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Publicada em 25 de Julho de 2025 às 19:48

Indústrias de Santa Cruz do Sul impulsionam economia do Vale do Rio Pardo

Mercur, em Santa Cruz do Sul, tem contribuído com a agricultura familiar e em ações educativas

Mercur, em Santa Cruz do Sul, tem contribuído com a agricultura familiar e em ações educativas

Mercur/Divulgação/JC
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Ana Stobbe
Ana Stobbe Repórter
Embora o Vale do Rio Pardo seja relembrado frequentemente pela indústria fumageira, outros segmentos se destacam. Principalmente, na sua principal cidade, Santa Cruz do Sul, onde duas grandes fábricas estão instaladas: a Mercur, especializada em artefatos ortopédicos e de borracha, e a Xalingo, produtora de brinquedos. Ambas contribuem, à sua maneira, para fomentar a economia local.
Embora o Vale do Rio Pardo seja relembrado frequentemente pela indústria fumageira, outros segmentos se destacam. Principalmente, na sua principal cidade, Santa Cruz do Sul, onde duas grandes fábricas estão instaladas: a Mercur, especializada em artefatos ortopédicos e de borracha, e a Xalingo, produtora de brinquedos. Ambas contribuem, à sua maneira, para fomentar a economia local.
Centenária, a Mercur vem se reinventando constantemente e buscando ações cada vez maiores para impactar na vida da região. Uma dessas iniciativas pode ser vista no dia a dia do refeitório dos funcionários, cujos produtos são adquiridos junto aos produtores locais. Em 2024, 14,5 toneladas de alimentos foram compradas para alimentar os mais de 600 funcionários da empresa, gerando uma renda de R$ 104.823,85.
"A Mercur tem um compromisso com a valorização da vida e isso se reflete também na alimentação oferecida no refeitório da empresa. Desde 2013, as refeições são preparadas com alimentos orgânicos fornecidos pela Ao Ponto, em parceria com agricultores locais da região de Santa Cruz do Sul. Para garantir essa alimentação mais saudável e sustentável, a empresa opta por pagar um valor maior por refeição, fortalecendo a agricultura familiar e incentivando práticas que cuidam do meio ambiente", destaca a CEO da indústria, Fabiane Lamaison.
Outras iniciativas dão conta de gerar impacto na sociedade. "A empresa também é uma das mantenedoras do Projeto Pescar, que oferece formação profissionalizante a jovens em situação de vulnerabilidade. Em 2024, a 15ª turma foi formada com apoio da Mercur, que destinou mais de R$ 189 mil ao programa, entre salários e benefícios para os 15 estudantes participantes", acrescenta, orgulhosa, Fabiane.
Enquanto isso, a Xalingo também tem apostado na educação, incentivando a inserção de novos profissionais no mercado de trabalho. "Temos atuado, principalmente, nas escolas profissionalizantes que tem desenvolvimento de madeira, já que a empresa nasceu dos brinquedos de madeira", ressalta o CEO Rodrigo Ebert.
Nesse cenário, o apoio está sendo realizado através de um reaproveitamento da matéria-prima residual da indústria e contribui para uma economia circular. "Fazemos doação da sucata de madeira que sobra do nosso processo e eles usam nas aulas. Principalmente, nos cursos profissionalizantes de marcenaria e isso se reverte no aprendizado. Além disso, eles acabam vendendo esses artefatos e fomentando esse tipo de produção local", acrescenta Ebert.
Por outro lado, a empresa tem contribuído na geração de empregos da região — assim como a Mercur. "Santa Cruz do Sul é muito favorável para o emprego e para o desenvolvimento, temos até dificuldade em encontrar mão de obra. Mas temos pessoas que ficam muitos anos na empresa e, às vezes, contratamos por safra. Aí tem pessoas que fazem a safra do fumo na indústria fumageira e depois voltam com a gente para a safra do brinquedo. Temos uma economia que gira bem na região", projeta o CEO.
Santa Cruz do Sul possui um importante desempenho não apenas no Vale do Rio Pardo, mas, também, em toda a macrorregião analisada neste capítulo do Mapa Econômico do RS. A cidade é a segunda maior em estoque de empregos entre os municípios analisados, com 51.698 vagas registradas em abril de 2025 de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e o Departamento de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (DEE/RS). Os postos de trabalho, aliás, cresceram 5% em relação ao mesmo mês do ano anterior. 
A cidade se destaca até mesmo no Produto Interno Bruto (PIB). Os dados mais recentes do DEE/RS, de 2021, a colocam como a com o maior índice da região aqui analisada — com um valor mais alto do que o de Santa Maria, a mais populosa. No ranking estadual, o município figura com o 11º maior PIB e já chegou a estar entre as cinco principais economias gaúchas. 
Muito disso se dá em virtude da vocação industrial: Santa Cruz do Sul possui o 13º maior Valor Agregado Bruto Industrial (VAB Industrial) do Estado, representando 1,71% do total gaúcho, 52,26% do total do Vale do Rio Pardo e 16,2% do total das regiões dos Vales, Central e Jacuí Centro. As indústrias representam, sozinhas, 21,11% do PIB da cidade.
Ao todo, o município conta com 428 indústrias instaladas, de acordo com os dados mais recentes do Relação Anual de Informações Sociais de 2023 (Rais 2023), produzido pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Nesse contexto, os planos da empresa são, justamente, voltados a intensificar os trabalhos na região. Embora tenha iniciado um projeto em São Paulo, a Xalingo decidiu que permanecerá em Santa Cruz do Sul. "É mais fácil conseguirmos produzir com uma maior performance no Rio Grande do Sul do que lá", explicou o executivo. Entre os fatores pontuados por ele para a preferência pela região está a proximidade com produtores de madeira. 
Ações sustentáveis também contribuem para a qualidade de vida local. Enquanto a Xalingo evita a poluição e reaproveita a madeira utilizada — que já é adquirida de reflorestamento —, a Mercur busca compensar as emissões de carbono.

