�o

Hafemann cr� que poucos agricultores fazem uso das informa��es geradas
Hafemann cr� que poucos agricultores fazem uso das informa��es geradas
/SENIOR/DIVULGA��O/JC

Os fabricantes de m�quinas agr�colas est�o intensificando o trabalho de gest�o dos dados gerados pelos equipamentos em campo, para apoiar os produtores. Mas, eles n�o est�o sozinhos nestes mercado. Empresas de software tamb�m refor�am a oferta para o setor de agroneg�cios.

� o caso da catarinense Senior, especialista em tecnologia para gest�o, que fornece solu��es para oito das 10 maiores cooperativas agr�colas do Pa�s, al�m de diversas propriedades agr�colas. O especialista de agroneg�cios da empresa, Ana�as Hafemann, explica que hoje em dia muitos produtores adquirem equipamentos agr�colas com muita tecnologia embarcada, mas pouco uso fazem das informa��es geradas.

Dados como consumo m�dio por hora, n�vel de desgaste das pe�as e orienta��es que permitem mais produtividade est�o todas ali, no computador de bordo, mas muitas vezes n�o s�o acessadas. "Eles n�o utilizam por n�o terem uma ferramenta simples de gest�o para isso", afirma. Ele conta que a Senior tem procurado propor solu��es que simplifiquem esse uso inteligente dos dados, como no caso de um dos seus clientes que possui 36 colheitadeiras em opera��o.

"Criamos um painel simples para eles visualizarem o andamento da safra e desgaste das m�quinas. Pegamos as informa��es dos computadores de bordo na nuvem do fabricante, trazemos para a nossa plataforma e criamos pain�is de visualiza��o", relata. Um deles permite ver, na mesma tela, todas as propriedades do produtor, o que inclui cada m�quina que est� em opera��o. "A tecnologia est� come�ando a levar informa��es para o campo. O agroneg�cio � o setor que tem mais tecnologia, mas os produtores precisam conseguir usufruir isso", acrescenta.

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