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Porto Alegre, segunda-feira, 30 de janeiro de 2017. Atualizado �s 21h15.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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LITERATURA

Not�cia da edi��o impressa de 31/01/2017. Alterada em 30/01 �s 17h05min

Um pensador do Brasil: 100 anos de Antonio Callado

Jornalista, dramaturgo e romancista Antonio Callado

Jornalista, dramaturgo e romancista Antonio Callado


RAIMUNDO VALENTIM/AE/JC
O jornalista e escritor Antonio Callado, autor de obras como Quarup e Reflexo do baile, completaria na semana passada 100 anos (nasceu em 26 de janeiro de 1917, em Niterói, Rio de Janeiro, e morreu dois dias depois do seu aniversário de 80 anos, em 28 de janeiro de 1997).
O ano comemorativo do seu centenário já começou a dar frutos, com a realização de um documentário sobre sua vida e obra, Callado, Vestígios (título provisório), de Emília Silveira, em fase de montagem, e um livro de crônicas selecionadas, organizado por sua mulher, Ana Arruda Callado, que será lançado em abril pela editora Autêntica.
"O filme será uma busca dos vestígios deixados pelo escritor, para trazer até nós o seu tempo e assim podermos entender melhor os nossos dias. Reunimos fragmentos do seu pensamento, encontrado em depoimentos e entrevistas de épocas diferentes", explica a cineasta, que dirigiu dois documentários sobre a ditadura: 70 e o ainda inédito Galeria F.
Formado em Direito, Callado foi para Inglaterra, em 1941, trabalhar como redator na BBC de Londres, onde permaneceu até 1947. Ao voltar para o Brasil, ele passou a se dedicar ao jornalismo e à literatura.
Na década de 1950, escreveu o livro de reportagens Esqueleto da lagoa verde, peças de teatro e os seus dois primeiros romances, Assunção de Salviano, de 1954, e A madona de cedro, de 1957. Ao todo, foram nove romances.
Um dos mais importantes críticos literários do País, Davi Arrigucci, afirma que a obra de Callado resistiu ao tempo, tão cruel com boa parte dos escritores que fizeram do seu ofício uma maneira de interpretar o Brasil. "Os romances e os livros de reportagens de Callado contribuíram para dar uma visão da história do Brasil, de suas implicações políticas", ressalta ele, descrevendo: "Uma obra investigativa, que se assemelha aos romances policiais, e que é uma tentativa de realismo crítico muito digna e de considerável importância para a literatura brasileira."
Assim como Arrigucci, a cineasta Emília Silveira acredita que sua obra conseguiu superar o passar do tempo, principalmente em três romances - Bar Don Juan, que ela adorou, Quarup, lançado em 1967, e Reflexo do baile, que o próprio autor considerava a sua grande obra - e o livro-reportagem Esqueleto da lagoa verde.
Alguns críticos, no entanto, acreditam que um certo engajamento político na obra de Callado tenha contribuído para enfraquecê-la, mas Arrigucci não concorda com isso. "Pelo contrário, ele não usou sua obra a serviço de uma ideologia ou posição política. Ele tratou de fatos históricos e suas implicações políticas e elas não desvirtuaram a questão estética dos seus livros", afirma.
Já o homem Antonio Callado, segundo pesquisas de Emília Silveira, era discreto, educado, mas também gostava de uma vida mundana e de festas.

Cr�nicas compiladas

O País que não teve infância: as sacadas de Antonio Callado é o título do livro que a editora Autêntica prepara para abril. A publicação reúne 86 textos que refletem os últimos anos do governo militar no Brasil - todos veiculados no fim dos anos 1970 e no início dos 1980, na coluna Sacadas, da revista IstoÉ.
As crônicas do escritor não revelam apenas seu olhar pessimista para a realidade brasileira, apesar do cotidiano marcado pelo ditadura. A coletânea contempla temas que vão de religião, cultura e amigos até reforma agrária e a situação política de países como Chile, Argentina e Uruguai.
Conforme Ana Arruda Callado, viúva do autor e organizadora da obra, o livro revela duas facetas do escritor fluminense. Uma delas destaca o saudosismo de um menino criado em um casarão de família; a outra apresenta o jornalista antenado com seu tempo e com as mudanças mundiais.
 
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