Inovação e nostalgia são apostas nos lançamentos das empresas

Há quase sete décadas, diversas gerações brincaram empilhando blocos de madeira criativamente para formar construções com o tradicional Brincando de Engenheiro. O produto, bastante conhecido em todo o País, foi criado em 1956 por Norma Laura Baumhardt Minatto, avó do atual CEO da Xalingo. Apostando na nostalgia, a empresa formulou para 2025 novas 12 versões do brinquedo.
Entre as repaginações do original, estão as versões carro e trem do Brincando de Engenheiro. Outras novidades são um livro com cenário magnético que traz historinhas interativas e um jogo de xadrez, que estimulam a criatividade e o raciocínio. Edições temáticas também contribuem para o mix de produtos, com versões do brinquedo relativas a Nova York, ao Natal e ao Halloween.
"O brinquedo, principalmente o de madeira, tem muito a ver com o desenvolvimento motor e tátil da criança. Temos consciência de que, por mais que o digital entre a partir de uma certa idade, nada vai substituir o físico, porque a criança precisa desenvolver a psicomotricidade. O que muda é a roupagem, mas o estímulo que a criança precisa é o mesmo", avalia Harsteln.
Livro magnético do Brincando de Engenheiro é uma das novidades da Xalingo para 2025 | Xalingo/Divulgação/JC
Livro magnético do Brincando de Engenheiro é uma das novidades da Xalingo para 2025 Xalingo/Divulgação/JC
A Xalingo também tem apostado na produção de brinquedos específicos para crianças com necessidades especiais, como transtorno do espectro autista (TEA) e déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). "Fazemos esse trabalho em parceria com pedagogos. Validamos e trocamos os jogos com eles e queremos ampliar essa parceria", acrescenta o CEO.
A Mercur, por sua vez, tem apostado na inovação. Dentro dessa estratégia, criou uma categoria de negócios chamada Distribuição Exclusiva, voltada à oferta de tecnologias internacionais no setor da saúde. "O objetivo é qualificar o atendimento às demandas de reabilitação e acessibilidade no Brasil, conectando soluções consolidadas no mercado global às necessidades reais de profissionais da saúde e pessoas usuárias no País", explica Fabiane.
Assim, a Mercur firmou contratos de exclusividade para distribuição de duas marcas de referência mundial: a Bort, da Alemanha, especializada em órteses ortopédicas, e a Allard, da Suécia, líder mundial em órteses de carbono para membros inferiores. "Isso representa um salto em qualidade e inovação, com a oferta de produtos de alta performance voltados à recuperação funcional e ao cuidado com a mobilidade", acrescenta a CEO.
A empresa ainda tem atuado fortemente em uma nacionalização da produção. Por isso, ambas as marcas também tem atuado junto à indústria santa-cruzense para a cocriação de produtos voltados à realidade brasileira. Nesse aspecto, já foi criada a Linha Apoio, com muletas e bengalas cocriadas com pessoas usuárias.
Em união com a startup pernambucana Neurobots, especializada em neuroengenharia, também foi criado em 2024 o Eleva Mercur, um aparelho de reabilitação motora para pacientes com dificuldade de marcha que Fabiane classifica como o produto mais tecnológico entre os mais de 1.100 presentes no portfólio da empresa.
"O recurso é um neuroestimulador portátil, voltado ao treinamento e à melhoria da marcha de pessoas com sequelas neurológicas, como a síndrome do pé caído. Ele funciona por meio de estimulação elétrica funcional, ajudando o paciente a recuperar movimentos durante a caminhada, com mais segurança e autonomia", explica a executiva.

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