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Publicada em 10 de Março de 2017 às 16:57

Iniciativas e obstáculos do governo no incentivo ao consumo

Vitor Augusto Koch - Marcas de Quem Decide

Vitor Augusto Koch - Marcas de Quem Decide

JOÃO ALVES/DIVULGAÇÃO/JC
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Vitor Augusto Koch, presidente da FCDL-RS
Vitor Augusto Koch, presidente da FCDL-RS
O consumo brasileiro e gaúcho, no fechamento de 2016, voltou aos patamares de seis anos antes. Outra medida da gravidade da situação: as vendas varejistas anualizadas no Rio Grande do Sul recuaram 23,11% diante de seu apogeu em maio de 2014.
Esta é uma situação possivelmente inédita em nosso País. Talvez só seja comparável com o que aconteceu na crise de 1929.
Somos vítimas do efeito de políticas públicas mal elaboradas e sem sustentação: a alta dos juros e dos impostos foi simplesmente para cobrir despesas públicas crescentes e de má qualidade, incluindo aí a corrupção.
Parece óbvio que a solução do impasse do consumo está simplesmente em reorganizar de modo eficaz o setor público e, assim, destravar a iniciativa privada com menos tributos, juros mais justos e confiança no futuro.
Alguns movimentos foram feitos efetivamente neste sentido, mas ainda sem a força necessária para fazer a diferença. Mesmo a queda da SELIC em 0,75 pontos percentual, apesar de mostrar um pouco mais de coragem dos formuladores de política monetária, ainda não gerou efeitos no consumo, ainda mais que, com a queda da inflação, os juros reais se mantiveram praticamente nos mesmos patamares de 2016.
A recente retomada da valorização do Real - por força, em especial de intervenções do Banco Central - está mais uma vez frustrando a retomada das exportações gaúchas que estavam reagindo no ano passado, gerando milhares de empregos e que, agora, está sob risco de minguar novamente. Igualmente, o aumento do tempo de experiência nas contratações, anunciado com destaque há algum tempo e que poderia colaborar na melhoria da empregabilidade, ainda não saiu do campo das intenções.
Os consumidores e os empresários brasileiros precisam urgentemente de medidas mais contundentes do governo federal para o revigoramento do mercado.
Ressalta-se que esta necessidade não está relacionada a uma relação de dependência das relações privadas diante do estado. A realidade é que o aumento das pressões tributárias e de juros chegou a patamares tão exagerados, que o desatamento do nó em questão obrigatoriamente envolve o alívio do "torniquete" econômico criado pelos gestores públicos ao longo dos últimos anos.
Em síntese, para voltar a funcionar bem, o comércio necessita de crédito a juros realistas, consumidores adimplentes gerando renda e segurança pública.
Temos excelentes elementos materiais para imaginar o Brasil e o Rio Grande do Sul retomando o caminho da prosperidade nos próximos meses. Para que isto se concretize, é necessário implantar modelos de gestão no setor público que liquidem com a ineficiência e a corrupção.
Seria redundância de nossa parte prescrever as providências para concretizar tais necessidades. Se os políticos brasileiros são incapazes de fazer pelo menos isto, por favor, que cedam seu lugar para outros mais capazes ou pelo menos aprendam com o resto do mundo - excetuando-se alguns vizinhos da América Latina - como é que se faz.

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