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Publicada em 11 de Novembro de 2025 às 15:51

Jorge Gerdau diz que sobrevivência da indústria passa por inovação e tecnologia

Empresário Jorge Gerdau Johannpeter concedeu entrevista ao Jornal do Comércio durante o evento Mapa Econômico do RS em Porto Alegre

Empresário Jorge Gerdau Johannpeter concedeu entrevista ao Jornal do Comércio durante o evento Mapa Econômico do RS em Porto Alegre

TÂNIA MEINERZ/JC
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Ana Stobbe
Ana Stobbe Repórter
O evento de encerramento da terceira temporada do Mapa Econômico do RS, realizado no Centro de Convenções da Fiergs, no dia 6 de novembro, reuniu mais de 200 lideranças empresariais e políticas, que apontaram caminhos ao desenvolvimento gaúcho. Entre elas, estava Jorge Gerdau Johannpeter, 88 anos, considerado uma referência para industriais e empresários.
O evento de encerramento da terceira temporada do Mapa Econômico do RS, realizado no Centro de Convenções da Fiergs, no dia 6 de novembro, reuniu mais de 200 lideranças empresariais e políticas, que apontaram caminhos ao desenvolvimento gaúcho. Entre elas, estava Jorge Gerdau Johannpeter, 88 anos, considerado uma referência para industriais e empresários.
Integrante da família à frente da maior empresa brasileira produtora de aço, Gerdau também atua como presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo. Informalmente, é conselheiro de empreendedores e dirigentes de instituições — incluindo o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Claudio Bier, que chamou Gerdau de "meu guru" durante seu discurso no Mapa Econômico do RS.
Nesta entrevista exclusiva, concedida no evento realizado pelo Jornal do Comércio, Gerdau analisa o futuro da indústria e as principais tendências de desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Aponta a irrigação como um tema prioritário para o Estado, além do investimento em educação para melhor formação de profissionais.
Jornal do Comércio — A tecnologia e a inovação são temas que estão em alta nas cadeias produtivas da Região Metropolitana de Porto Alegre. Acredita que esse é o caminho a ser trilhado pelas indústrias?
Gerdau — O caminho para o desenvolvimento hoje passa cada vez mais pelo acompanhamento da evolução tecnológica. Então, diria que, atualmente, quem não estiver ajustado para acompanhar a tecnologia tende a desaparecer. Por isso, é fator decisivo de competitividade e sobrevivência, principalmente no quadro global e mundial.
JC — O Mapa Econômico do RS tem demonstrado uma dificuldade em diversos setores na obtenção de mão de obra para vagas formais. Como avalia essa questão?
Gerdau — O Brasil, nos últimos anos, entrou num nível de crescimento populacional que nos fará perder população. Não estamos conseguindo atingir o patamar de dois filhos por casal que nos faria manter o mesmo nível (demográfico). E isso é uma tendência quase global. A solução para enfrentar essa realidade é a tecnologia. Tem que conseguir fazer esse processo de desenvolvimento com uma dependência menor de mão de obra.
JC — E em relação à qualificação da mão de obra, tem observado algum desafio?
Gerdau — Esse é o maior problema que o Brasil tem. Não estamos conseguindo nenhuma alfabetização satisfatória. E, enquanto o mundo está entrando em patamares (elevados) de tecnologia, ainda temos deficiências básicas na educação básica. Estamos num atraso desse processo de gerenciamento do ensino básico para podermos, em cima disso, continuar a crescer nas tecnologias mais evoluídas e sofisticadas.
JC — Quais são as principais oportunidades e os principais desafios para o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul?
Gerdau — É extremamente importante o trabalho conjunto para poder ter propósitos claros e definidos. Tem vários temas complexos, mas diria que o maior desafio está relacionado com irrigação. Mas, é justamente por isso, que a união e o debate são necessários para poder encontrar tecnologicamente os caminhos.
JC — O que deve ser feito para mitigar esses eventos climáticos extremos?
Gerdau — Esse tema não está suficientemente elaborado e estudado ainda. Mas um estado como o Rio Grande do Sul precisa trabalhar fortemente sobre o problema de proteção (contra cheias) e, ao mesmo tempo, de tecnologia de irrigação. O futuro vai ter que ser construído em cima desse investimento e desse saber.
JC — Qual é a principal perspectiva da Gerdau para os próximos anos?
Gerdau — Como trabalhamos, essencialmente, o setor de aço, dependemos do crescimento global. E o crescimento global da economia está atendendo ao da população. Então, nessas últimas dezenas de anos, estamos com o crescimento per capita estagnado. Esse tema tem que ser debatido, porque o índice de poupança para crescer só se consegue se houver melhoria de produtividade e tecnologia.

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