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Porto Alegre, quarta-feira, 16 de novembro de 2016. Atualizado �s 18h00.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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EXPOSI��O

Not�cia da edi��o impressa de 17/11/2016. Alterada em 16/11 �s 16h45min

Exposi��o sobre as cal�adas urbanas de Porto Alegre, tem inaugura��o hoje no Margs

Calçadas - Pedras, memórias e pulsações tem inauguração hoje no Margs

Calçadas - Pedras, memórias e pulsações tem inauguração hoje no Margs


VERA CARLOTTO/DIVULGA��O/JC
Caroline da Silva
"Pés que passam num vai e vem/ Olhos que não veem/ A arte, nas pedras/ Do meio do caminho." Os versos - riscados a giz nas paredes das Salas Negras do Margs - integram uma poesia de autoria da fotógrafa Vera Carlotto, que pode traduzir um pouco do que foi seu trabalho até chegar na exposição que será inaugurada na noite de hoje, a partir das 19h. Preenchendo o ambiente de Calçadas - Pedras, memórias e pulsações, ainda há um vídeo e uma instalação sonora com a voz da artista, marcando a interpretação de todo o poema.
Falar de toda a pesquisa de Vera demanda utilizarmos números. O começo foi há cinco anos, e foram capturadas mais de três mil imagens de pedra basáltica - utilizada em abundância na pavimentação de Porto Alegre. "Desde o primeiro momento em que a pedra me escolheu para revelar a arte contida nela, neste instante que me foi permitido enxergar esse grafismo, começou um verdadeiro garimpo pela cidade. Transitei por umas 50 ruas da Capital em busca de diferentes desenhos", conta.
No entanto, a mostra é composta por 27 quadros. A fotógrafa admite que fazer essa seleção não foi fácil: "Foi intenso! Mas tive a oportunidade de discutir com alguns artistas, e o processo foi amadurecendo". Ela relata que a primeira etapa - e a mais importante, em sua percepção - foi a grande peneira: "Procurei agrupar por semelhança do grafismo e de tonalidades". Com a passagem do tempo, linhas, tons e formas surgem na superfície da pedra basáltica, devido à riqueza de material mineral que existe em sua composição, entre eles, o óxido de ferro. A forma de extração, a exposição às intempéries e a fusão dos minerais com outros elementos da natureza produzem verdadeiros desenhos.
Nas buscas de Vera, o grafismo revelado pela natureza ganhou novos caminhos. Por isso, a exposição Calçadas - Pedras, memórias e pulsações não é somente um trabalho estético. A artista trabalhou com três temas: Natureza, Rupestre e Curvas. As imagens representam camadas de rastros, respirações, pulsações, memórias, cores, linhas e formas, traduzindo em arte a rigidez das rochas e instigando o observador a decifrá-las. "Num segundo momento, o meu imaginário começou a trazer referências que me remetiam à arte rupestre, ao abstracionismo e a paisagens bucólicas dos grandes artistas chineses como Wang Wei, Ma Yuan, Dong Qichang, entre outros. A partir daí, desenhou-se a narrativa", explica.
A poética - via fotografia - de Vera a permitiu redescobrir Porto Alegre: "Ela passou a ter uma relevância muito grande na minha arte. É onde estão as minhas raízes. Apesar de suas mazelas, eu amo a estética desta cidade. É desafiador viver cotidianamente o mesmo espaço e revelar a poesia escondida neste universo".
Em seu trabalho, a artista visual foge da estética do instantâneo, construindo imagens lentas e interferindo no ato fotográfico, seja por meios eletrônicos ou não. Nascida na Capital, em 1962, Vera Carlotto é formada em Fotografia pela ESPM e morou em Londres nos anos 1990, onde se dedicou à escultura e estudou na Richmond Adult & Community College. Em 2012, realizou a individual Port0nírico, uma homenagem aos 240 anos de Porto Alegre. A imagem Mercado fez parte da exposição coletiva da Chico Lisboa 20X20 e outros formatos, na galeria Bolsa de Arte. Agora, Aridez e Silence estão expostas na Mosaicografia, grande coletiva que pode ser vista no Largo Glênio Peres até domingo.
A autora destaca que sempre pensou a fotografia como arte e que, a partir de 2008, esse pensamento artístico se intensificou em sua produção. "Sou muito inquieta, tenho uma necessidade imensa do saber e a pesquisa é fundamental no desenvolvimento do meu processo de trabalho", completa ela, que atualmente ministra aulas na Escola Câmera Viajante, oficinas de fotografia na Aamargs e presta assessoria a novos fotógrafos.
O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli - Margs (Praça da Alfândega, s/nº) abriga Calçadas - Pedras, memórias e pulsações em suas Salas Negras até 15 de janeiro de 2017, com entrada franca. A visitação começa amanhã, com horário de terças-feiras a domingos, das 10h às 19h.
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