Não é plano B, não substitui salário, mas pode fazer a casa parar de apenas consumir recursos e passar a gerar o próprio sustento. Filho que sai de casa, mudança na fonte de renda, espaço ocioso depois de uma reconfiguração. Os gatilhos são variados para as pessoas decidirem alugar parte de suas casas e assim obter renda para o pagamento das despesas da própria casa.
Segundo pesquisa da plataforma de compartilhamento de imóveis Airbnb, 23% dos locatários brasileiros do serviço usam a renda extra para manter a moradia, driblando despejo ou perda do imóvel. De acordo com a pesquisa, os locatários têm em média uma renda anual de R$ 5,5 mil.
Na média do País, a prevalência é dos anúncios de imóveis inteiros, com 69% para a casa toda; 28%, quarto privativo; e 3%, espaço compartilhado; com o total passando de 62 mil em 2015 para 167 mil em 2017.
O grupo de locatários que mais tem crescido, segundo o Airbnb, é o das pessoas com 60 anos ou mais, representando 12% dos anfitriões brasileiros. Aposentada desde 2006, há dois anos Marilene Cunha aluga o apartamento em que mora por períodos de 15 dias, para obter dinheiro extra para pagar condomínio e, quando possível, o plano de saúde. Quando recebe hóspedes, ela deixa o imóvel e se muda temporariamente para a casa de um dos filhos. "Pude pagar todas as contas durante alguns anos depois de aposentada, mas depois precisei de outra fonte. Não alugo sempre, mas, quando dá certo, é um bom negócio", diz.
O jornalista Tato Coutinho aluga para hóspedes uma edícula da casa em que mora desde setembro de 2016. Já foram mais de 50 locações no período. '"As despesas da casa, tirando o IPTU, são todas pagas pelo aluguel da edícula", diz. O excedente vai para reposição de roupas de cama e banho.