Guilherme Kolling
Interessada em fornecer carvão para uma megausina em Charqueadas que pode ter tecnologia japonesa e ser financiada por investidores nipônicos, a Copelmi também trabalha para viabilizar o uso do combustível fóssil gaúcho da região do Baixo Jacuí na gaseificação e produção de fertilizantes e metanol, o chamado Polo Carboquímico.
O diretor de novos negócios da mineradora gaúcha, Roberto Faria, viajou ao exterior e participou no início do mês, de duas agendas importantes para a empreitada. Primeiro, integrou-se à comitiva do governo gaúcho ao Japão no dia do roteiro ligado ao carvão, com visita à Usina de Hitachinaka, e encontros com empresas de energia japonesas.
Depois esteve na China, ao lado do secretário de Minas e Energia, Artur Lemos. O executivo da Copelmi voltou otimista sobre a possibilidade de os chineses se integrarem ao investimento no Polo Carboquímico, que já tem a empresa gaúcha, com participação minoritária, e a sul-coreana Posco, investidora de 30% no projeto. "Plantamos várias sementes nesta viagem à China. Estou otimista, pois ficou claro para nós que a gaseificação de carvão é uma solução de longo prazo para a China, que continua crescendo; e a cada dia, as tecnologias vão se aprimorando, os custos vão se reduzindo e novos produtos são comercializados", relata Faria.
O executivo observa que existe um "excesso de liquidez no mercado financeiro chinês e capital buscando bons projetos para investir". Para o empreendimento deslanchar, faltariam o arcabouço regulatório-legislativo e questões como a dolarização dos contratos para a venda de gás.
"O investidor financeiro quer entender que as condições existam antes de ele tomar a decisão. Então, ter condições ambientais, fiscais adequadas, estabelecidas em lei, dá um conforto maior de que aquilo não vai ser alterado durante a constituição do projeto, diminuindo o risco e possibilitando taxas internas de retorno mais baixas, aumentando competitividade do projeto", observou Faria.
A previsão é que o Polo Carboquímico gaúcho saia do papel até 2021. "Estamos discutindo novas indústrias que vão se instalar pelos próximos 30 anos. Desta forma, é necessário um planejamento adequado para podermos criar o melhor uso do carvão com o melhor resultado para a sociedade", aponta Faria.